Homem-Formiga e a Vespa. A Marvel acerta em cheio no humor e na ação!

Alguns dos filmes da Marvel se destacam pelo tom mais leve. Guardiões da Galáxia (2014) teve essa abordagem e foi um tremendo sucesso. O primeiro Homem-Formiga também usou da mesma fórmula e agradou muito os fãs. Agora, após quatro longos anos de espera e vários eventos gigantes, eis que surge o novíssimo Homem-Formiga e a Vespa (estreia amanhã, dia 05 de julho), uma continuação direta do primeiro longa-metragem do herói. E, acreditem, valeu cada segundo de espera.

Antes de prosseguirmos, vamos ao trailer final…

O que antecedeu esse filme?

Uma pergunta pertinente, pois o primeiro e o segundo filmes, como já dito, são interligados em nível quântico (perdoem o trocadilho). Scott Lang (Paul Rudd)  desde o início se mostrou um pai amoroso, ainda que enrolado. Ele cumpriu pena e era um péssimo exemplo para a filha. O interessante foi mostrar as dificuldades de um ex-presidiário para conseguir emprego e para retomar aquilo que foi interrompido pela prisão.

Mas o foco era a assunção do manto do Homem-Formiga por Scott, uma vez que seu criador, Hank Pym (Michael Douglas) não tem mais as condições de saúde necessárias para a empreitada. Uma outra parte importante está no fato de que uma peça indispensável para acessar o Reino Quântico está com os Vingadores.

O filme mostrou tanto o lado paterno quanto malandro de Scott, sua relação complicada com Hope Van Dyne, filha de Hank, e o confronto com o Jaqueta Amarela. Bom humor, uma história acessível a todos e efeitos interessantes marcaram o longa-metragem e garantiram a inclusão do Homem-Formiga em Capitão América: Guerra Civil e, provavelmente, no próximo filme dos Vingadores.

Lilliput.

O que torna tão interessante o universo do Homem-Formiga é a miniaturização não apenas dele, mas de objetos que antes eram impossíveis. Desde o primeiro filme que vimos a diminuição e a ampliação de objetos. Agora, neste novo longa, não só o Reino Quântico é desmembrado como, ainda, podemos contemplar desde computadores até automóveis sendo reduzidos e aumentados.

Há cenas onde somos remetidos às cenas do romance de John Swift na bela e pequeníssima Lilliput.

Passados.

Mais do que mostrar novamente a interação entre Hope Van Dyne (A Vespa, interpretada pela linda Evangeline Lilly) e Scott, Homem-Formiga e a Vespa é uma bela homenagem aos anos dourados dos personagens. O roteiro incluiu passagens iniciais onde são mostrados os dois personagens originais em ação, explica a dor da perda da Vespa original para sua filha, a Vespa de hoje, e explica o porquê do sumiço do Homem-Formiga durante os eventos de Guerra Infinita. Tudo isso, claro, sem que em momento algum a violência fosse capaz de incomodar o espectador.

Todas as cenas do passado de Hank e Janet (Michelle Pfeiffer) foram reproduzidos com computação gráfica para rejuvenescer tanto Michael Douglas quanto a própria Michelle… e ficou extremamente convincente. Tal efeito também acontece (com qualidade menor) no personagem de Laurence Fishburne (que chegou a viver o Golias). As conexões estabelecidas entre os passados destes personagens, a inclusão da Ghost, a importância do Reino Quântico e até a descoberta da capacidade de ir até lá e sair (descoberta feita por Scott Lang no primeiro longa) estão feitas com muita inteligência.

Nota: em momento algum o humor transformou o filme em pastelão, tendo sido aplicado com inteligência.

E por falar em humor…

Há várias passagens engraçadas na trama, todas elas bem encaixadas e adequadas. A Marvel já errou a mão no humor quando incluiu o mesmo em uma história que deveria ser dramática. Isso, felizmente, não ocorreu dessa vez.

O convívio com a filha, a prisão domiciliar, a retomada das atividades como o Homem-Formiga, as miniaturizações e ampliações, a relação com Hank Pym, os amigos ex-malandros… tudo foi posto de forma adequada e com um timing impecável. Não há malícia ou exageros que façam com que o filme fique inapropriado para menores. Assim, insisto, este passa a ser o mais familiar dos filmes da Marvel. E isso é ótimo!

Até nos momentos mais complexos e tensos isso é aliviado por algumas passagens engraçadas ou frases. Apesar disso, todos os personagens mostram a motivação necessária para que tenham credibilidade diante do espectador.

As brincadeiras com o a palavra Ant (formiga em inglês) foram outro ponto de destaque.

Vilões.

Não há vilões 100% malignos nesta história. Ghost tem uma motivação para suas ações, assim como aquele que a auxilia em suas incursões. Já os traficantes de peças (liderados por Sonny, papel que coube a Walton Goggins) e até o agente do FBI Jimmy Woo (Randall Park) não são dotados da maldade suficiente para provocar tragédias. Aliás, o agente Woo é uma contraparte muito divertida ao Scott Lang em prisão domiciliar, aparecendo toda vez que a tornozeleira alerta para um afastamento da área monitorada. Vocês se divertirão muito com as interações entre ele e Lang.

