Crítica: A Guerra dos Sexos. Quem é o sexo frágil?

Mulheres recebendo menos do que homens pelo mesmo trabalho ainda é um problema muito atual e que está longe de acabar. Essa demanda, no entanto, começou há muitas décadas e as discrepâncias eram ainda maiores do que agora.

As jogadoras de tênis nos EUA recebiam um oitavo do que seus colegas do sexo masculino, apesar de venderem a mesma quantidade de ingressos. Esse é um dos muitos problemas que as mulheres enfrentam no início de A Guerra dos Sexos, o novo filme dos diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris (ambos também dirigiram A Pequena Miss Sunshine).

Billie Jean King (Emma Stone), de 29 anos, não é apenas a tenista número um no mundo na década de 1970, mas também lidera a luta pela igualdade de direitos contra Jack Kramer (Bill Pullman), o machista responsável pelo Torneio de Tênis do Pacífico Sudoeste. Enquanto isso, Bobby Riggs (Steve Carell), um tenista aposentado de 55 anos, que também foi o número um na década de 1940, está assistindo o sucesso de Billie Jean pela televisão, sentindo-se entediado e inútil, sem mencionar com um grande vício em jogos de azar.

Com vontade de ganhar dinheiro e voltar para o centro das atenções, Bobby desafia Billie Jean para uma partida, que ela recusa. Ele, então, joga contra Margaret Court (Jessica McNamee), uma tenista australiana, e ele ganha, em um evento mais tarde chamado de “Massacre do Dia das Mães”. Billie Jean decide aceitar seu desafio, dando início a um circo midiático e a um dos eventos esportivos mais vistos até essa data: a Guerra dos Sexos, assistida por 90 milhões de pessoas em 1973.

Antes de o filme chegar ao famoso jogo, no entanto, o roteiro de Simon Beaufoy mostra ao público o que estava acontecendo nas vidas privadas dos protagonistas, o que dá mais contexto à “batalha” anunciada. O elenco também inclui Sarah Silverman, Alan Cumming e Elisabeth Shue, entre outros.

Emma Stone dá uma ótima performance como Billie Jean, desde a maneira como caminha e movimenta seus braços, até as sutis reações que tem diante de situações desconfortáveis. Steve Carell é perfeito como Bobby Riggs, que era, ele mesmo, uma figura, fazendo coisas loucas e até mesmo proclamando-se como um “porco chauvinista”. Riggs, no entanto, não é o “vilão” do filme, como se poderia pensar. Há um ponto em que a própria Billie Jean King reconhece que Riggs não acredita realmente no que ele diz sobre as mulheres, mas prefere dizer aquelas coisas em razão do circo criado em torno dessa partida.

Há muitos personagens que retratam o machismo no filme, inclusive mulheres, mas o verdadeiro “vilão” é Jack Kramer. Ele realmente acreditava que as mulheres eram inferiores e teve um sério desentendimento com Billie Jean King na véspera da partida. Seus comentários são perturbadores quanto ver um comentador colocando seu braço em torno de uma comentarista durante a transmissão do jogo (os cineastas editaram a atriz Natalie Morales na imagem real).

O mais interessante sobre A Guerra dos Sexos é como é oportuno, especialmente este ano. 2017 tem sido um ano importante para discutir os direitos das mulheres, desde a Marcha das Mulheres em janeiro até recentemente, quando a Veep, Big Little Lies e The Handmaid’s Tale – todos seriados com protagonistas mulheres que discutem questões femininas – ganharam todas as principais categorias durante os Emmy Awards.

Então, claramente, a guerra ainda está acontecendo e as mulheres estão prontas para ganhar a partida – novamente.

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