Dia Internacional das Mulheres: Diretoras de Cinema

Todo o ano, no dia 8 de março, comemora-se o Dia da Mulher. A data se refere à celebração do movimento feminista ao longo de décadas e décadas, nos quais mulheres reivindicavam por igualdade de direitos e proteção a violências morais, físicas e sexuais. Em pleno século 21 ainda podemos dizer que a luta ainda não acabou, pois ainda presenciamos também no ramo cinematográfico muita discriminação e desigualdade não só na construção de personagens femininos que vemos nas telas do cinema, mas também pelo tratamento dado às profissionais que ficam atrás das câmeras.

A participação feminina no cinema, portanto, é consideravelmente menosprezada e bastante reduzida, já que representa menos de 20% da produção mundial de filmes. No Brasil, A Agência Nacional de Cinema instaurou um debate no ano de 2016, a fim de discutir acerca do problema do desequilíbrio de gênero no ramo. Segundo levantamento a diretora Rosana Alcântara no mesmo ano, afirma: “(…)Nas funções de roteirista e de direção, a participação feminina ainda é pequena. Apenas 23% das obras tiveram roteiro escrito apenas por mulheres, e 12% por equipes mistas. Além disso, 19% das obras contaram com direção exclusivamente feminina.  Se somarmos com as equipes mistas, teremos 26% de obras com ao menos uma mulher diretora”. (Fonte: ANCINE)

Nós temos, felizmente, alguns sites e redes sociais que promovem o trabalho das mulheres. Para as críticas de cinema temos o portal “Elviras – Coletivo de Mulheres de Críticas de Cinema”  e temos ainda o site “Mulher no Cinema”, o qual divulga os mais variados trabalhos das mulheres.

Que tal aproveitar a data e prestigiar alguns filmes feitos por diretoras talentosíssimas? Confiram algumas das nossas indicações:

  1. Selma – Uma Luta Pela Igualdade e 13ª Emenda por Ava DuvernayA norte-americana Ava Duvernay é uma das grandes cineastas da atualidade. Com uma aprovação de 99% no Rotten Tomatoes pelo filme Selma – Uma Luta Pela Igualdade, ela é considerada a primeira mulher negra a dirigir uma grande produção com orçamento de 20 milhões. Ainda, a 13ª Emenda, nossa dica da semana de filmes da Netflix no Ícone do Cinema (veja aqui) lhe rendeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Documentário, sendo vencedora na mesma categoria nos BAFTA e Critic’s Choice. Ela é definitivamente uma estrela em ascensão.
  2. Zero Dark Thirty (A Hora Mais Escura) e Guerra ao Terror por Kathryn BigelowPara quem não sabe, Kathryn Bigelow é esposa de James Cameron e também é diretora no ramo. Apesar de ter uma filmografia mais reduzida, dirigiu e roteirizou Guerra ao Terror, do qual trata sobre a guerra no Iraque, lhe permitindo ganhar o Óscar de Melhor Filme e Melhor Direção na época. Seu mais recente, Zero Dark Thirty é um suspense que também foi nomeado ao Óscar em 5 categorias, incluindo a de melhor filme, oportunidade em que deu destaque maior ao trabalho da atriz Jessica Chastain.

    3. O Piano por Jane Campion


    A neozelandesa Jane Campion consolidou sua carreira como cineasta ao possuir não uma, mas duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes em seu  currículo. A primeira pelo curta-metragem An Exercise in Discipline: Peel (1982), e a segunda pelo longa O Piano (1993), o qual lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Direção, mas foi vencedora na categoria de Melhor Roteiro Original no mesmo evento. A notoriedade obtida com esse último filme foi tamanha que Campion conquistou outras indicação a prêmios internacionais como os BAFTA na Inglaterra e ganhando o César de Melhor Filme Estrangeiro na França. Em 1990,o longa “An angel at my table” fora premiado no Festival de Veneza.

