Black Mirror da Netflix: Bandersnatch

Salve Nosetmaníacos, eu sou o Marcelo Moura e hoje vamos falar de uma das minhas séries mais polêmicas e controvertidas de todos os tempos. Bem vindo ao mundo distópico de Black Mirror.

Black Mirror 2018: Bandersnatch

Direção David Slade, produção Russell McLean, roteiro Charlie Brooker, elenco Fionn Whitehead, Will Poulter, Asim Chaundhry, Craig Parkinson, Alice Lowe, Tallulah Haddon, Catriona Knox, Jonathan Aris, Paul Bradley, Alan Asaad, Suzanne Burden e Jeff Minter. Lançamento em 28 de dezembro de 2018, Black Mirror: Bandersnatch é uma ficção interativa da série de televisão antológica Black Mirror, lançado em 2018. Escrito pelo criador da série, Charlie Brooker, e dirigido por David Slade, o filme foi lançado na Netflix em 28 de dezembro de 2018 como o primeiro filme independente da série. Bandersnatch é um filme interativo no qual os telespectadores podem tomar decisões para o personagem principal, um programador jovem (Fionn Whitehead), que adapta um romance de fantasia a um videogame durante os anos de 1980. Um breve tutorial, específico ao dispositivo em que o episódio está sendo reproduzido, explica ao telespectador como tomar as decisões. Há dez segundos para fazê-las, ou uma decisão é tomada de modo aleatório. Quando a jogatina termina, o telespectador tem a chance de voltar atrás e mudar alguma decisão. Um sucinto tutorial, específico ao tipo de dispositivo de reprodução, explica ao espectador a como tomar decisões. É ofertado um tempo de dez segundos para decidir o que há de ser feito, ou uma decisão randômica é sobreposta. Ao final da jogatina, o espectador tem a opção de retroceder e mudar o que foi escolhido. A exibição tem, em média, 90 minutos, mas caso o caminho escolhido seja menor, tem duração de 40 minutos. No total, são 150 minutos de episódio divididos em 250 segmentos.

Sinopse: Em 1984, na Inglaterra, Stefan Butler (Fionn Whitehead) é um programador de 19 anos, sonha em adaptar seu livro-jogo intitulado de Bandersnatch, do escritor Jerome F. Davis (Jeff Minter), no que ele acredita ser um videogame revolucionário de aventura. Butler produz o jogo para a empresa Tuckersoft, que é gerenciada por Mohan Thakur (Asim Chaudhry), que emprega o desenvolvedor de jogos Colin Ritman (Will Poulter). Butler tem a opção de aceitar ou rejeitar a ajuda da empresa em relação à roteirização de sua história. Se Butler aceita a oferta, Ritman afirma que ele escolheu “o caminho errado” e faz com que viva o dia novamente, tendo a mesma escolha oferecida. Se ele aceita novamente, o filme termina. Se ele rejeita, começa a trabalhar na criação de seu próprio jogo. Ademais, Butler vai ao terapeuta Dr. R. Haynes (Alice Howe) a fim de discutir sobre a morte de sua mãe quando, à época, tinha cinco anos de idade. Sua mãe perdeu a vida num trem descarrilhado após ter pedido seu trem diário, pois Butler não sairia de casa sem seu brinquedo. Butler começa a sentir que está sendo controlado por forças externas. Quando entra num colapso mental, o espectador tem a chance de explicar para Butler, por meio de seu computador de 1984, que a Netflix está enviando-o sinais do século 21. Em outros caminhos, o espectador tem a opção de fazer com que Butler mate seu pai, Peter (Craig Parkinson), enterrá-lo e retalhá-lo, e subsequentemente matar ou libertar Ritman. De acordo com a Netflix, existem cinco principais términos, com variações dentro de cada um.

