Paddington 2 : sucesso por respeitar a inocência das crianças.

Caso ainda não tenha vista o primeiro filme do ursinho Paddington, corra e veja. Ele é muito bom, mas a verdade é que essa sequência é muito melhor.

Paddington é um ursinho que fala (e nessa realidade isso não é incomum) e tem uma índole infinitamente melhor que a maioria de nós, seres humanos. Ele mora com uma família londrina e tem o desejo de mostrar para sua tia um pouco da cidade. Essa oportunidade surge ao encontrar um livro pop-up da cidade, um livro bem antigo. Esse é o “start” para as confusões e emoções que marcam todo o longa-metragem que já é sucesso de público e crítica.

Vamos descobrir os motivos para isso?

A inocência de uma história para crianças.

Esse é o ponto mais sublime de Paddington 2, o respeito pela inocência de nossas crianças. A história inteira vaga entre uma injustiça e a trajetória para repará-la, porém sempre com o máximo de integridade e respeito pelo que é correto. Há algumas passagens onde erros de decisão acontecem, mas mesmo estes são reparados ao longo do filme.

Nem mesmo o vilão é alguém odiável, o que não lhe exime de pagar por seus delitos. Tudo flui em consonância com os corações limpos que todas as crianças têm ou deveriam ter. Entretanto, mesmo com tanto zelo por nossos pequeninos, o filme não deixa de ser entretenimento de altíssima qualidade para jovens, adultos e idosos. É, em suma, um filme voltado para a família.

E não pára por aí…

A História de Paddington 2.

Não há nada de complexo na trama de Paddington 2. O ursinho resolve dar um presente para sua tia Lucy que ainda mora na selva do Peru. O que ela mais gostaria era conhecer a Inglaterra, mas já que isso não é possível, Paddington escolhe um livro pop up antigo que mostra a cidade de Londres como presente. Antes que possa comprá-lo, um misterioso ladrão o leva e a culpa recai sobre o ursinho que é preso.

A partir desse episódio nós nos encontramos em uma aventura dividida em três partes: a busca do vilão pelos segredos ocultos do livro, a sobrevivência de Paddington na cadeia e, por fim, os esforços da família dele para provar sua inocência e tirá-lo de lá.

Já que o filme é tão simples, o que o tornou um sucesso?

Vejam, o filme tem um roteiro simples em sua essência, porém complexo em sua execução. Conciliar ótimos atores (inclusive a candidata ao Oscar Sally Hawkins) com um urso digitalmente criado e não tornar isso tosco não é uma tarefa fácil. Só para refrescar suas memórias, Pica-Pau o filme tentou fazer isso e foi um fiasco total.

Há outro ponto muito interessante que é o uso de um humor mais infantil (com leve toques de humor inglês) que é agradável para todas as idades. Não há nada – em momento algum – que seja desagradável ou ofensivo, uma verdadeira raridade nos filmes atuais. Posso também citar o uso de stop motion em algumas cenas, enquadramentos perfeitos, tomadas aéreas que são necessárias e um elenco absurdamente bem escolhido.

Em nossa versão brasileira, palmas para a equipe de dublagem que fez um trabalho mais do que impecável.

Dublagem.

A versão brasileira está perfeita e não deve em nada à versão original. Apesar do meu receio por causa das celebridades nacionais, tudo foi feito com muito carinho e profissionalismo, o que permite o acesso sem quaisquer desconfortos de nossas crianças ao universo mágico desse ursinho inocente e bagunceiro.

A maldição do segundo filme é quebrada novamente.

Sim, meus amigos leitores. Paddington 2 não ficou abaixo de As Aventuras de Paddington. Para ser mais honesto, a sequência é bem melhor que o primeiro filme e isso se deve não só aos ótimos recursos visuais usados na criação do ursinho e das cenas mais complexas. O roteiro, a ambientação e a criação de localidades simplesmente mágicas deram um toque de conto de fadas que estava presente no primeiro longa, mas aparece em grandes doses nessa continuação.

Vilões.

O principal vilão do longa-metragem é interpretado por Hugh Grant (o ator frustrado Phoneix Buchanan). Nesse papel, Hugh faz um homem que se sente descartado por seu antigo público e empresários. Quando descobre sobre o livro que Paddington quer comprar, reconhece nele um mapa cujas pistas o levarão a descobrir um tesouro perseguido há muito tempo por um ancestral seu. Mesmo sendo o cara mau da trama, em nenhum momento sentimos raiva dele.

Como disse, esse é um filme voltado a prestigiar a inocência dos pequeninos.

Há os bandidos presos com o ursinho, porém eles se mostram apenas homens privados de seus sonhos e, no final, nem tão maus assim… principalmente o cozinheiro-chefe, interpretado pelo conhecido Brendan Gleeson.

Destaque especial para Peter Capaldi (Doctor Who) que dá vida a um ranzinza homem da lei que, infelizmente, não gosta muito do pequeno Paddington.

Origens de Paddington.

Michel Bond e sua criação.

Somos velhos conhecidos do ursinho Pooh (por muito tempo chamado de Puff), porém desconhecemos a trajetória de Paddington, exceto as versões cinematográficas. Afinal, de onde ele veio?

Paddington é o nome de uma estação de trem muito famosa na Inglaterra. O ursinho recebe o nome da estação por meio de seu criador, Thomas Michael Bond, nos idos tempos de 1958. De lá para cá, o ursinho ganhou raízes na cultura popular inglesa e é um sucesso indubitável. Tal como aconteceu com o Dr. Seuss, a obra de Michael Bond ganhou mais destaque nas Américas e no mundo através do primeiro filme, As Aventuras de Paddington.

O primeiro livro, publicado em 1958, recebeu o nome – em tradução literal – de Um Urso Chamado Paddington (A Bear Called Paddington). Há versões das histórias também em animação.

Infelizmente o autor morreu em 27 de junho de 2017. Suas obras receberam muitos prêmios, venderam mais de 35 milhões de livros e ele chegou a receber a nomeação de Oficial da Ordem do Império Britânico.

Sua obra permanecerá nos corações de incontáveis fãs pelo mundo e, com a ajuda do cinema, esse número só crescerá.

No dia de sua morte a estátua do ursinho, na Estação Paddington, recebeu várias lembranças em homenagem ao autor.

Direção e elenco.

Paddington 2 teve a magistral direção de Paul King. No elenco estão Sally Hawkins (Mary Brown), Hugh Bonneville (Henry Brown), Hugh Grant (Phoenix Buchanan), Peter Capaldi (Mr. Curry), Ben Whishaw (Paddington), Imelda Staunton (Tia Lucy), Brendan Gleeson (Knuckles McGinty), Julie Walter (Mrs. Bird) e grande elenco.

O roteiro é da dupla Simon Farnaby e Paul King, inspirados na obra de Michael Bond.

 

 

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