Social Comics. Pétalas: poesia e fábula em uma obra-prima.

Essa leitura foi garantida por nossa parceria com a Social Comics!

Um ponto extremamente positivo de termos um acervo gigante à disposição é encontrar surpresas que passariam despercebidas em uma livraria ou banca de jornal. Não se trata, esclareço, de algo com qualidade baixa, mas sim de uma obra entre outras tantas milhares. A verdade é que está cada vez mais difícil escolher algo com tantas opções. Por isso, uma resenha como essa será de suma importância para que possam descobrir outra obra-prima que teve, infelizmente, pouca divulgação.
A obra em questão se chama Pétalas, uma HQ sem diálogos, no melhor estilo cinema mudo de “Charlie Chaplin”.

Como surgiu essa fábula moderna?

Pétalas é resultado da iniciativa do talentoso desenhista Gustavo Borges, um jovem gaúcho na casa dos 22 anos. Porém não se deixem enganar. O que ele tem de jovem tem de talentoso. Gustavo mostra competência não só com o desenho, mas também com o roteiro. Muitos podem pensar que fazer uma HQ sem diálogos é algo simples… enganam-se. Dar fluência e trazer uma história sem o uso dos diálogos é algo muito complexo, principalmente para se chegar ao ponto de excelência de Pétalas.

A trama foi criada para, inicialmente, ser feita em preto e branco. Isso foi alterado quando ele encontrou a talentosa colorista Cris Peter, responsável pelas cores das recentes Astronauta Magnetar e Singularidade, ambas do selo Graphic MSP. Cris e Gustavo conseguiram dar aos leitores uma obra visualmente impressionante e cheia de lirismo. Mais do que isso, eles exaltaram a boa prática de ajudar ao próximo. Há sentimentos envolvidos em cada uma das páginas, sem que isso implique em dizer que houve excesso para chocar ou emocionar o leitor.

Pétalas é resultado de uma iniciativa financiada através do Catarse. Aliás, uma iniciativa extremamente bem sucedida. Que tal conhecer um pouco do projeto antes de prosseguir na resenha? Veja o vídeo…

Basicamente a narrativa fala sobre uma pequena raposa que busca lenha para avivar a fogueira que protege seu velho pai. O frio é intenso e uma nevasca se aproxima. Mas a escassez de lenha e o clima agressivo atrapalham o pequenino. Eis que surge uma garça. Inicialmente a surpresa assusta a raposinha, mas logo isso passa. A garça é mágica, sempre com algo na cartola para ajudar a raposa e seu pai.

Tudo está aparentemente bem. Entretanto a garça repara que o vovô raposa está mal de saúde, com uma tosse crônica. Para evitar que isso piore, magicamente surge desde um bom e quentinho chá até um banjo para que a música acalente a família de raposas. Mais do que a mágica em si, a garça doa – em tempo integral – seu tempo e generosidade à família.

A HQ se chama Pétalas por dois motivos: o primeiro está no fato de que é das pétalas de uma flor presa à lapela do pássaro que sai a matéria-prima para o chá que melhora a saúde do vovô raposa; segundo, a perda das pétalas coincide com o declínio da saúde do pássaro. Entre um momento e outro, a raposinha também adoece e é aí que nos deparamos com a expressão máxima da palavra entrega. Não há um único momento de dúvida. O pássaro gigante precisa ajudar essa família pois é o que deve ser feito.

Apesar do tom triste ao final, a mensagem nessa história é de esperança, doação e amor ao próximo. Como já disse, Pétalas é uma fábula moderna, linda e emocionante, repleta de boas lições e esperança. Recomendação total!

Leiam a entrevista do autor ao site Arte de Quinta!

P.S.: a graphic novel conta ainda com os bastidores da produção, artes conceituais e muitos extras!

 

Gustavo Borges tem 22 anos, é gaúcho morador de Porto Alegre, e já publicou dois álbuns independentes com suas séries A Entediante Vida de Morte Crens e Edgar, um sketchbook e também já participou de vários livros coletivos como 321 Fast Comics e Tudo Já foi Dito. Trabalha com quadrinhos e ilustração a menos de dois anos, e não tem dúvidas que nasceu para contar e desenhar histórias.

Cristiane D. Peter tem 33 anos, natural de Porto Alegre, formada em Publicidade e Propaganda. Como colorista de quadrinhos, já trabalhou para grandes editoras como Marvel e DC Comics, entre outros. Foi indicada ao prêmio Eisner em 2012 por seu trabalho no título Casanova. Também participou das Graphic MSP publicadas pela Maurício de Souza Produções Astronauta – Magnetar e Singularidade com arte e roteiro de Danilo Beyruth, editada por Sidney Gusman.

 

Mais do NoSet

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *