MEU GRITO DE SOCORRO!

Eu quero voltar para casa! Não para o lugar onde eu nasci, mas o lugar onde deixei outro pedaço de minha alma e que agora passa-me a fazer falta. Como é triste a sensação de vagar por ai, ver passarem os anos e nunca, nunca mais sentir-se em casa. Onde foi que me perdi? Em que lugar deste imenso universo habita minha outra metade, aquela que deveria preencher o vazio, o eco, a dor que me aflige dia e noite, a desesperança de nunca mais regressar. Para onde regressar?

Não posso acreditar que vivamos apenas uma vida, uma única e efêmera vida, queria reencontrar o lugar, as pessoas, a casa onde abandonei a outra metade da minha alma. Deus, permita-me isso? A quem pretendo enganar? Deus tem mais o que fazer que atender um desejo tolo como esse. Se ao menos eu soubesse em que vida, em que mundo, em que século, mês e ano eu deixei minha outra metade? Mas nem isso! Não sei nada, absolutamente nada. Apenas saudade!

Talvez e bem provavelmente eu a tenha abandonado pelo Século XVIII no velho mundo, lá pelos lados de Yorkshire, na Inglaterra. Tenho verdadeiro fascínio pelos ingleses, seus costumes, sua imponência, elegância, educação e refinamento. Em muito pouco, devo admitir, me pareço com eles, mas isso não me torna menos fascinado, deslumbrado com os anos dourados do longínquo Século XVIII.

Não sinto falta de Londres, mas de York, que nunca se quer conheci. Mas o farei, prometo! Acho que para alguns mais que para outros a idade da alma pesa mais que a do próprio corpo. Minha alma esta cansada, exausta, chorosa. Queria tanto voltar para casa. Meus olhos se enchem de lágrimas com a simples eminencia desta possibilidade. Sei que escrevo como um tolo, mas, apenas hoje, permito-me a fazer tal coisa: Ser um tolo!

Sentir o ar puro dos campos, o gosto do chá, o calor vindo das lareiras incandescentes, o badalar dos sinos, os cães correndo pelos campos verdes, meu Deus, que saudade!!!! Ainda que meu corpo seja jovem, minha alma já não resiste mais a penosa tarefa de sobreviver no mundo moderno. Porque me aprisionar neste Século onde não vejo graça, nem se quer beleza? Onde não tenho a mim mesmo?

Desejo ir embora daqui o mais rápido possível! Envie em meu lugar outra alma, mais jovem, mais disposta, mais a vontade com esse mundo de rock, shows, baladas e cerveja. Uma alma mais disposta, menos idosa, que leia livros mais engraçados, mais atuais e não as velharias do Século passado as quais estou preso. Mande uma alma mais apegada a realidade e não as fantasias, uma alma que suporte o que a minha já tão idosa não pode dar conta.

Permita oh Deus, que eu repouse junto aos meus, no meu lugar, na minha casa, ouvindo a chaleira fervendo no fogão, e o chá sendo preparado na cozinha. Mas não demore oh Deus, seja breve, não sei por quanto tempo essa velha alma ainda resistirá as agruras dessa existência.

Reconheço oh Deus, que tens sido formidavelmente bom e generoso, e não se trata do Senhor, mas de mim, de uma alma que já viveu tempo demais, para ser afligida com tanta saudade. Acredite-me oh Deus, a dor já se tornou insuportável!

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