Han Solo: além do fan service, uma ótima história Star Wars.

Muitos eram os temores sobre uma história que contasse o passado de Han Solo, Chewie e Lando Carlrissian. Personagens como eles, carismáticos e já “canonizados” entre os fãs, requerem total atenção e muito cuidado por parte de quem se propõe a fazer um spin-off que revele o passado e as curiosidades sobre os mesmos. Assim, após uma longa espera, finalmente assistimos Han Solo: Uma aventura de Star Wars. Esse é o segundo filme fora do arco principal. O segundo foi o excelente Rogue One.

Feitas as apresentações, deixo meu singelo alerta: NÃO PROSSIGA SE NÃO VIU O FILME. SPOILERRRRRRRRRRRRRSSSSS!!!!

Ainda por aqui? Beleza.

Uma das primeiras perguntas que quase todos fazem sobre o filme é: ele é tão bom quanto Rogue One. A pergunta é pertinente, já que são histórias de uma mesma vertente, isto é, são aventuras que preenchem lacunas da cronologia regular que vai do episódio I ao VIII (por enquanto). Voltando ao questionamento, a resposta é um sonoro não. Mas isso não quer dizer que o filme seja ruim. Ao contrário, as poucas expectativas me levaram a encontrar uma obra muito melhor do que poderia esperar. Há ação, romance, aventura, saudosismo e várias inserções que preenchem as perguntas e dúvidas sobre o passado de Han Solo, Chewbacca e Lando.

E o que isso significa efetivamente? Significa que vocês verão um filme que aposta no “fan service” para agradar o público que acompanhou as peripécias desse piloto malandro e seu grande amigo. Acrescentemos ainda a presença de personagens não vistos que fazem parte do passado desses heróis da rebelião. E há também a preocupação em situar o novo espectador, aquele que ainda não conhece a franquia para proporcionar uma melhor experiência.

O passado de um anti-herói.

Sim, apesar da simpatia e do tom sempre leve, Han é um anti-herói, guerreiro e piloto com grande talento. Essas características estão no longa com a proporção correta. Ao não exagerar na composição de Solo, tanto o diretor Ron Howard como o ator Alden Ehrenreich obtiveram um personagem muito próximo ao que vimos nos a partir do episódio IV, mas é bom não fazer comparações, principalmente por conta do saudosismo em torno da versão de Harrison Ford. Cada ator tem sua própria forma de interpretar e, na minha opinião, os dois são bons ao dar vida ao mercenário espacial.

Sobre o passado de Han Solo (inclusive a revelação do porquê “Solo”), muitas novidades foram inseridas à biografia do personagem. A forma como ele e Chewbacca se conhecem, sua passagem pelas tropas do Império, a disputa de malandragem entre ele e Lando, seu envolvimento com Qi´ra, como chegou a pilotar a Millenium Falcon e como a obteve, os duros aprendizados obtidos com Tobias Beckett e até como ele recebeu sua tradicional arma, a Blaster. São tantos os fan services que não tem como não gostar desse filme.

Vilões.

O principal vilão é Dryden Vos, interpretado por Paul Betttany (o Visão em Os Vingadores). Dryden é uma figura que não vê mal em tirar vidas. Sua única meta é enriquecer mais e mais, mesmo que isso possa ser sinônimo de genocídio. O temor de Beckett é um termômetro para o grau de malignidade do vilão, mas seu poder é limitado, o que implica em dizer que há alguém ainda mais poderoso por trás do monstruoso contrabandista.

Só que um filme Star Wars sobre um anti-herói como Han Solo não pode ter apenas um ser maligno. Há reviravoltas que mostrarão ao espectador que nem tudo é o que parece. Somemos a isso lições importantes como o destaque dado ao poder corrompedor do dinheiro e da riqueza.

Como dito por Tobias Beckett “nunca confie em ninguém.”

Atuações.

