Sol e sonhos em Copacabana, de Aliel Paione

O motivo de essa resenha demorar tanto a ser escrita é que a leitura de Sol e Sonhos em Copacabana foi complicada para mim. Gosto de romances históricos e quão foi a surpresa que tive ao receber o livro do Aliel Paione aqui em casa. Fiquei surpreso, por ter nas mãos um romance histórico nacional, e empolgado. Comecei a leitura, e o ambiente do Rio de Janeiro no início do século XX me deixou encantado. Copacabana ainda não era urbanizada, e pensar nisso é diferente. Pois somos acostumados a ver o tempo todo filmes, comerciais, novelas, reportagens, mostrando a Copacabana repleta de prédio à beira mar, um dos pontos turísticos mais badalados do país. E quando lemos a Copacabana ainda tímida, sem todo o prestígio, ficamos curiosos. Pois bem, é esse o motivo de ter gostado, em parte, desse livro. Como já escrevi, gosto de ler romances históricos. Mas, por ter um gosto mais “brutal” em relação a esse gênero (guerras sendo travadas, espada contra espada, etc), a trama não despertou em mim interesse.

Um jovem diplomata francês chega ao Rio em 1900. Ele é filho de uma aristocrata francesa, casada com um senhor não muito nobre, e torna-se diplomata para continuar o legado – e prestígio da família. Quando chega ao Brasil, sente-se livre das convenções sociais e suas regras. É diferente de todos aqueles que possuem altos cargos. Simples, humilde, e mulherengo. Gosta de ir aos locais de prostituição da época, mesmo sendo lugares luxuosos não deixa de ser aquilo que é. Nos primeiros capítulos Jean-Jacques trava amizade com seu motorista (o veículo da época era a charrete). Toda a ambientação é bem acurada, dá para sentir o espírito da época, e o autor também adiciona comentários políticos, o que adorei. Então o leitor fica por dentro não só de como era a vida social em 1900, mas também como era os debates políticos, o que estava acontecendo de importante naquela época, interesses próprios dos políticos para beneficiar a si mesmos e não a população, nada diferente do nosso Brasil atual.

Porém, quando percebi que todo o drama se daria por causa de uma mulher bela e prostituta, já fiquei com um pé atrás. Para falar a verdade, achei clichê. Formaria um triângulo amoroso com todas as consequências que nós já conhecemos. Jean-Jacques, certo político famoso da época e a bela moça. Os detalhes históricos são os pontos positivos do romance, e prosseguiria a leitura só para mergulhar naquela época  distante do nosso Brasil tão conturbado e urbanizado. Minhas ressalvas são essas, mas cabe ao leitor decidir se vale a pena ou não. Acho importante ler livros desse gênero, pois são poucos que se dignam a fazer uma pesquisa séria e profunda sobre a nossa História e trata-las em um romance.

Pandorga, 384 pgs, R$39,90

★★★

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