O Melhor Amigo da Rainha – “Victoria e Abdul”

Alexandrina Vitória, filha de Eduardo, Duque de Kent, e Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, neta de Jorge IV e herdeira mais próxima ao trono inglês depois da morte dele, em 1830.

Sim, estou falando da Rainha Vitória da Inglaterra, a soberana que ficou no trono por 64 anos (Elizabeth II ultrapassou há pouco tempo a marca). Tomou posse cedo, ainda solteira, alcançou muitas conquistas, incluindo o título de Imperatriz da Índia. Ficou viúva muito jovem, teve alguns amantes, mas poucos amigos.

Já idosa, mas ainda lúcida e ciente de seus poderes, Vitória conheceu Abdul, um indiano sem títulos nobres, mas com boa aparência, que foi enviado a Inglaterra entregar uma honraria a rainha. Reza a lenda que ele foi o último amigo de verdade da soberana, e o filme “Victoria e Abdul” (2017) traz o que os diários de Abdul provavelmente dizem.

Antes de mais nada: Essa amizade é considerada uma lenda, como ele era indiano e não era nobre, causou muita revolta entre os nobres ingleses. Reza a lenda que ele escrevia diários e estes foram queimados depois da morte da rainha.

Vamos começar do começo agora?!

Quando a Rainha Vitória completa seus 50 anos de reinado ela recebe o Jubileu de Ouro da Índia, que fazia parte de seu império, mas ela nem podia entrar por medida de segurança.

Para entregar a honraria o embaixador inglês na Índia seleciona dois nativos, os dois deveriam ser altos e terem boa aparência, mas apenas Abdul Karim era assim.

Os dois passaram dois meses em um navio entre Índia e Inglaterra, receberam roupas novas que representariam “melhor” o país de origem e tinham uma missão simples: entregar a moeda em meio a um jantar oficial, deveriam se aproximar da Rainha, entregar e não fazer contato visual com ela, depois sairiam e voltariam para casa.

Porém Abdul era um escritor e era muito curioso e fez o contato visual. Mas a Rainha se afeiçoou a ele.

A Rainha Vitória era curiosa também, mas não tinha a liberdade de exercer essa curiosidade. Para ela era importante conhecer o idioma da Índia, já que era soberana de lá, e viu em Abdul alguém que pudesse a ensinar.

Abdul se tornou professor da Rainha, não só dos dialetos indianos, mas da cultura de seu país. Logo ele se tornou o confidente dela, alguém de confiança que ela não encontrava há tempos dentro da Corte inglesa.

E como a tal Corte inglesa via essa amizade?! Muito mal!

Eles acreditam que o “hindu” (que na verdade é mulçumano, mas recebe o título de hindu por generalização) poderia se aproveitar da rainha, faria com que ela pensar mais no “puxadinho” do Império Inglês, frustrando os planos da Corte.

Vitória mostrou-se uma rainha de fato quando não ouviu os comentários abusados de seus “aliados”, nem todas as ameaças que faziam por ter um “hindu” como conselheiro pessoal. Apesar de algumas histórias criadas sobre Abdul, a rainha manteve sua confiança nele até o fim, abrigando até a esposa dele na Corte.

Acredita-se que foi Abdul que ouviu as últimas palavras de Vitória antes da morte dela. E os filhos dela nem esperaram que o enterro ocorresse para queimarem os diários de Abdul, acabando com todas as evidências dessa amizade inusitada.

Poucas são as atrizes que conseguem se colocar como rainha, especialmente a Rainha Vitória, tão conhecida pelos seus feitos, e a escolha foi perfeita: Judi Dench. Famosa por papeis marcantes, mesmo que pequenos, ela já tinha interpretada outra rainha inglesa, Elizabeth, a Rainha-Virgem, ela tem o tom de superioridade que este tipo de personagem requer.

O hindu, que era mulçumano, é interpretado por um indiano de verdade, Ali Fazal, de carreira ainda curta, mas bem movimentada em Bollywood e filmes ocidentais, como “Velozes e Furiosos 7”. Ele soube equilibrar a alegria deslumbrante de alguém que conhece um mundo novo e a seriedade para encarar os problemas reais.

Outro destaque é a presença de Eddie Izzard como o filho “playboy”, Bertie, Príncipe de Whales (era o Harry da época, só que pior, parece que não encontrou a Meghan dele). As poucas aparições lembraram a veia performática que se conhece dele desde “Across The Universe”. Ah, ele emprestou a voz para “Os Simpsons”, um dos personagens era Rainha Elizabeth II.

Imaginar que uma mulher tão importante teve a humildade de olhar para alguém sem títulos e lhe dar sua mais sincera amizade nos faz ter fé na humanidade e, por quê não, em nossos governantes.

 

Beijinhos e até mais

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