Crítica: A Lei da Noite (2017) | Quando um astro dirige melhor do que atua.

A Lei da Noite é a mais nova obra escrita e dirigida pelo astro Ben Affleck e que chega aos cinemas ainda nesta semana. Tendo no elenco estrelas como Zoe Saldana, Elle Fanning, Sienna Miller e Chris Cooper, o longa é uma adaptação do livro escrito por Dennis Lehane e é ambientado na década de 20, assemelhando-se a películas como Caça aos Gângsteres, por exemplo. Descrito ainda como um drama/crime de época, o seu enredo é lento, o que contribui para que atinja um público diferenciado. Para aqueles que não se importam em conferir uma fita cujo desenvolvimento é arrastado, Affleck nos entrega uma história baseada em fatos reais que até tentou ser superior, no entanto o resultado não foi lá aquelas coisas. O melhor de sua carreira há de ser resgatado algum dia (vide o Oscar de melhor roteiro original por Gênio Indomável em 1998), independente se como ator, diretor, produtor ou escritor. Ouso mencionar aqui, caro leitor, um ditado que costumo dizer, de que hoje em dia “tudo é possível em Hollywood!”

O enredo é breve: a trama se passa em Boston, década de 1920, onde o filho mais novo de um capitão de polícia, Joe Coughlin (Affleck), se envolve com o crime organizado. Ele aproveita seus dias rodeado de dinheiro e poder, mas suas escolhas podem levá-lo à prisão ou até mesmo à morte. Bom, todos sabem que Affleck está chegando aos seus 45 anos e que tem dirigido bem melhor do que atuado. Ele já não é mais o mesmo que conhecíamos em Pearl Harbor e Armageddon, cujos papéis eram relativamente melhores que em Aposta Máxima e Garota Exemplar, assim dizendo. No entanto, apesar do raso roteiro escrito pelo próprio, por meio de ambos os cenários e figurinos, temos um trabalho aceitável na criação da história, que sendo ambientada nos anos 20, tem tantos figurantes e tantas peças em movimento que fica um pouco difícil ao espectador acompanhar e até mesmo se preocupar com todo mundo. Então devido ao fato desses personagens virem de subtramas diferentes, o filme meio que perde o equilíbrio na hora de conectá-los e faltou um pouco de desenvolvimento em determinados papéis, pois alguns simplesmente somem de cena sem que notemos o motivo de não aparecerem de volta. Por outro lado, houveram ainda atores escalados por Affleck que atuaram na média, não entregando o melhor de si, porém também não o pior.

Logo após o primeiro ato, o pano de fundo muda rapidamente de Boston para Tampa, enquanto Joe Coughlin estava disposto a se vingar quando sua namorada Emma Gould (interpretada pela bela Sienna Miller) é supostamente morta por um dos líderes locais, Albert White (na pele do ator Robert Glenister). Pretendendo voltar para ele, Coughlin se muda para Tampa a fim de trabalhar para um líder de quadrilha rival, Masco Pescatore (incorporado por Remo Girone), no comércio de rum. É aí que a ideia e o tom do filme mudam, partindo de um triste conto de vingança para o conceito de como o crime é capaz de corromper até as pessoas mais humanas.

Não dá pra negar que se prestarmos bastante atenção, o edifício do império de Coughlin era repleto de divertimento, entretanto isso não acrescenta nada de novo aqui e o longa não explora muito desse quesito. Como mencionado acima, Coughlin, como um personagem, não inspirou tanta confiança em Affleck, visto que ele era um personagem muito sério, que não tinha emoção. Já o sócio de Coughlin, Dion Bartolo (no papel de Chris Messina), surge em cena usando e abusando de estereótipos em suas falas. Ainda que seu tempo de execução seja de mais de 2 horas, o ritmo infelizmente foi desligado, assim como houve aqueles momentos em que o roteiro toma um rumo de eventos demasiadamente apressados, especialmente para o final, que o público fica indeciso se expressa raiva ou pena dos acontecimentos. Sendo a maioria deles intérpretes masculinos, pelo menos as performances de Sienna Miller e Zoe Saldana como interesses amorosos de Coughlin foram boas enquanto duraram. Vale ressaltar o desempenho da diva Elle Fanning, que também tem conquistado o coração de inúmeros cinéfilos em seus últimos trabalho Outrossim, todas as figuras das histórias reais eram bons, mas na hora de encená-las nas telas, elas acabaram de certa forma bem água com açúcar, servindo apenas como complemento de um meio para um fim, sumindo e roubando a cena quando relevante.

Com base nos aspectos citados acima, pode-se concluir que A Lei da Noite tinha um grande potencial, que acabou deixando a desejar por parte do astro Ben Affleck – o que é estranho, uma vez que ele já realizou roteiros incríveis, como Medo da Verdade em 2007 e Atração Perigosa em 2010. Em suma, faltaram mais cenas de ação (salvo pequenos instantes onde o ritmo aumenta e é tiro pra tudo que é canto) e elementos que se encaixassem de forma mais marcante na proposta em mãos. Fora isso, os trajes estavam elegantes e a trilha sonora, agradável. Advirto que já vi piores (ao ponto de nem sequer terminá-los de tão vazios), mas por incrível que pareça não se aplica neste caso.

Título: Live By Night
Direção: Ben Affleck
Duração: 129 minutos
Nota:

Confira o trailer a seguir:

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