Perseguição à Branca de Neve – “Branco como a Neve”

Os contos de fadas clássicos sempre inspiram a novas histórias, seja como inspiração para uma nova história ou uma releitura. É nessa linha que segue a trilogia “Branca de Neve’, da autora finlandesa Salla Simukka.

Falarei em específico do segundo livro da trilogia, “Branco como a neve” (que vem a ser o conceito do meu nome, por isso me interessei logo de cara). Já aviso que só li esse livro, logo, minha visão pode ser limitada sobre alguns elementos da saga.

Até onde eu saiba, nessa história não existem anões, fadas nem magia, mas sim uma protagonista, Lumikki (Branca de Neve, em finlandês), expert em entrar nos problemas que não têm nada a ver com ela. Segundo a sinopse, no primeiro livro, o “Vermelho como Sangue”, ela se envolve com a máfia, é perseguida e torturada, então consegue resolver essa situação e fugir da Finlândia.

Agora Lumikki está em Praga, capital da República Checa, tentando limpar a mente dos horrores da máfia, além de estar se adaptando com o “calor”. Nesse meio tempo, que ela queria aproveitar sozinha, uma garota estranha, Zelenka, a aborda dizendo ser sua irmã, mas guarda muitos segredos e acaba envolvendo Lumikki em mais uma situação perigosa.

Zelenka era estranha porque fazer parte de uma seita, a Família Branca, daquelas que fazem a cabeça dos participantes falando de um bem maior, que se vestem todos iguais (de branco, por isso “Família Branca”), os participantes têm que entregar todos os bens materiais para o líder, dentre outras coisas. Detalhe, o líder já tem histórico com seitas e é muito perigoso.

Por ser uma questão delicada e tem potencial de ter muita audiência na televisão, a TV investigativa local está estudando o caso, mais especificamente o jovem e audacioso jornalista Jiři.

As histórias de Lumikki, Zelenka e Jiři se cruzam quando um importante membro da seita, Jaro, marca de fazer uma declaração pública para a emissora de Jiři e acaba morrendo em um suspeito “acidente de trânsito”. Lumikki está apegada a ideia de ter uma irmã, então tenta consolar Zelenka por sua perda, mas lembra de ter visto Jaro conversando com um rapaz em um bar, o que parecia ser uma entrevista, então vai atrás de Jiři.

A partir daí há uma série de eventos ligados à seita, mais uma vez Lumikki está sendo perseguidas por causa de algo que não tem nada a ver com ela.

O livro tem tudo para ser bom, a ideia é muito boa, a inspiração na Branca de Neve é interessante, a influência da cultura nórdica saí bem do óbvio, assim como alguns diálogos em checo, quando estamos tão acostumados com inglês, porém tem algumas coisas que não me agradaram.

Achei exagerado demais ter tantas menções ao calor, tiveram momentos que a temperatura e seus efeitos passaram a ser um personagem tão principal quanto a própria Lumikki. Tenho uma outra razão, bem mais particular, a narração sempre diz que a temperatura está entre 23° e 25°, na minha cidade isso é frio (de colocar casaquinho pra sair à noite #SouDessas kkkk), estranhei muito quando ela disse que isso a fazia suar muito, mas isso sou eu.

Duas coisas ficaram muito soltas nesse livro, que, espero eu, tenham sido apenas ganchos para o terceiro livro, porque, se bem desenvolvidas, são histórias interessantes. De um lado tem um segredo de família, que Lumikki achava ser a irmã perdida em Praga, mas acaba que não é. Do outro lado tem Liekki, primeiro amor de Lumikki e que aborda a questão do transgênero.

No geral é uma trama que tenta ser policial e de suspense, mas deixa a desejar na narração, fica com aquela sensação de romance adolescente, com problemas que eram para ser muito mais complexos, mas não são bem abordados. A notícia boa é que tem momentos que prendem, deixou aquela vontade de conhecer os demais livros.

Enfim, não é o dos melhores livros do gênero, mas não é ruim, a leitura é até dinâmica.

Beijinhos e até mais.

Mais do NoSet

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *