Há pouco tempo escrevi a análise do live action de Bleach para este mesmo site, e nela encontrei uma brecha para criticar franquias que apesar da má qualidade, persistem no erro graças as suas bilheterias. Logo após isso procurei pesquisar outras franquias longas que sobreviviam pelo mesmo motivo, o que me levou a encontrar a franquia cinematográfica de James DeMonaco. Após ler um pouco sobre os filmes que a compõem e a premissa da mesma, fiquei interessado em assistir todos os filmes para poder tirar minhas próprias conclusões. E é sobre essas conclusões que comentarei agora…
Essa analise acabou se tornando mais completa do que eu esperava e então decidi trazê-la aqui para o NoSet com o objetivo de mostrar para você, leitor, que ainda pode haver esperança para as franquia supervalorizadas pelo público. Destaco que para que esta esperança se torne realidade, basta que os envolvidos na produção desses filmes aprendam com os erros e não os cometam nas sequências.
Uma das principais coisas que me fez interessar pela franquia era a sua premissa que abria espaço para a discussão de temas considerados tabus por alguns membros da sociedade, mas que deveriam ser discutidos não só pela reflexão filosófica, mas sim por ditarem a vida de cada cidadão. O problema é que os primeiros filmes só conseguem desenvolvê-la em partes, o chamado expurgo anual – data em que durante doze horas qualquer pessoa pode cometer quaisquer crimes e não será punida -, apesar que desde os momentos iniciais do primeiro filme fica nítido que a data fora criada para o extermínio de minorias da sociedade. Infelizmente a obra decide deixar essa premissa de lado e focar apenas na violência que, gostemos ou não, é o que gerou e ainda gera bilheteria.
Mas como dito anteriormente se este texto está publicado é porque algo diferente do comum ocorreu em alguma parte da franquia. O que acontece aqui é o que podemos chamar de redenção, apesar de demorar algumas horas de projeção até chegarmos ao filme que encerra a narrativa . O que vemos é uma obra que trabalha a premissa original de maneira completa sem precisar excluir a violência que é o atrativo principal para o público; ao contrário, 12 Horas para Sobreviver se vale da violência (antes apenas um ponto “apelativo” em busca de público), para evidenciar a realidade vivida pelas minorias que eram o alvo da tal data onde matar seria uma “válvula de escape”.
Outro ponto forte deste filme são as personagens que, se nos outros serviam de exemplo para potencial desperdiçado e personagens descolocados, aqui se encaixam perfeitamente na trama e acabam sendo desenvolvidos ao mesmo tempo que fazem paralelo com a realidade.
Mas se existe uma personagem que deve ser destacada, esta acaba sendo a protagonista da trama. Trata-se de uma Senadora (Elizabeth Mitchell) que já fez parte das minorias prejudicadas e teve toda a sua família assassinada durante uma das noites de expurgo. Poder acompanhar o desenvolvimento da personagem acaba sendo gratificante graças a maneira como ela é retratada pelo roteiro. Desde o início do filme ela é apresentada como uma mulher forte e com ideologia própria, capaz de inspirar as pessoas ao redor dela, o que a difere de outras personagens já apresentadas na franquia; isso faz com que o espectador se afeiçoe a ela.
Em conclusão, 12 Horas para Sobreviver: o ano da eleição é a prova cinematográfica de que é possível que franquias – antes superestimadas e com qualidade duvidosa – podem alcançar a sua redenção se aprenderem com seus erros, evitando cometê-los novamente, ao mesmo tempo que é uma obra narrativamente completa e capaz de fazer com que o espectador se afeiçoe aos seus personagens.
O elenco do filme é composto por Frank Grillo, Terry Serpico, Liza Colón-Zayas, Kyle Secor, Joseph Paolo, Joseph Julian Soria, Betty Gabriel, Edwin Hodge, Elizabeth Mitchell e Mykelti Williamson.