Quase 007 – “Questão de Honra – A Face da Morte no Dorso de um Camelo”

O agente 007 é aquele ser humano quase indestrutível, sempre rodeado de belas mulheres e com histórias inacreditáveis. Tristan Drake não fica muito atrás, talvez com um tanto de exagero.

O livro “Questão de Honra – A Face da Morte no Dorso de um Camelo”, lançado em 2018, foi escrito por Yuri Belov, um engenheiro e gerente de projetos, já trabalhou na América Latina e na África. Talvez por saber demais, este é o nome fictício dele.

No centro da trama está Tristan um ex-oficial da Marinha inglesa, homem de muita honra, viveu intensamente e agora, já com mais de 60 anos, resolveu investir na sua “aposentadoria”. Comprou uma empresa de expedição marítima, algo que poderia lhe garantir uma vida confortável sem muitos imprevistos.

Ele estava bem enganado. Uma das embarcações da empresa dele, o Simbad, é alvo de um navio bem maior e fica seriamente danificado, sem contar com alguns funcionários feridos. Ele recebeu o financiamento de um grande empresário que era conhecido por Sheik.

Por curiosidade e gratidão, Tristan vai ao encontro do Sheik e da filha dele, Ameerah. Depois de resgatar algumas aventuras do ex-agente, uma longa conversa sobre os tempos de Guerra Fria e o trajeto de vida de cada um (o Sheik era mais novo que Tristan, mas parecia ser mais velho).

Quando perguntou da sua dívida a Ameerah, Tristan ouviu que não devia nada e não se sentiu bem. Logo ele soube da situação do filho mais novo do Sheik, Khaled, que se envolveu com um grupo extremista e estava desaparecido. Tristan se ofereceu para encontrar o rapaz como forma de pagamento.

Ele forma uma equipe e vai para o monte Kalesh, provável localização de Khaled. Tristan até consegue resgatar o rapaz, mas ele não sobrevive ao ataque sofrido pelo grupo e, a partir daí, começa-se a se desenrolar eventos controlados por uma misteriosa ordem clandestina.

Intrigado com o que vai acontecendo, Tristan usa seus contatos em agencias do governo (inglês, russo, estadunidense, etc) para saber o que realmente estava acontecendo. Descobre que um grande banqueiro suíço, Haydenberger, está por trás de um mecanismo internacional que financia desde o tráfico de pessoas (para escravidão sexual) até possíveis ataques terroristas pelo mundo.

Não era a obrigação de Tristan, mas a cada vez que se envolvia mais com toda a situação, ele sentia a necessidade de desbaratar o tal mecanismo (para não dizer quadrilha muito bem da organizada). No percurso ele reencontra velhos amigos e amores, descobre ter um filho que já foi assassinado antes mesmo de ele saber que existia, perdeu amigos e pôs um alvo em suas costas por chatear pessoas perigosos.

A narrativa dessa história tem a intenção de mostrar o quão valioso ainda é um ex-agente depois dos seus 60 anos, além de toda a sua versatilidade, inteligência e sagacidade. O problema é que tudo vai se tornando forçado, parece que o autor quer porque quer que o moço seja um novo agente estilo 007, de tudo sabe, as pessoas amam ou odeiam.

Há uma dinâmica boa e a construção do personagem de Tristan é muito complexa e interessante, ele é, de fato, um cidadão do mundo. As histórias realmente são fantásticas, a descrição dos ataques e batalhas enfrentadas são muito detalhadas, dá para visualizar bem, esse é o lado bom do livro.

Ah, consigo ver Tristan ser interpretado por Jason Statham!

A parte ruim é de fato essa “forçação” de barra. A cada capítulo surge uma bela mulher diferente, descrita dessa forma, seja um possível novo amor ou um amor antigo. Começa com Ameerah (que seria o novo amor), aí aparece Yelina (ela se passou por personal trainer, mas era espiã do banqueiro), depois Jasmina reaparece (ela é esposa de Haydenberger, mas já amou muito Tristan), dentre outras. Isso sem contar com a ex-esposa e a filha.

O pior é que nenhum desses possíveis relacionamentos realmente se desenvolvem, nem mesmo com a filha dele, apesar de sempre ser citada. No começo do livro ele promete a incluir em uma das expedições do Simbad, mas hora nenhuma isso é citado novamente, na verdade quem ganha essa vaguinha é Yelina, depois de se desiludir com Haydenberger.

Mostrar um homem que tem esse tipo de sucesso não é extremamente errado ou torna a narrativa forçada, porém neste caso parece que todas estão ao redor dele, dependem dele de alguma forma.

A única que mostra a força própria e salva Tristan em alguns momentos é Nástia, ex-agente russa que teve um romance com ele no final da Guerra Fria (e teve um filho com ele, mas ele nem sabia). A mulher se garante, a sequência dela “forçando” um cara da empresa de aviação para o avião voltar e salvar a equipe de Tristan.

Apesar disso tudo, para quem gosta de histórias mirabolantes este é um bom livro sim.

 

Beijinhos e até a próxima.

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