Review de “Um dia para viver”.

Filmes de ação podem ser repetitivos, principalmente quando temos uma realidade tão violenta quanto a ficção. Mas há alguns filmes que se destacam pela coragem de incluir ação e drama para criar um ambiente e uma história que cativem o público, mesmo que alguns de seus elementos já tenham sido vistos em outras obras. Esses são os pontos positivos de Um dia para viver, filme que tem Ethan Hawke como astro.

E o que é Um dia para viver?

A narrativa do filme aborda a história de um soldado contratado por uma corporação para atuar em várias localidades do mundo, um componente de um exército paralelo cada vez mais comum em ações militares, ainda que este não seja mais um militar das Forças Armadas dos EUA. Sua perícia e capacidade de incursão em ambientes hostis são extremamente bem remuneradas, por isso são conhecidos como os Soldados da Fortuna… ou simplesmente Mercenários.

Nesse contexto conhecemos o mercenário Travis Conrad (Ethan Hawke). Travis tem uma tragédia envolvendo usa família e isso se torna claro nos primeiros minutos do filme. Ao lado de um velho amigo chamado Frank (Rutger Hauer), eles se despedem de dois entes queridos. O clima é triste, porém dura pouco. Novamente os serviços de Travis são solicitados pela corporação para a qual trabalha. Um último trabalho que pagará o suficiente para que ele possa sair da vida de assassino contratado (como eu disse, a trama não tem elementos revolucionários no roteiro).

Diante da oferta mais do que generosa, ele parte para a área de combate com outro mercenário chamado Jim Morrow (Paul Anderson (XVIII)). O objetivo: descobrir onde está um ex-mercenário que pretende delatar a corporação, eliminar o indivíduo e receber o pagamento. Simples, não? Até seria, mas uma única decisão de Travis o põe frente a frente com a morte. Literalmente.

O que deu errado?

Desde a perda de seus familiares, Travis não foi mais o mesmo. Atormentado pela culpa de suas mortes, ele oscila entre o desejo de dinheiro e a calmaria da vida longe dos combates. Contudo suas habilidades são tão grandes que esse afastamento é algo praticamente impossível. A organização Montanha Vermelha conta com seus serviços e fará o que for necessário para tê-lo em suas ações.

Seu último trabalho é a localização e eliminação de um ex-agente da Montanha Vermelha. Infiltrar-se e matar o alvo é uma tarefa relativamente simples, desde que seus sentimentos conflitantes não entrem em cena. Afinal, o que poderia dar errado em uma simples missão de dar fim a um único homem? Muita coisa…

A partir daí, fruto de um experimento médico, Travis recebe literalmente uma segunda oportunidade e volta dos mortos. Começa, então, sua jornada de redenção que envolve não apenas ele, mas Jim e a agente da Interpol, Lin (Xu Qing).

Cenas e localidades.

As localidades e as cenas de ação são ótimas. O destaque fica por conta da favela onde acontece um combate desigual entre pessoas comuns e um grupo de mercenário.

Os efeitos especiais e as cenas onde houve a necessidade de dublês também convencem. Não há nada de inovador, mas o fato é que mesmo diante de uma trama relativamente simples é possível se divertir e também passar por tensos momentos.

Créditos: Reprodução/Internet. Cena de Um dia para viver.

O passado que condena.

Como não poderia deixar de ser em um filme onde a redenção ocorre para compensar um passado de tragédias, Um dia para Viver se vale disso para tentar estabelecer um vínculo entre o espectador e o protagonista. A atuação de Ethan Hawke como o assassino que sofre por não ter sido capaz de salvar a família é boa, ainda que a história devesse ter uma abordagem mais dramática. O que evita que a coisa caia para o lado sentimental de vez foi a não inclusão de outro romance (onde o protagonista se redime pelo amor) que tirasse o foco do personagem principal. Há leves indícios que, em momento algum, modificam o caminho de dor e sangue.

Fica claro que os atos dele e de todos os que estão envolvidos nos massacres que participou serão, de uma forma ou outra, penalizados. É a utilização da “lei do retorno”.

Pontas amarradas.

Gostei da utilização de uma personagem que parece não ser tão importante ao longo de todo o filme, mas que se mostra pertinente ao final. Isso mostrou a preocupação em ter uma narrativa enxuta e coesa.

Entretanto, a possibilidade de uma continuação foi algo que me incomodou ao extremo, já que o longa-metragem não tem o mesmo potencial de um Matrix ou o próprio John Wick (há elementos dos dois filmes nessa produção).

Enfim, entre – literalmente – mortos e feridos, temos um filme agradável e bem superior às expectativas, mesmo que não seja uma obra grandiosa e memorável.

P.S.: a participação de Rutger Hauer e do vilão vivido por Liam Cunningham são, para mim, descartáveis. Não convenceram.

 

 

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