Crítica: Velozes e Furiosos 8 (2017) | A influência de uma extensa franquia no cinema.

A famosa franquia de Fast & Furious não para! Iniciada em 2001, ela deu o que falar nos últimos anos e têm arrecadado milhões de bilheteria, quase sempre impulsionada por seu público-alvo, voltado aos mais jovens (o que não necessariamente significa que adultos não a curtam). Após a trágica perda de Paul Walker (o protagonista Brian O’Conner), o mundo inteiro lamentou e se emocionou. Não somente devido a música tocada em sua homenagem no sétimo filme, mas por conta da atitude tomada nos bastidores pelo ator Vin Diesel, para com quem era seu parceiro tanto nos sets, como na vida real. 2 anos depois, eis que o oitavo capítulo da saga que a gente tanto respeita está chegando nos cinemas de todo esse nosso “Brasilzão” (ironia minha, vide ‘operação Rio’). Velozes e Furiosos 8 promete muita ação, uma vez que o simples fato de assistir ao eletrizante trailer faz com o espectador se sinta tentado a vê-lo nas telonas – ainda mais em excelente experiência IMAX! Nós, do NoSet, tivemos a chance de conferir e podemos garantir que ele é pura adrenalina e diversão! Curioso? Então chega mais!

Na trama, depois que Brian (eterno Paul Walker) e Mia (Jordana Brewster) se aposentaram, e o resto da equipe foi exonerado, Dom e Letty estão curtindo a lua de mel em Havana, mas a súbita aparição de uma mulher misteriosa, Cipher, atrapalha os planos do casal. Ela logo arma um plano para chantagear Dom, de forma que ele traia seus amigos e passe a ajudá-la a obter ogivas nucleares. Tal situação faz com Letty reúna os velhos amigos, que agora precisam enfrentar Cipher e, consequentemente, Dom. Bem, pra começar, ressalto que de fato, o exercício do grande cineasta F. Gary Gray aqui é instigante, de tão curioso e desafiador. Não é à toa que foram feitos 8 filmes até agora, quando os mesmos poderiam ter sido encerrados lá pelo 6º, digamos assim. Dessa forma, o resultado do seu desejo criativo é deveras notável e a travessia de sua direção, feita com esmero. Aliás, é imprescindível saber que não é dever do cinema buscar respostas, mas criar a ilusão, ou seja, devido a ele se fazer destes aspectos inexplicáveis, em permitir a um cineasta flerte com outros espectros da sétima arte, a trama procurou exercitar sua narrativa e produzir para ambos o diretor e o público, um resultado plausível para esta grande atração. E que atração! Contamos com aquela trilha sonora absurda de tão envolvente e belos cenários, especificamente a cena inicial, onde a corrida apostada foi filmada em Cuba.

Vamos às atuações dos personagens: Vin Diesel está aceitável como sempre e seu desempenho como Dominic Toretto está na média. Todavia, as suas expressões faciais estão praticamente iguais comparadas àquelas que já estamos acostumados, onde ele, como o “chefão da parada”, embora não seja o maior carismático do mundo, carrega consigo honestidade e fidelidade para com os outros. Tanto que diante de tudo o que já passou nos eventos anteriores, desde o fato de Letty ter forjado a sua morte até a perda de membros da equipe – sim, me refiro ao belo casal Gisele (Gal Gadot) e Han (Sung Kang), mas especialmente ao eterno Brian O’Conner, que apesar de ser mencionado como vivo na história, ainda deixa saudade em nós – essa sua personalidade marcada por lealdade e companheirismo é posta à prova e Dom não tem outra escolha se não ser se aliar à inimiga e, por um instante, dar as costas para a família. Felizmente foi uma riqueza e tanto observar as posturas diferentes do personagem nas duas situações, pois, enquanto como prudente, é completamente afetado pelas decisões que toma (cito as famosas corridas que aposta, cujas quais ele faz “das tripas a coração” pra vencer), como amistoso, consegue permanecer intacto, ainda que esteja sujeito à frieza da aliança que passa a construir com a impiedosa Cipher, alguém que, por si só, merece destaque com a convincente incorporação de Charlize Theron. Suas roupas, suas joias, sua segurança, são de uma beleza singular. Palmas pra essa diva!

