Trilha Sonora de ‘A Luneta do Tempo’ concorre ao Prêmio da Música Brasileira

Na categoria Álbum Projeto Especial, Alceu Valença concorre com a trilha sonora de ‘A Luneta do Tempo’, filme lançado em 2016 pela Tucuman/Fênix Filmes. Entre as canções regionais que compõem a trilha podemos destacar: ‘Boato’ e ‘Duelo’. Com cerimônia marcada para 19 de julho (quarta-feira, 21h), a 28º Edição do Prêmio da Música Brasileira que este ano homenageia Ney Matogrosso, será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Severo Brilhante (Evair Bahia), o temido braço direito do bando de Lampião (Irandhir Santos, o Fraga de Tropa de Elite 2) e Maria Bonita (Hermila Guedes – a Elis Regina em Por Toda a Minha Vida), vive em permanente confronto com as volantes comandadas por Antero Tenente pelas caatingas do nordeste. A mulher do tenente, a fogosa Dona Dodô (Ana Claudia Wanguestel) mantém um relacionamento extraconjugal com o circense argelino Nagib Mazola (Ceceu Valença), enquanto o marido se ocupa de perseguir os cangaceiros nas imediações de São Bento. Depois de uma batalha sangrenta, Nair (Khrystall), a mulher de Severo Brilhante, decide abandonar o cangaço e seguir junto com o circo. Nagib Mazola logo conquista a cangaceira e dessa união nasce um menino.

Ao mesmo tempo em que Nair dá à luz, nasce também o bebê de Dona Dodô. Embora ele seja criado como filho de Antero, a cidade inteira sabe que o verdadeiro pai da criança é o sedutor Mazola. Trinta anos se passam até que os jovens Antero (Charles Theony) e Severo (Ari de Arimateia) se encontram na cidade. Enquanto Antero torna-se um policial tão implacável quanto seu suposto pai, o sanfoneiro Severo sonha tornar-se o novo Luiz Gonzaga. O conflito é acompanhado pelo desocupado Mateus Encrenqueiro (Helder Vasconcelos) e pelo poeta Severino Castilho (Tito Lívio). Contestador, iconoclasta e boêmio, Severino escreve um cordel sobre o improvável encontro de Maria Bonita e Lampião no paraíso, ao mesmo tempo em que ataca a igreja e propõe soluções para o povo do nordeste.

Após o regresso do circo, liderado pelo velho Mazola (Roberto Lessa), o confronto entre os irmãos se estabelece em pleno picadeiro. Um duelo repleto de magia e música, humor e tragédia, verdades e lendas, capitaneado pelo palhaço Véio Quiabo, interpretado por Alceu Valença. Espectadores e atores não sabem ao certo se sangue, teatro e cangaço são reais ou imaginários. Nos versos do cordel, Lampião avisa: “Pela luneta do tempo, eu serei ressuscitado”. Em algum lugar do paraíso, Virgulino e Maria Bonita celebram a vida.

Sobre o diretor Alceu Valença

Nascido em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, em 1946, Alceu Valença cresceu com os elementos vivos que ajudaram a consolidar a cultura nordestina contemporânea. Pelo canto dos aboiadores, emboladores, violeiros e cantadores de feira; pelas toadas, baiões, xotes e rojões, cantigas de cego e tocadores de sanfona de oito baixos; pelos poetas de cordel, versejadores populares e artistas de circo, entre outras manifestações que conhecera desde o berço, Alceu assimilou a cultura e a música do agreste e do sertão a partir de suas raízes.

Na adolescência, em Recife, viu descortinar-se à sua frente a cultura da Zona da Mata, dos canaviais e do litoral. Conheceu os blocos de frevo, os grupos de maracatu e ciranda; assimilou a poesia urbana e contemporânea, o cinema de autor, adquiriu o gosto pela política e as questões sociais, formou-se em Direito e assumiu-se como artista.

Nos anos 70, ficou conhecido em todo o Brasil ao mostrar uma música insinuante e perturbadora, repleta de metáforas e referências nordestinas. Sua “Vou Danado para Catende” utilizava guitarras pesadas como chumbo sobre a poética lírica com alguns versos emprestados pelo poeta pernambucano Ascenso Ferreira. Ao participar, em rede nacional, do festival Abertura, da TV Globo, Alceu reafirmava a pungente grandeza musical e poética de um nordeste antenado, angustiado e, à época, absolutamente contracultural.

O sucesso para o grande público chega à década de 1980. Depois de uma temporada em Paris, regada a músicas de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, e a um mergulho nos textos antropológicos de Gilberto Freyre, Alceu se recria como artista e formata o estilo que o consagraria como um dos maiores poetas, cantores e compositores do país. Músicas como “Coração Bobo”, “Anunciação”, “Tropicana”, “Belle du Jour”, “Táxi Lunar”, “Pelas Ruas Que Andei”, “Cabelo no Pente”, “Solidão”, “Como Dois Animais”, “Na Primeira Manhã”, “Estação da Luz”, “Embolada do Tempo”, entre muitas outras, o conduzem aos primeiros lugares das paradas de sucesso e reafirmam seu compromisso com a identidade cultural nordestina.

Aos 40 anos de carreira (a partir do primeiro LP solo, “Molhado de Suor”, de 1974), com mais de 35 discos lançados, Alceu Valença continua a se reinventar. Em 2016, lançou seu primeiro filme de longa-metragem, “A Luneta do Tempo” – com forte temática nordestina, do cordel ao cangaço, do forró ao circo – onde atuou também como roteirista, montador e ator, além de escrever todas as canções.

Elenco

Lampião  – Irandhir Santos

Maria Bonita  – Hermila Guedes

Severo Brilhante  – Evair Bahia

Dona Dodô  – Ana Claudia Wanguestel

Nagib Mazola – Ceceu Valença

Nair  – Khrystal

Antero – Charles Theony 

Severo – Ari de Arimateia

Mateus Encrenqueiro – Helder Vasconcelos 

Severino Castilho  – Tito Lívio

Velho Mazola  – Roberto Lessa

Véio Quiabo – Alceu Valença

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