Tal Mãe, Tal Filha: Um Conteúdo Familiar Disfuncional

Uma moto cor-de-rosa repleta de adesivos ao som de rock cruza as ruas de Paris enquanto isso uma mulher tem os braços ocupados com as compras pesadas e luta para abrir a porta . Aparentemente será uma comédia familiar sobre relacionamentos entre pais e filhos. Nesse caso, o conflito será entre o pai rigoroso e o adolescente rebelde. Errado.

Sinopse: Inseparáveis, Avril (Camille Cottin) e sua mãe, Mado (Juliette Binoche), não podem ser mais diferentes uma da outra. Avril, 30 anos, é casada, tem um emprego fixo e é organizada, ao contrário de sua mãe, eterna adolescente irresponsável e petulante, que vive à custa de sua filha desde o seu divórcio. Mas quando as duas mulheres se veem grávidas ao mesmo tempo e sob o mesmo teto, o choque é inevitável. Mado está em plena crise de juventude e não está pronta para ser avó e Avril, por sua vez, tem grande dificuldade de imaginar sua mãe… mãe!

Direção: Noémie Saglio
Elenco: Juliette Binoche, Camille Cottin, Lambert Wilson.
Gênero: Comédia
País: França
Ano: 2017

A motoqueira é Mado(Juliette Binoche) uma desempregada divorciada de 47 anos que divide o apartamento com a filha de 30 anos, responsável pelo sustento da família, a engenheira química Avril (Camille Cottin) e o genro mestrando, Louis (Michaël Dichter). Ao longo do filme, Mado faz manha quando não tem o que quer ou mantém segredos para evitar um sermão enquanto Avril sofre estresse no trabalho e deseja um tempo para si, mas acima de tudo, deseja o amadurecimento da mãe.

Para complicar tudo, Avril anuncia sua gravidez de dois meses na mesma noite em que Mado faz sexo com seu ex-marido e pai biológico da Avril, o maestro Marc (Lambert Wilson). Filha convencerá a mãe de realizar um aborto devido a situação financeira da futura mãe e a criação difícil da primogênita.

O filme é dirigido por Noemi Saglio (Beijei uma Garota, 2015) e o roteiro teve colaboração de Agathe Pastorino. O humor das duas personagens está centrado nos diálogos em um linguajar sexual e de baixo calão em momentos de estresse e desabafo. O humor físico fica por conta do desenvolvimento da gravidez e seus impactos no corpo.
O design das locações revela a personalidade de cada um no elenco. A desorganização das duas protagonistas, o espaço de sobra junto as lembranças turísticas no apartamento de Marc e a extrema organização e apreço ao passado da casa dos pais de Louis. O excesso de objetos holísticos do obstetra das duas.

A fotografia não deixa espaço para a ironia dramática, ou seja, o publico saberá informações da história conforme o conhecimento de uma das duas, apesar da simplicidade dos ângulos e posições de câmera. A trilha sonora é bem eclética vai do rock a música clássica, sempre cantada na língua do país do filme.

A comédia de inversão de valores e de situação inusitada vai além de uma mera mensagem fácil de amor a família, por trás dela, está as falhas humanas e o amadurecimento interno das personagens. Embora exista a importância do núcleo familiar na vida de cada um, o seu excesso quanto sua ausência traz benefícios e malefícios a todos os integrantes.  A principal mensagem é sobre escolhas e as conseqüências para a vida. A decisão de ter filho, o adiamento de sonhos juvenis e a mudança de vida com a gravidez. O feminismo não tem espaço aqui. A força feminina terá provações quando as idéias diferentes entre mulheres se confrontam.

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Assistam o filme e esperem por muita linguagem sexual e conteúdo familiar disfuncional.

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