Crítica: Não há uma quebra da quarta parede ou uma interação público e personagem, como muitos podem entender ao ler esta matéria, mas há um surreal, assustador e ao mesmo tempo uma tremenda dor de cabeça conceitual para o cinema e a tv, no que nos diz na linguagem que o projeto nos é apresentado.  Assisti as quase 7h da série pensando no início em um filme, depois em um RPG, após isso em um Reallity Show, mas mesmo entendendo o contexto das diversas dimensões paralelas que o filme / jogo apresenta, não há como dizer o que é o projeto no final, mesmo simplificando como uma interação público personagem.   É fácil comparar Bandersnatch a filmes como a franquia Matrix, o clássico filme o 13º Andar (1999), aos livros de Carlos Castaneda ou mesmo a banda The Doors, todos com várias referências no filme da Netflix, mesmo que algumas sejam casuais e outras não, mas como já falei não é só isso, mas muito mais. O diretor David Slade (Crepúsculo) não está preocupado em contar apenas uma história, mas uma seqüência de fatos comuns na vida social de pessoas, algumas sobre nosso controle e outras não,  que desenrolam no dia a dia dos personagens e como até a mínima escolha faz com que tenhamos resultados totalmente diferentes e tortuosos, levando a uma complexidade de resultados e questões se estas escolhas que fazemos são nossas escolhas ou de outros que estão em um Reallity Show de nossa vida. Sim esquizofrenia e psicose são também mencionados, assim como complexo de perseguição e programas de controles governamentais. É o lado sombrio de filmes como O dia da Marmota no clássico Feitiço no Tempo (1993). Não estou dizendo que é um filme fácil de ver, muito pelo contrário, é de pirar, enjoar e cansar, mas que é uma excelente e complexa produção, relembrando até mesmo nosso antigo Você Decide da Globo.  Não posso deixar de citar a excelente trilha musical dos anos 80 e pensar que em um futuro não muito longínquo, teremos uma programação bem semelhante na TV, onde cada telespectador decidirá individualmente ou coletivamente, o que cada personagem fará e que conseqüências isso terá.

Curiosidades: Bandersnatch é um filme de ficção interativa no qual os espectadores são submetidos a diversos questionamentos para ensejar uma decisão final envolvendo o protagonista. O lançamento ocorreu em 28 de dezembro na Netflix, estando disponível em 28 idiomas. Netflix havia previamente lançado programas interativos para o público infantil, como Puss in Book. Em 2015, lançou, em parceria com a Telltale Games, a série interativa Minecraft: Story Mode, em novembro de 2018. Bandersnatch, no entanto, foi o primeiro lançamento deste gênero para o público adulto. O filme foi escrito pelo roteirista Charlie Brooker. Juntamente com a produtora Annabel Jones, foram contatados pela Netflix, em maio de 2017, acerca da criação de um episódio interativo; inicialmente, especulou-se rejeitar a oferta, devido à ausência de ininterruptibilidade em filmes interativos lançados. Contudo, durante um encontro para a composição do roteiro, conceberam um enredo que funcionaria diretamente com um filme interativo, baseado num livro-jogo de um programador. Com primazia, Brooker imaginou o filme como tendo uma história clara, mas com diferentes cenas ao fim; por fim, teve a ideia de fazer com que a obra oferecesse opções de escolha e as incorporasse. Devido à sugestão da Netflix, escreveu 170 páginas de roteiro no Twine, uma ferramenta de ficção interativa, além do Scrivener, Final Draft e no Bloco de Notas. A estrutura do filme levou muito tempo para ser feita, e o roteiro foi submetido a, pelo menos, sete diferentes versões.

Sendo o primeiro filme interativo para adultos da Netflix, Bandersnatch requisitou decisões mais complexas do que os trabalhos antigos, levando a equipe de produção da Netflix a criar uma ferramenta de interação intitulada Branch Manager. Serviços de streaming necessitam de duas formas de busca antecipada de instruções, o que significa que Bandersnatch poderia não estar disponível em outro dispositivos, no Chromecast ou na Apple TV. A fim de familiarizar espectadores que não tiveram experiência com esse tipo de interação, o filme inclui uma decisão sutil e trivial de qual cereal que Stephan irá comer; isso não só mostra como as decisões serão apresentadas durante o filme, mas também como são memoradas pela Netflix. O filme progride numa decisão pré-definida, caso o usuário não responda às indagações apresentadas. Existem mais de um trilhão de caminhos possíveis que os espectadores podem escolher. Houve discussões sobre a quantidade de escolhas que o espectador deveria fazer e como o filme deveria compassar. As histórias e as ramificações do roteiro continuaram a sofrer expansão durante a pré-produção. Bandersnatch estrela Fionn Whitehead, que apareceu no filme de 2017 Dunkirk; Will Poulter, presente em The Maze Runner e Detroit; o comediante Asim Chaudhry, estrela do mockumentary People Just Do Nothing. A produção levou oito meses, enquanto as filmagens ocorreram dentro de 37 dias.

