O Círculo – É Tão Black Mirror?

Sinopse: O Círculo conta a história de Mae, (Emma Watson) uma menina do subúrbio, que vive num mundo distópico, onde existe uma empresa chamada Circle, cuja tecnologia é um pouco mais avançada que a que temos hoje. Mãe, consegue um emprego na empresa e começa a sua escalada meteórica na empresa. Tudo parece bem, mas NEM TUDO É O QUE PARECE.

O que pode parecer um bom argumento  pra mais uma história que mostra o perigo da tecnologia na nossa vida, que devemos usá-la com moderação, que o olho no olho, o toque na pele é mais importante que ter vários likes, shares, crushes, posts, matches (e qualquer outra palavra de duas sílabas em inglês que queiram para representar esse mundo modernoso que vivemos), acaba se mostrando um filme extremamente raso, e que não tem nenhuma razão de existir. Pode parecer exagero, mas é verdade. Depois que passa o ‘rage’ (para continuar nos termos em inglês de duas sílabas) por ter perdido 110 minutos da vida assistindo um filme tão ruim, a pergunta mais comum de se fazer é: Por qual razão fizeram esse filme?

E vamos pensar por partes: A mais justificável é o argumento. Okay, o argumento não é lá tão ruim. Se for pra contar a história do filme, do começo ao fim, ignorando alguns trechos e dando uma caprichada melhor no final, pode sim, ser um argumento digno de um episódio de Black Mirror. Só que, por The Circle ser a adaptação de um livro, acaba tirando qualquer chance de elogio a originalidade do argumento para a obra cinematográfica.  E, segundo, quem é que teve a ideia de desenvolver um roteiro tão besta em volta dessa história? E James Ponsoldt escreveu esse roteiro em que ano? A forma que os personagens se relacionam entre si e como a tecnologia pode interferir da forma que é apresentada na ‘obra’ está batida antes mesmo do lançamento do livro em 2013.

Mas tá, tá… existe o roteiro e alguém perdeu seu tempo fazendo isso… como é que alguém investe dinheiro num filme tão inexpressivo como esse, contrata grandes atores para papeizinhos tão medíocres e deixa um diretor guiar a história de uma forma mais fraca ainda do que a escreveu?

James Ponsoldt, que teve até boas críticas no seu penúltimo filme (The End of The Tour, de 2015) não entrega nada de diferente no seu trabalho a frente de The Circle. E em nenhum momento mostra o porquê de ter tido essa confiança da produtora pra fazer um filme autoral.

Sério, cara! Cê tá dirigindo o Tom Hanks! Arrasa numa cena inesquecível aí do cara, apela pra ele chorando com a câmera bem perto do rosto dele por alguns minutos, mas aproveita a oportunidade, rapaz! Não acredito que você nem tentou!

O fato é, o filme não traz neca de pitibiribas ao gênero e se assemelha muito mais a um drama vazio pra adolescente de cabeça oca como o recente Nerve (2016) do que ao hypado (e com certa razão) Black Mirror. Com uma diferença bastante significativa: O pessoal da equipe de The Circle não sabia o filme que estavam fazendo!

Em Nerve, repito, um filme para adolescente de cabeça oca, a direção, a produção, os atores, o roteirista, enfim… todo mundo sabia o público que o filme queria atingir. E fez o melhor possível dentro da proposta que tiveram. Já em The Circle, é um filme pra absolutamente ninguém. Não tem ação, não tem romance água-com-açúcar, não tem plot twist, não tem nada, nadica de nada! Talvez, o único público que tenha achado o filme relevante, é um púbico que conseguiu passar desapercebido por qualquer ficção científica desde Gattaca lá em 1997 e por acaso se vê dentro da sala de cinema porque gosta de algum dos atores ou foi levado por um amigo.

Peço perdão pela possível hipérbole, mas, The Circle é um dos piores filmes que eu já vi na vida.

Nota: 0,0 de 10

Eu me arrumando pra ir ao cinema/ Depois de sair da sessão de O Círculo

E eu penso que ninguém pode ficar acusando um filme de ser tão bom, ou tão ruim, sem justificativas plausíveis. Então, depois do teaser aqui em baixo, começa uma crítica recheada de spoilers.

Então, se você está aqui, muito provavelmente já viu o filme (meus pêsames), e vou falar sobre alguns pontos do filme que o tornam uma tragédia:

O começo da história é morna e não te motiva direito a ficar feliz com a contratação de Mae (Emma Watson) pela empresa. Mas o resto do primeiro ato é totalmente sem graça… e a única coisa que destoa disso é a péssima atuação de Ellar Coltrane (também, seu personagem Mercer é um dos piores personagens dos últimos anos no cinema).O problema começa mesmo com a aproximação inexplicável de Ty (John Boyega) e Mae. O segundo ato começa e nós temos uma cena de ação sem graça nenhum, sem ritmo e pessimamente dirigida. E aí já da pra perceber que o filme não tem volta.

As coisas começam a acontecer muito depressa no filme, parece um livro ruim onde você tem que preencher lacunas do que aconteceu de uma cena pra outra, pra película ter alguma coerência. Um exemplo disso, é a transformação repentina de Annie, melhor amiga de Mae. Ela chama a amiga pro trampo e se mostra super feliz, quando ela se destaca na apresentação, fica estranha e forçadamente impressionada e do nada ela se transforma numa invejosa da porra que percebeu que as coisas ali estão tudo errado e saiu do top 40 da empresa pra voltar pra Escócia porque… porque sim.

Mas antes dela voltar pra Escócia, ainda tem o que eu acho a pior cena desse filme. A cena em que a Mae rouba as atenções na reunião do conselho com uma ideia de voto obrigatório para os Estados Unidos. Como se ninguém tivesse pensando nisso na história  do país, e a personagem de Emma Watson fosse a pessoa mais gênio do mundo por pensar em algo com tamanha magnitude e genialidade.

Em alguma parte ali no segundo ato, eu percebi que o filme seria o pior do ano, mas realmente não pensei que chegaria a níveis astronômicos de ruindade como na cena da morte de Mercer, que não faz sentido nenhum ele ter saído correndo como um babuíno que sabe dirigir picapes (não sabe tanto assim né)… é um desespero infundável e sem emoção alguma.

O filme chega até a ser surpreendente em algumas escolhas: quando eu já tava cansado do filme, eu já pensava que as cenas iam ter as piores soluções possíveis, mas ele consegue ser ainda pior. Por inúmeras vezes, nos últimos 30 minutos de filme eu pensei em levantar do cinema e ir embora, algo que nunca tinha me acontecido. O filme consegue, com primor, surpreender negativamente.

Quando eu saquei o final, (Ela vai voltar pra empresa, vai mostrar junto com o John Boyega que o Tom Hanks e o Pattom Oswald são safados, mas eles vão se mostrar honestos porque eles mapearam a Emma Watson inteira e já previu todas as reações dela), que surpresa foi a minha quando foi quase isso, tirando a última parte… eles desmascaram os dois, e o filme acaba. Sem nenhuma consequência, sem nenhuma solução clara pro ato de todo mundo ali. O que vai ser do Círculo? Qual vai ser a consequência dos fundadores da empresa?

Mas enfim, o que vocês acharam do filme? Acharam tão ruim a ponto de ser válida a nota zero? Acha que o filme tem algum mérito que eu não consegui enxergar? Aguentaram ficar até o fim do filme no cinema? Acha que o filme não merece uma crítica desse tamanho? Deixa seu comentário aí embaixo pra gente conversar

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