“O Doutor da Felicidade” – Uma aula sobre o capitalismo

Em “O Doutor da Felicidade”, de Lorraine Lévy, Omar Sy (“Intocáveis”, “Samba”, “Jurassic World”) é Knock, um “médico” que vê num vilarejo dos Alpes franceses uma oportunidade única de ganhar dinheiro. O filme é uma adaptação do conto francês “Knock ou le Triomphe de la Médecine”, escrito por Jules Romains em 1923.

Knock é um malandro pobre que vive em Marselhe – França – e que sobrevive de golpes para se manter. Logo no início do longa ele vê uma oportunidade de fugir da sua cidade, de seus problemas e também de arrumar um emprego decente. Mesmo que esse emprego seja de médico em um cruzeiro, sem ter a menor noção desta profissão, munido apenas de livros de medicina deixados no navio pelo médico anterior.

Já a bordo, sua malandragem, aliada a uma boa dose de sorte, consegue fazer com que ele não seja descoberto. E, mais ainda, faz com que ele se apaixone pela profissão e decida fazer faculdade de medicina.

5 anos depois, Knock chega à pequena cidade de Saint-Maurice com um diploma nas mãos. Mas ele não quer apenas realizar sua profissão. Ele também vê na cidade uma oportunidade de fazer fortuna. Utilizando sua lábia e seu conhecimento, ele convence a população de que eles não são tão saudáveis quanto pensam. E, começando a realizar consultas gratuitas para formar uma clientela, ele vai diagnosticando em praticamente todos os seus pacientes doenças reais, exagerando um pouco nos sintomas ou nno seu prognóstico, ou mesmo doenças imaginárias.

Utilizando como armas sua simpatia, aparência sedutora e depois de ganhar a confiança dos moradores, Knock está a um passo de alcançar seus objetivos. Porém, seus planos são incomodados por dois imprevistos: os sentimentos do coração e seu passado. Esta parte do filme que aborda seu relacionamento foge um pouco do escopo do filme, mas é útil para mostrar que Knock não é unicamente um vigarista sem sentimentos que só pensa em dinheiro e não se importa com as pessoas.

Sua presença muda a vida da pacata cidade, pois doenças necessitam de remédios. O dono da farmácia ganha mais dinheiro, e pode comprar mais coisas caras para sua mulher. Também é necessário reformar a clínica, ou mesmo montar um hospital, já que cada vez mais pessoas podem ficar doentes. Par montar um hospital é preciso de mais funcionários, fora a construção civil. E cada vez mais a cidade vai se transformando, gerando mais emprego, renda e oportunidades de negócio. Quem não gostou nada dessa mudança é o padre da cidade, que vê sua “clientela” diminuir e sente que seu poder de controle sobre a população não é mais o mesmo. Mais uma crítica social áspera abordada.

Traduzindo, o filme é uma aula sobre o capitalismo! O filme também aborda, de uma maneira velada, a questão do preconceito, devido a Knock ser negro, mas não se aprofunda muito. Também se propõe uma incógnita se o diploma de médico dele realmente é verdadeiro ou não. Afinal, ele foi um golpista. Mas seu passado é suficiente para apagar seu esforço? A pessoa tem o direito de ser feliz e se redimir dos erros no passado? Knock é apenas uma pessoa que viu uma oportunidade de se dar bem e também fazer outras pessoas lucrarem com isso? Os fins justificam os meios? O capitalismo realmente é a melhor forma econômica? Um filme interessante que mostra de uma maneira simples como funciona a nossa sociedade atual.

Filme disponível a partir do serviço Sofá Digital nas seguintes plataformas: iTunes: R$ 14,90 (Venda) R$ 7,90 (aluguel), Now: R$ 14,90 (aluguel), Google Play / Youtube: R$ 29,90 (Venda) e R$ 9,90 (Aluguel) e Vivo Play: R$ 11,90 (aluguel)

Mais do NoSet

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *