Death Note: Iluminando um Novo Mundo

A pessoa cujo nome for escrito neste caderno morrerá. Essa premissa simples abre o mangá escrito por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata sobre o caderno usado pelos deuses da morte que vem parar no mundo humano, dando inicio ao jogo de inteligência onde o bem e o mal dependem do ponto de vista. Quem é fã do anime produzido pela Madhouse e dirigido por Tetsurō Araki, já assistiu os 37 episódios legendados antes da versão dublada em estúdio carioca, senão o contrário, sabe do jogo de revezamento de caçador e caça entre o gênio do ensino médio, Light Yagami, e o maior detetive do mundo, L. E desejou muito ter a Misa Amane como namorada e, principalmente, escreveu a sua própria lista de mortes criativas para seus inimigos pessoais. 
Dez anos após o desfecho do filme Death Note: The Last Name, seis cadernos da morte caem em diferentes cantos da Terra por ordem do Rei Shinigami. Assim, relatos de mortes repentinas e súbitas tomam conta dos noticiários do mundo. Significando o retorno de Kira para a alegria dos oprimidos e o desespero dos criminosos. Novamente, a Força Tarefa volta à ativa sob a liderança do Detetive Tsukuru Mishima (Masahiro Higashide) ao lado do sucessor do L, o investigador genial com senso de humor negro Ryuzaki (Sosuke Ikematsu).
Seguindo os ideais de Kira de um mundo de paz e livre de crimes, está o cyber-terrorista Yuki Shien (Masaki Suda) cuja missão de ter todos os seis death notes depende da ajuda de Ryuuk (voz de Nakamura Shidō II) mais uma vez se divertindo com toda a situação. Além do fanático por maçãs, temos o retorno de Misa Amane (Erika Toda) em sua busca pelo seu amado e querido salvador que pode estar vivo.

O filme, que aparentemente pode ser um fan service ou uma resposta à versão americana produzida pela Netflix, conserva muito da atmosfera policial e suspense da história. A palheta de cores prioriza o preto e o branco deixando claro o antagonismo extremo. As cores seriam o meio termo que escolhe qual lado seguir tanto no figurino dos personagens quanto no cenário. Ficando o simbolismo muito além do simples conceito de luzes e trevas, embora a iluminação dos objetos de cena ou da equipe favoreça essa interpretação. As filmagens aéreas de Tóquio e os ângulos de cima pra baixo nas internas com andares ilustram olhar divino do espectador passivo sobre os mortais e o frequente uso de câmeras de vigilância demonstra o espaço público fragmentado pela insegurança assim como a ilusão de segurança.

 A montagem faz muito o uso de flashbacks recorrendo a cenas dos filmes anteriores, assim como às gravações “demo” reais não utilizadas na versão final. Explicando o rosto conservado do interprete de Light Yagami, o ator Tatsuya Fujiwara, após dez anos entre os dois filmes. Também há regressão nas novas sequências nos pontos de viradas, as surpresas de roteiro e revelações de personagens. A trilha sonora embalada pela cantora pop Namie Amuro divide o espaço com o instrumental da música clássica, embora a presença dele na maior parte do filme contribua para a tensão e angústia do thriller.
Seja qual for a escolha do público para herói e vilão da série inteira, o filme cumpre a sua missão ao expor a condição humana diante do sofrimento do mundo ou simplesmente entreter os mais ávidos pela comédia envolvendo mortes. Então ai vai um conselho: escrevam suas próprias mortes com data definida.

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