    4.Encontros e Desencontros e As Virgens Suicidas por Sofia Coppola


    Sofia Coppola, filha do renomado cineasta Francis Ford Coppola, demonstra que o talento é de família. Dirigiu estes dois grandes filmes que são altamente apreciados pela crítica, respectivamente lançados em 2003 e 1999. Em 2016, mais recentemente, dirigiu “A Very Murray Christmas” estrelando Bill Murray, que lhe rendeu um prêmio de Melhor Diretor – Especiais de TV no Sindicato dos Diretores.

    5. Divinas por Houda Benyamina


    A francesa, de origem marroquina, Houda Benyamina é mais uma das promissoras cineastas do ramo. Com um currículo todavia pequeno, realizando apenas curtas e média-metragens desde 2006, o seu primeiro longa, Divinas (leia a crítica aqui), fora indicado a vários prêmios César, incluindo melhor direção, sendo vencedor na categoria de Melhor Primeiro Filme. Para quem não sabe, a cerimônia é o equivalente ao Óscar norte-americano. Divinas vale muito a pena ser visto. É sobre pobreza, imigração e também sobre mulheres. É um filme impactante.

    6. The Babadook por Jennifer Kent


    Quem disse que uma mulher não faz um competente e assustador filme de terror? Inclusive, foi a dica da semana de filmes disponíveis da Netflix no Ícone do Cinema (veja aqui). Apesar de nunca chegar aos cinemas brasileiros, The Babadook ganhou o prêmio de Melhor Primeiro Filme do New York Critic’s Circle. A australiana Kent está sendo prestigiada pelo seu trabalho na direção. Para quem gosta do gênero, este é um excelente filme.

    7. Que Horas Ela Volta e Mãe Só Há Uma por Anna Muylaert

    A carreira ainda curta da paulistana Anna começou na direção de programas de televisão e de curta-metragens. Pelo longa “Durval Discos” (2002), ela recebeu o prêmio de Melhor Filme e Melhor Diretor no Festival de Gramado. “Que Horas Ela Volta?”, com Regina Casé, por sua vez, ganhou o Prêmio do Público de Melhor ficção na Mostra Panorama em Berlim, Prêmio do Público para Melhor Filme em Amsterdam, Melhor Longa Brasileiro pela Associação Brasileira dos Críticos de Cinema – Abraccine, indicado a  Melhor Filme Estrangeiro no Satellite Awards e Critic’s Choice, além de vencer o prêmio de Melhor Filme pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. “Mãe Só Há Uma”, o mais recente longa dirigido pela cineasta, foi exibido no Festival de Berlim de 2016 e venceu o prêmio de melhor filme pelo júri de leitores de uma revista alemã chamada “Männer”.

    8. Bicho de Sete Cabeças por Laís Bodanzky


    Uma das maiores obras do cinema brasileiro foi conduzida pelas mãos criativas de Laís Bodanzky. Bicho de Sete Cabeças, que praticamente alavancou a carreira de Rodrigo Santoro, vale a pena prestigiar, caso ainda você não tenha visto. A diretora ainda trabalhou em outros projetos conhecidos como Chega de Saudade; As Melhores Coisas do Mundo e foram amplamente apreciados pela crítica. Ganhadora de prêmios de melhor direção no Festival de Brasília e Recife, e na mesma categoria no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema, seu mais recente longa Como Nossos Pais acaba de estrear no Festival de Berlim em 2017.

    9. The Matrix Saga e V de Vingança pelas irmãs Wachowski


    Você sabia que a saga de Matrix fora dirigido pelas irmãs transsexuais Lilly e Lana Wachowski? Pois bem. Um dos maiores filmes de ficção científica foi conduzido por estas mulheres. Não bastante isso, V de Vingança foi roteirizado e co-produzido por ambas e é considerada uma das mais ousadas obras sobre política no cinema. E nem preciso mencionar que os filmes fizeram um sucesso, certo? Vale muito a pena revistar esses filmes!

    Feliz Dia Internacional das Mulheres!

     

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1 Comment

  • Diretoras incríveis de filmes maravilhosos, adorei!

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