O que temos na verdade são antagonistas (excetuando Sonny) cujas histórias os levaram até o ponto de confronto com a equipe de Hank Pym. Essa conclusão fica ainda mais clara com o decorrer do filme.

Família.

O que destacou o Homem-Formiga e o tornou cativante foi sua paternidade e o amor que tem pela filha, Cassie, interpretada pela carismática Abby Ryder Fortson. A atenção que ele dedica à menina é uma exemplo a ser seguido. Isso é mostrado ainda com mais intensidade na continuação, principalmente por colocar em risco não apenas sua liberdade, mas também a permanência ao lado da pequena.

As formas que ele encontra para se distrair enquanto está preso, assim como distrair e divertir a filha são uma diversão à parte. Sensacional! Ao mesmo tempo em que comprova sua criatividade, Scott deixa óbvio o seu amor incondicional por Cassie em todas as cenas nas quais os dois estão juntos. Cassie também é responsável por bons momentos de humor.

Destinos entrelaçados.

Fica clara através dos trailers e da sinopse do filme que esta será uma jornada em busca de Janet. Essa foi uma decisão acertada para dar continuidade à trama inicial, interligar os dois filmes ao universo MCU e, sobretudo, inserir novos personagens a essa realidade e mostrar uma boa dose do passado de Hank e Janet (relembro que eles são os heróis originais dos quadrinhos).

O roteiro (são cinco roteiristas, inclusive o próprio Paul Rudd) foi muito bem conduzido pela direção competente de Peyton Reed conseguiu prender a atenção do espectador, seja ele conhecedor ou não dos personagens existentes nas HQ.

Coadjuvantes de luxo.

A equipe de Scott, seus amigos malandros, voltou com tudo nessa sequência. Luis (Michael Peña), Dave (T.I.) e Kurt (David Dastmalchian) retornam para inserir mais humor à história. Eles mantêm a mesma interação, porém desta vez na forma de uma empresa (cabe lembrar que esta trama se passa dois anos após o primeiro longa) especializada em segurança.

Os três aparecem em vários momentos do filme e o destaque fica por conta de Luis em uma divertidíssima cena na qual ele narra (sob o efeito de uma droga) os fatos que aconteceram até a chegada dos vilões. Uma cena parecida foi vista no primeiro Homem-Formiga, o que não diminui a graça e a agilidade dessa passagem. Na verdade, ficou bem melhor que a cena do filme anterior!

A(s) Vespa(s).

Ao contrário do que muitos esperavam, a Vespa não surge apenas como uma coadjuvante. Suas passagens são intensas, ágeis e cheias de ação, o que destaca o potencial da personagem. A interação entre ela e o Homem-Formiga começa tensa e ganha entrosamento com o decorrer do filme. A atuação de Evangeline Lilly novamente é muito boa e ela certamente foi uma escolha acertada para ser a parceira (jamais uma coadjuvante) do herói.

A carga dramática da personagem é crível e Evangeline deu a dosagem certa de drama às cenas onde isso é exigido.

Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), a Vespa original, também foi inserida com muita qualidade na trama. Sua presença e a explicação para a mesma ter sobrevivido no Reino Quântico são convincentes e, provavelmente, ela terá grande pertinência nas próximas aventuras do Homem-Formiga.

Scott e Hank.

A presença de Michael Douglas trouxe uma dose extra de talento ao universo da Marvel. Ele é um ótimo doutor Hank Pym e se mostra um gênio à altura de Tony Stark e Shuri, outros intelectuais do MCU. Michael consegue evidenciar seu lado pai ao proteger a filha no primeiro longa-metragem, assim como faz – em menor escala – nessa sequência.

Quando ele e Paul Rudd contracenam é garantido o sarcasmo e o humor que existem entre um genro e um sogro que amam, literalmente, a mesma mulher. Hope é autossuficiente, mas jamais deixará de ser a filhinha amada. Nesse vulcão de emoções, ciúmes e muita diversão, o entretenimento é garantido.

Nota final.

Homem-Formiga e a Vespa é um ótimo filme da Marvel e seu universo extendido. Cenas marcantes, doses corretas de humor e um elenco impecável o colocam em uma posição de prestígio entre os filmes produzidos do mesmo gênero. Apesar de não ter o drama e as sequências de ação colossais de filmes como Capitão-América: Guerra Civil e Vingadores: Guerra Infinita, certamente agradará os antigos e novos fãs desse herói e sua parceira que, sem dúvida, já caíram nas graças do público. Um longa-metragem para assistir com a família, não importa a idade.

Bom filme a todos! Ah! Um recado da Evangeline Lilly e Paul Rudd para vocês…

P.S.: Sim, Stan Lee faz sua famosa aparição.

P.S.2: Há duas cenas pós-créditos.

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