Resenha: O livro de Moriarty

Fazia um bom tempo em que não me deleitava tanto em uma leitura. Ao voltar às aventuras e mistérios da Londres do século XIX e XX, minha alma encontrou um grande amigo. Quando era jovem, adorava a companhia do admirável e célebre detetive Sherlock Holmes e do seu inseparável parceiro e amigo, o dr. Watson. Em “O livro de Moriarty” pude voltar a ser aquele jovem que descobre um mundo repleto de mistérios e se deixa encantar pela inteligência assustadora de Holmes. A introdução de José Francisco Botelho é uma leitura prazerosa à parte, para todos aqueles que admiram o venerável Sherlock Holmes e o seu criador, Arthur Conan Doyle. Botelho deixa o leitor bem informado sobre quando e como se deu o encontro de Holmes e Moriarty, e também fala um pouco sobre os estudiosos Doylianos (que acreditam que Doyle é o autor dos escritos) e os Sherlockianos (acreditam que “Sherlock Holmes não foi um personagem fictício, mas sim histórico; e que Watson é o verdadeiro autor dos relatos”).

Composto por seis contos (O problema final, A aventura da casa vazia, O caso do construtor de Norwood, O caso do jogador de rúgbi, Sua última mesura e O caso do cliente ilustre) e por um romance (O vale do medo) que mostra para o leitor quem é Moriarty e o quão perigoso ele é, “O Napoleão do crime” como o Doyle o definia.

Os contos são magníficos e a figura do professor causa arrepios. No primeiro, Moriarty e Holmes se encontram (dois grandes cérebros e dois grandes homens, um verdadeiro duelo de gigantes) no que resultará em uma tragédia, pondo um ponto final para ambos. É impressionante como a figura de Moriarty ainda se faz presente nos próximos contos, após testemunharmos algo mortal. A capacidade de Holmes surpreender a todos é absurda, e faz com que o admiremos ainda mais. Poderíamos pensar em Holmes como um homem egocêntrico e arrogante, não fosse o fato de Watson sempre ser o refúgio, digamos assim, deste detetive espetacular. Uma figura avessa a amizades encontra no doutor um amigo leal e disposto a segui-lo por onde quer que vá.

O Vale do Medo é a melhor parte do livro. Não apenas ficamos maravilhados com o detetive, mas também com o autor. Que mente brilhante o Arthur Conan Doyle possuía! Em pensar que ele estava cansado de Sherlock Holmes e tinha o matado, para logo depois ressuscita-lo. Este romance também apresenta outro detetive espetacular, mas não posso entrar em detalhes (pois estaria cometendo um crime gravíssimo!).

O professor Moriarty é um homem à altura do nosso Sherlock Holmes, mas que usa toda a sua inteligência para maquinar o mal. É uma criatura fascinante, mas ao mesmo tempo aterrorizante. Por trás de todos os casos que Holmes solucionava, ele percebia um grande cérebro por trás de todos estes crimes. Por fim, após suas investigações, descobriu que o aparente inofensivo professor de matemática, irmão de Moriarty (o professor tinha dois irmãos, todos com o mesmo nome: Moriarty), era a mente que controlava o mundo do crime. Após esta descoberta, o confronto seria inevitável. E esta belíssima edição da Penguin Companhia, com tradução de José Francisco Botelho, é indispensável para todos os fãs do morador ilustre do 221b Baker Street.

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