Tema uma vida não vivida – “Vivendo a Eternidade”

Os mistérios da vida e a vontade de sempre viver mais alguns anos, quem sabe uma eternidade, já fez muitos imaginarem essa vida eterna, muitas histórias, com muitas alegorias já foram criadas. Mas ouso dizer que uma das mais francas e delicadas é a retratada no filme “Vivendo a Eternidade” (“Tuck Everlasting”), produção de 2002, dirigida por Jay Russell, com roteiro de Jeffrey Lieber e James V. Hart, adaptado do livro de Natalie Babbit.

Não sei se posso dizer que é um clássico, porque pouco se fala desse filme, mas já passou algumas vezes em TV aberta e é estrelado por Alexis Bledel quando ela já estava em alta por “Gilmore Girls”. De toda forma, está disponível na Disney+ para ser apreciado a hora que quiser. Winnie Foster é a filha de uma família tradicional do interior dos EUA, no começo do século XX, com uma mãe dominadora, que não a deixava ser uma criança/adolescente normal, ela vivia sozinha e rodeada de regras.

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Na floresta que rodeava a casa dos Foster tinha um segredo, uma família que se escondia ali há décadas, sem serem percebidos, os Tuck. Eles não ofereciam nenhum perigo real, poucos sequer lembravam que eles estavam ali, o que era bom, porque eles guardavam um segredo: eram imortais.

O pai, Angus, a mãe, Mae, e os dois filhos, Jesse e Miles, beberam água do tronco de uma árvore no meio dessa floresta, a partir daí perceberam que nem envelheciam nem eram alvo da morte, já tendo passado por alguns eventos naturais que poderiam ter findado a vida de cada um.

O que parecia ser bom passou a ser um calvário décadas depois, quando Miles se apaixona, se casa e constitui família, mas sua esposa não entende nem apoia essa “loucura”, acusando os Tuck de várias coisas, principalmente de bruxaria. Miles vi sua família se afastar e morrerem ao longo dos anos, o que o tornou amargurado, mas nunca abandonou os pais e o irmão.

Para despistar os locais e poderem “aproveitar” um pouco desse poder deles, Miles e Jesse passam a vida viajando o mundo, explorando cada espacinho dele, voltando para cada a cada 10 anos.

Uma volta dessas fez o caminho de Jesse cruzar com o de Winnie, quando ela foge de casa, depois de uma discussão com a mãe. Ela o ver beber a água da tal árvore mágica, Miles acha que ela pode acabar com o segredo e decidem a manter com eles. O que parecia um sequestro foi um tempo de felicidade para Winnie, conhecer uma vida que nunca foi de seu alcance.

Ela só descobre sobre o segredo depois, quando se aproxima ainda mais de Jesse e ele, apaixonado, propõe para que ela beba da água também. Ninguém a proibiu de beber, mas o pai de Jesse a aconselhou da seguinte forma: Não tenha medo da morte, Winnie, tenha medo de uma vida não vivida.

Enquanto Winnie tinha essa experiência, os pais dela estavam montando equipes de busca por ela, tendo o apoio de um misterioso senhor de terno amarelo, com quem a garota havia conversado dias antes. Esse senhor estava seguindo Miles e Jesse desde a última viagem deles, ele havia ouvido falar dos Tuck décadas antes, provavelmente por causa da falecida esposa de Miles, e daria tudo para encontrar a fonte da eternidade e ganhar sobre isso.

O senhor do terno amarelo diz que vai ajudar o pai de Winnie a resgatar a jovem, porque isso unia com o objetivo pessoal dele, mas tudo que ele consegue é ser atingido por Mae quando ameaça a vida de Winnie.

A família Foster se reúne novamente, o segredo dos Tuck é ameaçado, mas a própria Winnie os ajuda a fugir, mesmo sabendo que isso poderia a afastar de Jesse para sempre.

Essa não é uma história de romance tradicional, spoiler alert, Jesse e Winnie não vivem o romance, ela não bebe da água, ela não vive para sempre. Mas essa não é uma história triste, décadas depois, em 1999, Jesse volta àquela cidade, ver o túmulo de Winnie e descobrimos que ela viveu por 100 anos.

No final ela aprendeu a lidar com a vida, com a família, com seus objetivos e viveu uma vida humana quase eterna, aquela experiência com os Tuck com certeza a ajudou a ter tudo isso.

Falo que essa é uma das histórias mais francas sobre vida eterna justamente por causa desse final. Finalizar essa história com clichê teria sido lindo, o casal principal é daqueles de contos de fadas, mas isso tiraria o argumento dado por Angus Tuck lá no começo, o que faria do filme mais do mesmo.

O fato de a mocinha/heroína ter escolhido outro destino para si, mesmo não vivendo o romance que havia sido proposto, fez com que a história se destacasse nesse mar de romances infanto-juvenis dos anos de 1990 e início dos anos 2000.

Outra coisa que se destacou foi um elenco cheio de nomes conhecidos, mas sem destacar ninguém além do necessário.

A principal é Alexis Bledel, como já comentei no início, que já destacava como Rory Gilmore, de “Gilmore Girls”, abrindo espaço para outras propostas, ao lado de nomes como:

– William Hurt, conhecido por filmes como “Perdidos no Espaço” (1998) e “A Vila”, como o pai dos Tuck, Angus;

– Sissy Spacek, conhecida por ser a própria “Carrie, a Estranha” (1976), como a Mae Tuck;

– Victor Garber, famoso por filmes como “Legalmente Loira” e “Titanic”, como o pai de Winnie, Robert Foster;

– Amy Irving, também conhecida por “Carrie, a Estranha” (1976), como a mãe de Winnie;

– Ben Kingsley, famoso por filmes como “A Lista de Schindler”, “Gandhi” (filme que lhe rendeu seu Oscar de Melhor Ator do ano de 1983) e “Príncipe da Pércia”, como o misterioso homem de terno amarelo, um personagem marcante, mas sem nome;

Os dois menos conhecidos do elenco são os irmãos Jesse e Miles Tuck. Jesse foi interpretado por Jonathan Jackson, que depois chegou a fazer filmes e séries como “Dirty Dancing: Noites de Havana”, “Venom” e “General Hospital”. Miles foi vivido por Scott Bairstow, que era conhecido na época pela série “O Quinteto”.

Até mais!

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