Encontrei teu Diário

Como é que eu posso me apaixonar por aquilo que tu escondes? Que andando certo dia pela rua, por acaso, e pura sorte, eu esbarrei e vi? É muito azar te achar comum e nalgum dia, por um momento, ver-te completamente nu, despido totalmente, não de roupa, mas de alma… 

Estar uma eternidade toda ao teu lado, ver-te todos os dias, mas, ainda assim, não reparar no teu perfume, pois o que parecia tão raso, hoje mostra-se tão profundo, e, o profundo sempre me deixa apaixonado. 

Eu nunca reparei no teu rosto. Aliás, desculpe-me. Eu também nunca reparei em teus olhos. Já observei atento tuas mãos, pois eu penso que nada no mundo diz mais sobre uma pessoa que as mãos dela. Mas foi só o que eu vi em você. Até hoje. Até descobrir teu segredo.  

Eu sei que tu nem imaginas que eu saiba tudo que eu sei. Aliás, tu nunca imaginaste que alguém pudesse saber tanto sobre um alguém, você, como eu sei. Confuso? Digamos que eu encontrei o diário que tu nunca escreveste, mas de onde eu poderei conhecer cada detalhe, cada segredo, cada pedaço dessa construção que hoje se chama você. 

A grande questão, agora, não é você! Sou eu!  

Se eu ler, corro o grave e irreversível risco de me perder absorto em paixão e amor… Mas eu sei que amor, nesse caso, pode doer, e doerá. Pois sei que conhecendo tua profundidade, e me apaixonando por ela, ainda assim, me fará conviver todos os dias com o teu lado raso, que penso não serei capaz de suportar. É como te amar profundo e odiar no raso. 

Então ficarei nessa dúvida. Por mais um tempo talvez. Aprendi com o tempo a não ser tão curioso, quem sabe eu te leia, quem sabe, talvez. Pode ser que eu te esqueça, te arquive, te isole.  

Pode ser… Pode ser… Só não pode amar.  

Patrick M.

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