As tentativas de Dominic em se afastar de sua família obviamente seriam concretizadas, porém não em circunstâncias extremas, uma vez que ele até tenta se recusar trabalhar para ela, mas se vê sem saída (dada a tamanha coincidência com que ela entrou em contato com ele). De algum jeito, Michelle Rodriguez também consegue ter uma ótima atuação, incorporando a esposa que ao ir atrás de quem ama a qualquer custo em perigo (perceberam a inversão do típico “donzela em perigo”, onde até em animações, tem um elemento-surpresa envolvido?) reconhece que independente do que estava acontecendo, aquele homem não é o seu marido. Michelle desperta uma pulsão dentro de Letty, algo que felizmente evoluiu ao longo de suas aparições, tanto no primeiro filme, quanto no quarto em diante.

Inclusive, é interessante observar que não obstante estes protagonistas mencionados acima, outros figurantes como Roman Pearce (Tyrese Gibson) tem a capacidade de juntamente com Tej Parker (Ludacris) e agora, Ramsey (Nathalia Emmanuel) trazer a comédia pra dentro de um filme de ação, com sacadas hilárias novamente, sem apelar. Agora, o que dizer de um longa que onde humor e pancadaria estão presentes, se encontram célebres atores de obras do gênero, tais como Jason Statham (o carrancudo Deckard Shaw, o ótimo (e velho) Kurt Russell, a rainha Helen Mirren (no papel da  mãe de Deckard e Owen Shaw) e Dwayne Johnson? Em particular o “The Rock”, que na pele do policial Hobbs, diverte o público com seu carisma, o que também lhe ofereceu uma postura impenetrável e é um dos pontos fortes desta atuação. Sem esquecer da adição de Scott Eastwood (Esquadrão Suicida), Kristofer Hivju (Game of Thrones) e a breve participação de Elena (Elsa Pataky), mulher que rendeu um dos momentos mais marcantes da fita.

Além disso, o estratégico foi que nós não sabemos quando ele se demonstrará frágil. O personagem se agarra a um propósito, o de perseguir Dom, e disso não se afasta. As cenas em que está próximo a concluir seu plano de ação são memoráveis e o ator se exibe em nível cavalar de concentração, o que nos interliga surpreendentemente a ele e suas motivações, pois o mesmo avisou ao homem que se ele realizasse tal feito. Mas não só à essas cenas, também as cenas que envolvem os chamados “facões”, onde ocorrem aquelas mentiras descaradas, que só acontecem mesmo em filme, com a sua usual mágica que enquanto para uns servirá de encanto, para outros será motivo de escarro. Em particular, penso que teve bem menos instantes mentirosos do que os anteriores, até no quesito CGI, cujo qual os caras não exageraram. Ademais, é um longa que tem um tempo próprio (no caso deste, cerca de 2 horas e 15 minutos, já digo de antemão) e por incrível que pareça, isto não foi motivo pra que o espectador ache a película cansativa. Muito pelo contrário, adentramos na trama e simplesmente interaja com os ditos “mocinhos e vilões” que compõem o enredo. Escutar com calma os sons intensos de aceleração e freio dos carros foi algo que não passou despercebido e aqui são produzidos a todo o momento, sem ser nada desagradável. Chega a ser considerável (o de moto é pior, convenhamos). Haverá ainda aqueles momentos onde seremos pegos de surpresa no suspense dramático (e tenso) que lá pelas tantas se instaura e fisga os telespectadores, literalmente.

Em síntese, Velozes e Furiosos 8 é ótimo! A despeito das irrealidades – que por sinal não atrapalharam tanto e fazem parte da identidade que a franquia assumiu – é uma boa pedida pra você, caro leitor (e fã), que busca aquele entretenimento pipoca, do qual o roteiro supérfluo contém acontecimentos que quase nunca são levados a sério. Portanto, deixe de lado a sua perspectiva cinéfila mais severa e encare-o sem pretensões. Afinal, sejamos sinceros: pra uma saga que tem cada vez mais arriscado lucrar na indústria cinematográfica com essa pegada, a menos que os fãs não permitam que os próximos decaiam, será fracasso na certa (pasmem, teremos mais 2 filmes ou mais pela frente). Espero sinceramente que eles mantenham esse sortudo ritmo frenético nas produções posteriores. Concluo afirmando: aos mais velozes: “uau, não vejo a hora de conferir o 9!” e aos mais furiosos: “por favor, onde é vamos parar? Daqui pouco estaremos no 20º filme”. Aguardemos!

Título Original: The Fate of the Furious
Direção: F. Gary Gray
Duração: 136 minutos
Nota:

Assista o trailer:

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1 Comment

  • A pior parte ficou com Cuba imaginaria, quem já foi nessa latrina sabe que o filme foi muito bondoso kkkkkkkkkkk

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