Do jeito que Elas Querem

Do Jeito que Elas Querem [Book Club, 2018] é uma comédia para adolescentes da terceira idade.

Daiane [Diane Keaton], Carol [Mary Steenburgen], Sharon [Candice Bergen] e Vivian [Jane Fonda] conhecem-se desde a escola. Mantêm encontros regulares há mais de quarenta anos por meio de um “clube de leitura” (título original do filme), no qual uma indica o livro que lerão e comentarão naquele mês.

Cada personagem representa o estereótipo de mulher com mais de sessenta anos.

Daiane desistiu dos planos de se formar ao ficar grávida. Casou, virou dona de casa, teve duas filhas, é avó e está viúva. Vivian é uma empresária bem-sucedida, que evita ligações sentimentais e prega o sexo sem compromisso. Sharon é uma juíza federal que se separou há mais de 18 anos e, desde então, nunca mais se relacionou com ninguém. Observa, à distância, o seu ex-marido ficar noivo de uma menina com menos da metade da sua idade. Sharon é a dona de um restaurante. A única casada, tenta reascender a chama do seu relacionamento, depois que os filhos deixaram a casa e que seu marido se aposentou.

Os problemas começam quando Vivian apresenta o livro “Cinquenta Tons de Cinza” da escritora E. L. James às amigas. A leitura provoca questionamentos em todas acerca da suas vidas sentimentais.

Do Jeito que Elas Querem trata do amor e do sexo na terceira idade, sob o prisma feminino. O enfoque é interessante, mas o diretor e roteirista Bill Hoderman não dá ao filme um pingo de ousadia. O espectador terá exatamente (e não mais do que isso) o que imagina de uma comédia romântica. Diversão leve, algumas risadas e um roteiro que segue o caminho estreito e batido dos filmes do gênero.

Apesar da história previsível, o excelente elenco sustenta a trama. Daine Keaton mantém a regularidade das suas boas performances. Jane Fonda faz questão de esbanjar as formas de uma linda mulher com mais de oitenta anos. Candice Bergen e Mary Steenburgen igualmente compõem bem os seus personagens, na medida em que a história permite. Há uma ausência de profundidade nas caraterizações e muitas ações e reações são imaturas, considerada a experiência que as protagonistas deveriam ter.

A curiosidade é Diane ter ganho o Óscar de melhor atriz em 1978, com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa [Annie Hall], sendo sucedida por Jane, que ganharia a estatueta de 1979, por sua atuação em Amargo Regresso [Comming Home]. Já em 1980, seria a vez que Mary ganhar o prêmio, mas como melhor atriz coadjuvante no filme Melvin and Howard.

As mulheres são secundadas por um elenco de estrelas coadjuvantes. Andy Garcia é um piloto de avião rico e solteiro que se apaixona por Daiane. Craig T. Nelson é o marido de Carol, perfeito no papel de um homem que foi ativo a sua vida inteira e está desorientado com a aposentadoria. Richard Dreyfuss é um advogado tributarista que se interessa por Sharon. Já Don Johnson é o amor da juventude de Vivian, que retorna para abalar o mundo objetivo e superficial que ela construiu para si.

Não há como deixar de estabelecer um paralelo entre Do Jeito que Elas Querem e Sex and the City. Vivian, por exemplo, seria uma perfeita Samantha. A inspiração é clara, projetando as personagens para um local diverso e período de vida posterior.

Colocados na balança, as qualidades de Do Jeito que Elas Querem superam seus defeitos, desde que você saiba exatamente o filme que verá: uma comédia romântica situada em algum ponto além da crise da meia-idade.

 

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