Social Comics – Alan Moore, o mago supremo: paródia mal estruturada

Introdução

Alan Moore – o mago supremo, roteirizada pelo brasileiro Caio Oliveira, que também fez a arte da mesma, é uma sátira à indústria dos quadrinhos em si por englobar tanto personagens quanto os próprios autores, algo que na teoria poderia diferenciar a hq de outras do mesmo gênero, mas ao ser posta em prática não conseguiu elevar o nível de qualidade da obra.

É ruim por quais motivos?

Apesar que desde a sua primeira página ou melhor desde a capa da mesma, a obra deixar claro que se trata claramente de uma paródia, esse elemento específico não pôde substituir os básicos de uma narrativa, o conflito que aqui nos é apresentado acaba sendo apenas plano de fundo para piadas e mais piadas que fazem com que a trama não evolua, e que pouco a pouco se desgasta, fazendo com que uma obra relativamente curta acabe se tornando algo entediante para o leitor que se interesse pela mesma.

Outros elementos básicos de uma narrativa também são esquecidos para dar lugar as piadas, a falta desses elementos como a construção de personagem que deve estar presente mesmo que de forma reduzida para que o leitor se identifique com os personagens é nula, a todo momento o leitor é apresentado a novos personagens que logo após serem apresentados são esquecidos e substituídos por outros que desaparecem logo em seguida repetindo o ciclo.

A arte da hq, outro elemento essencial, é inspirado nas hqs dos anos oitenta e noventa, com traços simples e cores saturadas com pouco sombreamento, e é de longe um dos melhores elementos da obra. As ilustrações são usadas de maneira correta pelo autor e acabamos por nos adaptar bem aos traços de cada personagem, permitindo que possamos perceber qual é o indivíduo famoso em que ele se inspirou. Claro, Caio Oliveira facilita um pouco esse trabalho ao anexar o nome real do retratado com leves modificações, tal como ocorre com Neil Gaiman (Nightgaimare) e Morriswong (Grant Morrison). Anexar características físicas e comportamentais aos mashups foi uma ótima ideia e ajuda a compreensão do leitor sobre quem é o personagem.

O outro elemento positivo que impede que a hq seja algo totalmente esquecível é o protagonista da mesma, a fusão do autor Alan Moore e do personagem dos quadrinhos da Marvel conhecido como Dr.Estranho, é a melhor paródia e a que mais faz sentido, ao mesmo tempo que consegue arrancar risadas do leitor, visto que colocar o icônico roteirista no papel de Mago Supremo – um ser que possui todo conhecimento – não só faz sentido como consegue agregar um pouco de valor a obra.

Conclusão

Alan Moore – o mago supremo falha em ignorar elementos de uma narrativa para focar num humor excessivo que não consegue manter sozinho a obra inteira, mas mesmo assim possui alguns bons elementos que impedem a obra de ser esquecível. Apontamentos sobre a exploração no mercado dos quadrinhos (algo que Alan odeia) também dá brilho à obra e melhora seu conteúdo. Para uma obra independente, voltada para a crítica ao voraz mercado dos quadrinhos e também ao humor, vale sua leitura.

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