Maligno (The Prodigy): fórmula simples e clichês para tentar assustar.

Maligno (The Prodigy) é mais uma tentativa de fazer horror tendo como recurso as crianças. Grandes obras já se valeram do medo que os pequeninos podem impor aos adultos. Entre elas, podemos citar: A Profecia (The Omen – 1976), O Exorcista (The Exorcist – 1973) ou a clássica passagem de O Iluminado com as duas garotas no corredor. Há, claro, mais filmes com crianças sombrias, mas nem todas com o sucesso dos que foram acima citados.

Infelizmente, Maligno é um destes que não obteve sucesso com o uso da fórmula. Vamos compreender os motivos? Continue comigo…

 

 

Inicialmente nos deparamos com uma jovem que foge de um cárcere. Lá, um psicopata torturava mulheres e arrancava uma de suas mãos como troféu; posteriormente elas eram assassinadas.

A fuga dessa garota levou a polícia – através de seu depoimento – até o assassino e ele acaba morto na ação. 

Calma, isso é a premissa básica da história. Não se trata de spoilers!

No exato momento em que o assassino é morto pela polícia, nasce Miles (Jackson Robert Scott). Claro que vocês já entenderam que o monstro migra para o corpo do bebê. E é a partir daí que a trama efetivamente ganha ares de terror. Ou pelo menos tenta.

Conforme o tempo passa e Miles se desenvolve, um intelecto fora do comum se manifesta, o que agrada e preocupa os pais. O problema desse prodígio está no fato de que junto com a inteligência veio uma maldade fora do comum.

Atuações.

A trama tem até uma história que poderia chocar, já que estamos falando de colocar um espírito maligno dentro de uma criança. O porém está no fato de que o esforço do elenco não passa muita credibilidade até quase metade do filme. A mãe de Miles, Sarah (Taylor Schilling) se esforça para dar força à mulher que tem o pior pesadelo de sua vida materializado, porém isso só fica visível quase no final da trama (justamente no clímax). 

Miles é uma versão muito menos assustadores do pequeno Damien (Harvey Stephens), o anti-Cristo no filme A Profecia (The Omen). Isso é uma pena, pois podemos ver que o garoto se esforça em muitos momentos. Creio que a direção não cobrou o suficiente para que Miles saísse de uma simples referência a outro personagem de uma obra do terror para ganhar seu lugar no Hall da Fama dos monstros do cinema. 

Uma pena.

As demais atuações, inclusive a do ator Peter Mooney que faz John, pai do menino, são interessantes sem que isso implique em algo mais.

E o que deu errado, afinal?

O roteiro não trouxe inovações (algo difícil quando o assunto é terror no cinema). O roteirista Jeff Buhler não foi feliz ao contar uma história que tem potencial, mesmo sendo já conhecida do público. Quando um filme tem como plot central a possessão de alguém, esperamos duas coisas: ou um ser com poderes sobrenaturais, ou alguém que incorpore a essência da maldade, pois o espírito possessor não tem mais vínculos com os pudores e medos que nós temos quando vivos. Excetuando-se pequenos lampejos de medo, Maligno não nos entrega um protagonista convincente e isso é devido ao roteiro que abusa dos clichês e tenta copiar (repaginar) uma obra-prima do terror… sem obter sucesso.

Destacando o fato da falta de criatividade, vejam os pôsteres de Maligno e A Profecia para que entendam que houve a busca por uma história parecida com a do clássico de 1976:

O final do longa-metragem também trouxe exatamente o que vimos em A Profecia. Pode parecer exagero, mas não é. A falta de zelo foi tanta que eu reconheci imediatamente a parte em questão. Ainda que haja diferenciações por conta do contexto histórico de cada filme, vi semelhanças além do que eu gostaria entre eles.

Assim, Maligno é um filme mediano que perdeu a ótima oportunidade de trazer medo – já que novidades seriam impraticáveis- e uma revitalização ao gênero. Apesar da direção boa de Nicholas McCarthy e do esforço do elenco ao final da história, não recebemos aquilo que o trailer e as propagandas prometeram.

 

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