O Homem de La Mancha: espetáculo inesquecível com qualidade da Broadway.

Sexta, dia 27, tive o prazer de assistir ao musical O homem de La Mancha, que está em cartaz no Teatro Bradesco no Rio de Janeiro. O musical é sucesso mundial e fui buscar os motivos que o levaram a ter fama internacional, além de receber essa sua segunda versão no Brasil.

Com direção de Miguel Falabella, músicas de Mitch Leigh, letras de Joe Darion e texto de Dale Wasserman, o espetáculo conta com vários prêmios, dos quais se destacam: melhor ator de teatro em 2014 pela APCA para Cleto Baccic, melhor musical em 2015 pelo prêmio Bibi Ferreira, melhor direção em 2015 pelo prêmio Bibi Ferreira para Miguel Falabella, melhor espetáculo em 2014 pela APCA, entre muitos outros.

A trama aborda a prisão de Miguel de Cervantes em um manicômio, lugar onde ele descobre que as insanidades de seu personagem máximo, D. Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura. não são tão estranhas assim.

Deste modo, diante de uma plateia disposta a ouvi-lo, Cervantes inicia o relato de uma aventura onde a loucura se mostra a ferramenta do mais justo e são dos homens. D. Quixote é um homem com devaneios de grandeza, mas pleno da humildade necessária para se manter firme em seus propósitos e, principalmente, no amor que surge em seu coração, um amor capaz de mudar pessoas e trazer, verdadeiramente, a nobreza que ele sempre quis em seus devaneios.

História atemporal.

A trama sobre as aventuras e desventuras de D. Quixote é um patrimônio da humanidade. Feita para mostrar uma realidade diferente da mostrada pelos livros com cavaleiros andantes que eram quase super humanos, D. Quixote trás uma narrativa onde um homem velho e insano se mostra o mais jovial e são dos heróis improváveis da história da literatura.

Não é à toa que essa história ganhou incontáveis versões, incluindo esta impecável versão musical que já esteve na Broadway, no cinema através do filme The man of La Mancha, de 1972 (com Peter O´Toole e Sophia Loren) e também foi apresentada no Brasil pela primeira vez em 1972 e contou com os talentos de Paulo Autran (D. Quixote/Miguel de Cervantes), Bibi Ferreira (Dulcinéia) e Grande Otelo (Sancho Pança).

Músicas.

São 27 músicas que marcam esta obra. Além das competentes vozes dos autores, uma orquestra de 18 músicos dão o tom e a trilha sonora necessária para transformar as canções em algo inesquecível. Ressalto que a acústica do Teatro Bradesco é excelente e indispensável para que todo o encanto da peça seja transmitido aos espectadores.

Na orquestra – que mostrou uma competência impressionante – estão Daniel Rocha (regente), Flávio Lago (pianista), Francisco Gonçalves (oboé reed II), Raul d´Oliveira (baixo acústico), Gesiel Nascimento (trompete I), Ricardo Nascimento (trompete II), Marcos Passos (clarinete), Débora Nascimento (fogote), Jef de Lima (guitarra flamenca), Clarissa Bonfim (flauta), Wanderson Cunha (trombone I), Vagner Correa Junior (trombone II), Waleska Beltrami (trompa I), Eliézer Gomes Conrado (trompa II), Beto Bonfim (percusão I), Rafael Maia (bateria), Rodrigo Foti (tímpano) e Waldir Júnior  (guitarra flamenca).

Elenco.

Antes de citar os nomes dos atores e atrizes que transformaram O Homem de La Mancha em um sucesso absoluto, preciso dizer que cada um dos integrantes do elenco, incluindo os músicos (citados acima), é de vital importância para transformar uma história em um verdadeiro espetáculo. E qual o motivo para afirmar isso? Explico…

Durante a apresentação, principalmente em peças teatrais, não é incomum ver alguém do elenco distraído, apático ao que se passa. Nesse musical, contudo, isso não ocorreu uma única vez. Todos estavam focados em suas atuações, interagiam perfeitamente e deram a veracidade necessária para que nós, espectadores, nos sentíssemos realmente dentro das aventuras do Cavaleiro da Triste Figura. Eles fizeram uma verdadeira imersão em seus papéis.

