Enormes Problemas – “Colossal”

O que a palavra “colossal” te faz lembrar? Para mim é algo enorme, gigantesco.

O filme “Colossal” (2016) não nega essa impressão passada pelo significado, é uma comédia sem muito apego à realidade, a trama traz um enorme problema pessoal, que é citado indiretamente, e outro surreal, que tenta resolver o primeiro.

Como eu sei disso e de tudo mais que ainda direi por aqui? Mais uma vez a parceria com o projeto “Sofá Digital” disponibilizou a visualização do filme no streaming do iTunes.

O tal enorme problema pessoal é o alcoolismo de Gloria, que é escritora mora com o namorado Joel. Cansado da falta de responsabilidade e as eternas ressacas dela, o moço a expulsa de casa.

Gloria se vê sem casa, sem dinheiro e sem emprego (fora demitida da revista online em que escrevia), então decide voltar para as origens, ou melhor, a casa em que cresceu, que ainda pertence à família, mas ninguém vive lá.

Nesse regresso rever um antigo colga de colégio, Oscar. Ele administra o bar do pai e a chama para trabalhar com ele. Depois do expediente ele tem o costume de fazer um “happy hour” com outros dois amigos, tudo o que Gloria não precisava.

Certo dia, depois de acordar de uma ressaca, Gloria ver uma notícia bem surreal: um monstro atacou Seul.

Meio que sem nenhuma razão aparente, mais por empatia, Gloria fica mal com a notícia, internaliza aquilo e, depois de dias seguidos de ataque na exata mesma hora, ela começa a pesquisar. A primeira coisa que descobre é que não é primeira vez que aquilo ocorreu, o primeiro ataque tinha sido 25 anos antes.

Ela começa a analisar os estranhos gestos do tal monstro e ver semelhanças com ela mesma e, então, liga os ataques com os apagões da sua memória quando está de porre (geralmente ela acorda sem lembrar de nada).

A conclusão que chega é: existe algo de muito estranho no parquinho perto da escola que a faz se transportar para Seul em forma de monstro.

Poucos dias depois ela compartilha a novidade com Oscar e os amigos, mas as coisas não saem como ela espera. Por estar bêbada, ela cai no chão, consequentemente, o monstro cai e mata alguns habitantes. Ela se desespera e tenta processar todas aquelas informações, o que gera um efeito muito positivo para sua vida, porque ela decide não beber mais, para não matar mais pessoas em sua forma de monstro.

Até aí parece tudo bem, porém há um problema maior ainda. Oscar descobre que acontece a mesma coisa com ele, isto fez com que antigos sentimentos inveja refloresçam. Ele sempre teve raiva das vitórias de Gloria na escola.

Na verdade, foi essa raiva que levou a existir esse “portal”. Quando eram crianças, eles estavam indo para a escola com maquetes, a de Gloria era de Seul, mas o vento o levou para o terreno que hoje é o tal parquinho (era quase uma floresta). Oscar entrou na cerca e Gloria o seguiu, porque se sentia agradecida por ele ter se arriscado.

Chegando lá a menina viu a real intenção do “amigo”, ou seja, destruir a maquete dela e ela ficou furiosa. Na mesma hora, porque é um filme de comédia, um raio acerta na cabeça de Gloria e a mágica acontece. Inclusive, é a cicatriz que o raio deixou na cabeça dela que ela fica mexendo quando está nervosa, este foi um dos gestos que ela reconheceu no monstro.

Por que um monstro? Porque Gloria tinha um bonequinho de um monstro (aleatório para mim) na mochila dela na hora que foi atingida.

O filme é distribuído como comédia, ação e drama, entretanto há pouquíssima comédia e ação (só tem na hora dos ataques do monstro), tem muito mais drama. O mais “engraçado” é que o personagem mais cômico é interpretado pelo ator menos cômico do elenco, o namorado controlador de Gloria, Joel (Dan Stevens, o que fez a Fera no live-action da “Bela e a Fera” de 2017).

Isso não quer dizer que o filme seja ruim, é sempre bom ver atores de comédia saindo da zona de conforto e fazendo dramas. Neste caso temos Anne Hathaway como Gloria, e Jason Sudeikis como Oscar.

Anne já é conhecida pela sua versatilidade, seus primeiros trabalhos foram em comédias românticas, sendo o mais relevante “Os Diários de uma Princesa” (“The Princess Diaries” -2001) e sua sequência, de 2004. Mas já deixou claro que sabe fazer um bom drama, com “Os Miseráveis” (“Les Miserábles” – 2012), dentre outros grandes personagens.

Já Jason Sudeikis é uma surpresa no drama e na ação, uma vez que é conhecido por filmes e séries de comédia, em geral naquele estilo besteirol americano, como “Saturday Night Live” e os filmes “Quero Matar Meu Chefe” 1 e 2 (“Horrible Bosses” 1 and 2, 2011 e 2014).

Em suma, um filme com boa reflexão sobre relações humanas, mas que não dá para levar muito a sério e, apesar de poucas oportunidades, dá para dar umas risadas (poucas, mas dá).

Sinopse: Glória (Anne Hathaway) é uma mulher comum que depois de perder o emprego e terminar o seu relacionamento é forçada a deixar sua vida em Nova York e voltar para sua cidade natal. Quando surgem relatos noticiosos de que uma criatura gigante está destruindo Seul, na Coréia, Glória gradualmente percebe que possui uma ligação com esse fenômeno. Na medida em que os acontecimentos na Coréia saem do controle, Glória percebe a razão pela qual sua existência aparentemente insignificante tem um efeito colossal e impactará o destino do mundo.

Ficha técnica:

Direção: Nacho Vigalondo
Roteiro: Nacho Vigalondo

Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell, Tim Blake Nelson, Dan Stevens

Beijinhos e até mais.

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