Crítica: Despedida em Grande Estilo. Humor leve, atuações de peso.

Não há roteiro fraco que resista a uma atuação conjunta de Morgan Freeman, Michael Caine e Alan Arkin. Somados, possuem quatro Oscars, mais nove indicações e, antes de tudo, enormes talentos.

No filme, uma refilmagem do original de 1979 , vivem Willie, Joe e Albert. Amigos há décadas, já passaram dos setenta anos e não têm outras pretensões na vida senão curtir suas famílias e viver de forma tranquila os dias que lhes restam. Seus planos são inesperadamente interrompidos pela decisão da empresa na qual trabalharam por mais de trinta anos de cessar o pagamento das suas aposentadorias e utilizar o dinheiro do fundo de pensão para saldar as suas próprias dívidas.

De uma hora para outra, nosso trio se vê sem dinheiro e com a ameaça de despejo pela execução de uma hipoteca. Não há como ver o filme e não se lembrar das “promessas” de melhora no nosso sistema previdenciário, com a substituição da previdência pública pela privada.

Sem nada a perder e revoltados contra o sistema que lhes tomou uma vida de trabalho para descartá-los ao final como peças desgastadas, resolvem assaltar o seu próprio banco, que participou da extinção do fundo.

Embora seja a frase de abertura da crítica seja boa, tenho que reconhecer que o roteiro não é “fraco”, considerado o que se espera de Despedida em Grande Estilo. Dá algum espaço para o desenvolvimento dos três personagens principais, cria situações engraçadas e conduz a história de forma compatível com uma comédia leve. Não há exageros, quer para o ótimo quer para o péssimo.

O trio principal consegue criar empatia com o público mesmo em uma história rasa e com algumas situações nitidamente forçadas, como ocorre em quase todas as comédias. Somam-se a eles, ainda, um hilário Christopher Lloyd, interpretando um velho senil que garante sorrisos em todas as suas aparições; uma (muito bonita) Ann-Margret Olsson e Matt Dillon, no papel insípido de agente do FBI.

 

 

 

 

 

 

O melhor do filme são os diálogos entre os três amigos, carregados de ironia e sarcasmo, com destaque para Alan Arkin, a quem toca o papel de deprimido/lamuriento. Suas falas são o contraponto cômico (e efetivamente engraçado) aos demais.

No restante, é um filme correto. Não há especial destaque para direção (Zach Braff), figurino, cenário, fotografia e efeitos, mas também não há erros. Tudo funciona bem e no tamanho das suas pretensões.

Se você procura uma comédia leve ou simplesmente entrar no cinema para se esquecer da vida por 96 minutos e rir um pouco, esta é uma escolha certa.

Gostou do filme? Então já aproveite e veja Amigos Inseparáveis, de 2012, com Al Pacino, Christopher Walken e o mesmo Alan Arkin, uma comédia misturada com drama. Encerre a sua sessão com chave de ouro e veja Gran Torino, 2008, de Clint Eastwood, um drama (embora os grunhidos dele garantam alguns sorrisos).

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