 

No elenco estão Cleto Baccic (Cervantes/D. Quixote), Sara Sarres (Aldonza/Dulcinéia), Jorge Maya (Sancho), Davi Barbosa (Governador), Frederico Oliveira (Duque), Cássia Raquel (Antônia), Frederico Reuter (Padre), Luiz Gofman (Barbeiro), Clarty Galvão (Criada), Floriano Nogueira (Sansão), Dino Fernandes (Hospedeiro), Noedja Bacic (Maria), Gabriela Germain (Cigana), Fabricio Negri (Pedro), Bruno Fraga (Anselmo) e Beto Marque (Diretor). Também atuam, Helcio Mattos, Bia Castro, Cássio Collares, Fernanda Biancamano, Julio Felix, Ditto Leite, Giovanna Oliveira, Nando Motta, Alice Zamur, Felix Boisson, Manu Littiery, Guilherme Gonçalves, Anelita Gallo e Renato Caetano.

Sobre o diretor, Miguel Falabella.

“O maior pecado de todos é ver a vida como ela é, e não como ela deveria ser!” A frase de D. Quixote de La Mancha, o Cavaleiro da Triste Figura, na adaptação teatral de Dale Wasserman do romance de Cervantes, ganha um contorno emblemático, no espetáculo que vocês assistirão dentro de minutos. Ela afirma a necessidade imperiosa de romper as barreiras de um mundo injusto e cruel e buscar alguma respostas, além dos grandes vazios das planícies de La Mancha. É desse conflito que nasce o visionário, o louco, e o homem recria o mundo a seu bel prazer, enxergando nobreza no lixo, tocando os corações dos puros.

Quando fui convidado para dirigir o musical, imediatamente lembrei-me de outro visionário. Arthur Bispo do Rosário, um dos grandes artistas plásticos brasileiros, viveu por 50 anos internado na Colônia Juliano Moreira, onde criou uma obra impressionante que, tal qual nosso cavaleiro espanhol, recriava o árido cotidiano, literalmente transformando a vida em arte, assim como ela deveria ser.

Achei que seria interessante juntar esses dois visionários em cena e propus a ideia ao Atelier de Cultura, que o abraçou sem medo.

Essa é a breve história da gênese desse espetáculo. Como sempre, trabalhei com as melhores condições possíveis e agradeço a todos os parceiros de empreitada. Ao elenco faltam-me adjetivos, mas eles serão óbvios para vocês dentro de instantes. A todos, o meu amor incondicional.

O teatro sempre nos traz de volta àquelas que amamos. O espetáculo teatral quando chega ao coração do público, opera um milagre. Ele cresce. Alonga-se como um gato ao sol. Mas, principalmente, o teatro nos obriga a ir além. Ou você se expande, ou você implode!

As palavras acima foram retiradas do folder de apresentação do musical. Fiz questão de colocá-las na íntegra para que tenham uma noção da dedicação do Miguel ao teatro e aos companheiros de palco. 

Os talentos por trás de O Homem de La Mancha.

Atuar sempre se torna mais simples quando temos uma equipe que dá suporte e proporciona os elementos essenciais à atuação, tais como o som, coreografia, figurinos, cenários, iluminação, etc. Então, nada mais justo que deixar explícito quem são essas pessoas sem as quais o espetáculo não aconteceria: Floriano Nogueira (Diretor Cênico Associado), Daniel Rocha (Diretor Musical/Regente), Matt Kinley (Cenógrafo), Kátia Barros (Coreógrafa), Claudio Tovar (Figurinista), Drika Matheus (Designer de Luz), Gabriel D´Angelo (Designer de Som) e Gabriel Amato (Diretor Técnico).

Parabéns pelo ótimo trabalho!

Sobre o Teatro Bradesco.

O Teatro Bradesco fica no Village Mall – Av. das Américas 3.900, Barra da Tijuca. A despedida será hoje, domingo, às 18 horas. Os preços variam entre R$ 75 (balcão nobre, camarotes e frisas), R$ 120 (plateia alta), R$ 150 (plateia baixa) e R$ 180 (plateia gold). O conforto, o atendimento e a estrutura do teatro são de primeira qualidade, faço questão de frisar. Vocês verão que o respeito ao cliente começa na bilheteria e se propaga em todos que compõem a equipe que recepciona e faz com que o espetáculo comece antes do musical.

Isso é respeito e tratamento adequados aos que lá vão para ter uma noite inesquecível.

Breve apresentação.

Deixo, para finalizar, uma participação de Cleto Baccic e Sara Sarres no programa Todo Seu, apresentado pelo gentleman Ronnie Von. Nesse episódio, além de uma “palhinha” de Um Sonho Impossível, também há uma entrevista com os atores.

P.S.: a entrevista aconteceu quando o espetáculo estava no Teatro Alfa em São Paulo. Agora, vocês terão a última oportunidade de vê-lo no Rio de Janeiro, no já citado Teatro Bradesco, hoje às 18 horas. Será 1 hora e 45 minutos de belas canções, atuações impecáveis e uma produção inesquecível no teatro brasileiro. Imperdível!

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