Respeito e Tradição – “A Garota Ocidental”

Seguir tradições em qualquer cultura não é nada fácil, são decisões que atingem emoções diferentes, é basicamente escolher entre respeitar a si mesma ou a sua família.

O “A Garota Ocidental” (“The Wedding” – 2017), de produção mista da Bélgica, do Paquistão, de Luxemburgo e da França, disponível no streaming do iTunes e gentilmente disponibilizado pelo projeto parceiro “Sofá Digital” (obrigadinha pelo carinho de sempre), fala justamente dessas decisões.

A família de Zahira é paquistanesa e, mesmo vivendo fora do Paquistão (não entendi direito qual é o país que eles vivem, mas acredito que seja na França), seguem as tradições religiosas com rigidez, inclusive no que concerne ao casamento das filhas mulheres.

Nesta família há três filhas e um filho, Zahira é a do meio e chegou a sua hora de encarar as responsabilidades da sua “condição”. O problema é que ela é uma típica adolescente do país que vive, já tinha tido um romance com um muçulmano e algumas complicações.

Sim, Zahira já havia desonrado a sua família com uma gravidez sem estar casada (e com um moço que não era aprovado), por isso teria que se submeter a um aborto. Depois de supostamente ter feito ela teria que se “desculpar” e escolher um marido entre os pretendentes que os pais haviam selecionado.

Diferentemente da sua irmã mais velha, Hina, que já estava casada pelos moldes tradicional, Zahira se revolta contra sua família, saí de casa e busca abrigo com uma amiga de infância. Neste tempo a família tenta a trazer de volta, mas deixam claro que o casamento teria que acontecer.

Hina tenta convencer Zahira de que as coisas não são tão ruins, por isso a jovem concorda a voltar para casa e acaba se casando (por Skype, porque o noivo não podia se dar ao luxo de sair do Paquistão, mas ela teria que renunciar tudo que tinha). Mesmo depois de casada ela tenta fugir desse mundo que não entende, mas tem que seguir para a alegria da família.

A mensagem principal do filme é saber se levantar contra aquilo que não concorda. Zahira é uma mulher moderna que não entende regras tão machistas, por isso se revolta, ela não quer ver a família triste, humilhada até, mas ela quer encontrar o caminho dela sem ter que se submeter aquilo tudo.

Apesar de abordar assuntos feministas e mostrar que é preciso mais sororidade no mundo (o que a irmã tentou ter, mas quem domina é Aurore, amiga de Zahira), não é radical nem sensacionalista.

Lina El Arabi é quem dar vida a Zahira, ela conseguiu dar o tom certo de drama para a vida dela, deu o ar bem autêntico. Na verdade o elenco todo é muito bom, foi uma excelente seleção no geral.

Para mim o melhor do filme, além do assunto relevante e muito bem abordado, é que ele é todo em francês, com algumas intervenção do urdu (idioma oficial do Paquistão). É bom para começar a entender a língua, porque, no geral, eles usam poucas gírias e falam claramente, dá para acompanhar mesmo sendo bem iniciante nos estudos do francês (como eu).

É uma boa reflexão e lembrança de que tradições podem (ou devem) ser revistas!

Beijinhos e até mais.

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