Woody Harrelson (Tobias Beckett) é um dos destaques. O ator soube dar vida ao ladrão e trapaceiro, o que o tornou um dos mais interessantes personagens da trama. Emilia Clarke (Qi´Ra) finalmente conseguiu fugir do estigma de Daenerys com uma interpretação concisa e à altura da mulher que inspira Han Solo. E por falar no próprio Han, temos que parabenizar Alden Ehrenreich por “fazer bem a lição de casa” ao replicar os principais traços corporais da versão de Harrison Ford, mas, como dito antes, não cabe comparações, principalmente se considerarmos que são fases distintas de um personagem (jovem e adulto). Ele conseguiu dar credibilidade ao malandro das ruas e também ao piloto em ascensão… e isso é o que queríamos como fãs de Han.

Donald Glover teve a atuação que já esperávamos, principalmente em função de suas últimas representações em séries e filmes. O cara é mesmo um bom ator e deu vida ao trapaceiro intergaláctico Lando Calrissian. Melhor ainda é a interação entre ele e Han.

Já falei sobre Dryden Vos e a participação de Paul Bettany. Ele é um assassino frio a serviço do Império, mas não teve o peso de Darth Vader, Jaba ou Boba Fett.

Por fim, entre as participações reais, temos as presenças de Thandie Newton como Val, uma ladra infiltrada no Império e amante de Beckett. Apesar de rápida, ela é bem interessante. Sobre Chewbacca, cuja interpretação fica restrita pela maquiagem, tivemos um personagem tão carismático quanto o original. A origem da amizade entre ele e Solo é um dos pontos altos da obra. Chewie foi interpretado pelo ator Joonas Suotamo.

Agora voltemos a atenção para os personagens digitais. Os três mais importantes são Lady Proxima (uma “escravagista” que explora o trabalho de pequenos ladrões, incluindo Han e Qi´Ra) cujo papel recebeu a voz de Linda Hunt, atualmente vista na série NCIS Los Angeles onde atua como Henrietta “Hetty” Lange. A outra participação na dublagem foi a de Jon Favreau (o Happy Hogan na trilogia Homem de Ferro, Homem Aranha: de volta ao lar e Vingadores: Guerra Infinita) no papel do piloto Rio Durant (realmente eu gostaria de ver mais sobre o pequenino de quatro braços por causa do carisma, mas…). Por último a droid em perpétua TPM, L3-37, cuja interpretação e voz couberam à atriz Phoebe Waller-Bridge (A Dama de Ferro, Adeus Christopher Robin). A droid tem importância não apenas como um alívio cômico, ela também é o vinculo sentimental e amoroso de Lando Calrissian. 

Em resumo, as atuações foram consistentes e à altura de um filme Star Wars.

Esclarecimento aos leitores e à Disney.

Vi esse filme com antecedência em uma cabine da Disney para os jornalistas. Na ocasião, percebi uma série de comentários insatisfeitos ou radicais sobre a história, interpretações e personagens. Por discordar dessa versão extremista, aguardei a oportunidade para ver novamente o filme (agora em uma sessão paga) com minha família. Meu filho é um fã dos filmes Star Wars com apenas 11 anos, porém conhecedor das histórias e mitologia por trás delas. Assim, ao sairmos da sessão, a primeira coisa que perguntei a esse fã (cuja mente não está poluída com comentários e opiniões radicais) foi: “gostou do filme, filho?”. A resposta foi a que eu aguardava: ele amou. Ver o passado de Han Solo, Chewie, a forma como se tornou o dono da Millenium Falcon, as novas peças neste jogo intrincado e, sobretudo, a presença de um vilão inesperado ao fim da trama o impressionaram.

Quando um filme agrada uma criança que realmente ama essas histórias, tenham certeza, alcançou seu objetivo. Eu gostei demais e minha família saiu feliz com uma aventura espacial repleta de bons momentos. E isso é o bastante!

Extra.

Essa é uma oportunidade muito boa para refletir sobre o nível de “mimimi” que o Brasil chegou. Até os pôsteres nacionais foram lançados em uma versão “light”, onde as armas foram omitidas. Confira no link a seguir: Sociedade Jedi.

Recentemente foi confirmado que Han Solo: uma aventura de Star Wars é simplesmente o filme mais caro de toda a franquia cinematográfica. O que vocês acham dessa notícia? O que lhes agradou ou desagradou no longa? Falem comigo para que possamos sempre manter uma análise justa do que os outros falam e compreender o que realmente é importante para a série em si.

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