O termo “bandersnatch” é originário de uma criatura fictícia do romancista Lewis Carroll, que aparece nos poemas “Jabberwocky” e “The Hunting of the Snark”, ambos de 1870. A empresa Imagine Software havia planos de criar um jogo com o mesmo termo. Apesar dos inúmeros projetos trabalhados pela organização, o jogo Bandersnatch nunca foi lançado devido à falência da empresa, em 1984. O videogame era tido como um easter egg do terceiro episódio da série, Playtest. Adicionalmente, a história contém elementos dos trabalhos do escritor norte-americano Philip K. Dick, cujo romance, Ubik, é visualmente referenciado no filme. Ademais, Bandersnatch contém elementos de terror, ficção científica e uma ambientação da década de 1980. David Griffin, do portal IGN, compara o filme à aventura da série de jogos The Walking Dead e ao jogo Detroit: Become Human. O filme recebeu análises positivas da crítica especializada, denotando aclamação generalizada. No IMDb, o filme tem uma nota de 9 de 10, baseada em 866 avaliações. Stuart Heritage, do The Guardian, escreveu: “Bandersnatch é uma obra de arte sofisticada que, analisada através do ponto de vista do espectador, parece ininterrupta. […] Mais memorável ainda é a ambição do roteiro. Baseado superficialmente no lançamento de um jogo também chamado Bandersnatch, o filme é, essencialmente, a história do desafio da vida de um homem. […] A genuidade de Bandersnatch presente na crítica da interatividade. Durante o filme, Stefan não começa apenas a questionar sua liberdade quando alguém tenta impor-lhe decisões, mas também desvirtuar os limites dúbios que lhe são impostos. Nm espaço de 90 minutos, Brooker popularizou uma nova forma de roteiro, identificando seus tropos e desmantelando um por um. Em consideração, Bandersnatch é, de fato, de tirar o fôlego”. Numa análise para o IndieWire, Liz Shannon Miller escreveu: “A ilusão do controle, presente na tela e na vida real, é o grande problema dessa grande e deliciosa experiência de interação. Se Brooker tivesse escolhido uma abordarem mais literal, em função da ideia de narração interativa, o episódio seria enfadonho. Ao invés disso, ele transformou essa possibilidade numa narrativa sobre o quão difícil é contar histórias desse gênero, inclinando para contextos metalinguísticos ao questionar a sensação de liberdade natural. […] Minha experiência pessoal como usuária foi clara e sem problemas; não existiam barreiras tecnológicas que poderiam causar frustração, e o sistema era extremamente inteligente na tomada de decisões”. Ed Cumming, do The Independent, avaliou o filme com 4 estrelas de 5, dizendo: “Esse tipo de narrativa já foi testada antes, mas nunca de modo visível, sofisticado e maduro. O senso lancinante, no entanto, é que dentro do contexto em que foi criado, todos os prazeres de Bandersnatch são antiquados. Muitos deles poderiam ter sido conquistados sem mecanismos dei interação, também. Poulter, com seus óculos à Assassino do Zodíaco e seu cabelo oxigenado roubam a maioria das cenas. O design, que poderia ter sido facilmente desenvolvido como uma viagem nostálgica e direta à infância de Brooker, é agourento e claustrofóbico”. Ed Power, numa análise de nota máxima para o The Daily Telegraph, escreveu: “Bandersnatch é uma meditação da sanidade, da liberdade e da verdadeira composição do mundo que nos rodeia. Aficionados em Black Mirror apreciarão muito mais easter eggs. […] A função interativa é o que realmente causa impacto – provida, é claro, do convencimento de que você pode controlá-la. As performances são grandes. Whitehead encontra-se fascinante, enquanto outros personagens irradiam uma ameaça indiscreta, de modo que nunca é claro se eles são genuinamente assustadores ou se a estranheza é uma manifestação da paranoia de Stefan. Ao dar ao espectador um pouco de possibilidade de escolha, o episódio mais perturbador de Black Mirror argumenta, de forma vigorosa, que nenhum de nós está realmente no controle de nada”.

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