Crítica: Divórcio (2017) | Casados até que a insanidade os separe, literalmente!

Desde que o cinema nacional existe, houve a preservação de um gênero em particular que, com o passar dos anos, está inserido e volta e meia rende boas produções: as comédias românticas. Entre as que deram certo porque agradam mesmo ao público brasileiro estão obras como Até que a Sorte nos Separe, Meu Passado me Condena – O Filme e por que não, o recente Amor.com? Eis que nesse finalzinho de mês, o ano entrega aos espectadores mais uma comédia das boas: Divórcio. O filme, dirigido por Pedro Amorim (Mato sem Cachorro), é estrelado por Camila Morgado e Murilo Benício, e carrega tanto prós quanto contras, pois o roteiro, apesar de mediano, conta com aspectos que, ao meu ver, salvaram o filme de ser um desastre total. Quer saber mais? Então é só continuar comigo!

A trama abre quando Júlio (Benício) invade o casamento arranjado de Noeli (Morgado), impedindo o término da cerimônia. Ela decide fugir com ele e juntos, eles constroem um lar e uma grande empresa de molho de tomates, a Juno. Com a receita de Noeli e a administração de Júlio, a empresa faz com que eles se tornem um dos casais mais ricos de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Mas a empresa, junto com o tempo, também os tornaram uma das pessoas mais infelizes da cidade. Até que certo dia, voltando de um evento em SP, a gasolina do carro acaba e eles ficam parados em um atalho, no meio do mato e sem sinal de telefone. Júlio resolve ir pra casa a pé e diz que pegará outro carro para buscar Noeli, mas ele acaba ficando em casa e dormindo, fazendo com que ela tenha que enfrentar seus medos e voltar pra casa. Tal situação se torna a gota d’água e ela logo pede o divórcio. A partir daí, uma série de confusões entre eles só aumenta e conturba a relação de ambos.

Pois bem, no exato instante em que vi a prévia desse filme, soube que ele seria mais um (dentre as várias comédias) que valeria a pena conferir, independente se fosse considerada fraca pelos outros. E não é que dei cada risada tanto no trailer quanto no longa em si? O diretor felizmente soube conduzir uma película que mostra como não é necessária apelação sexual nem encheção de palavrões pra atrair a atenção do público. Sem contar que apesar do roteiro às vezes se mostrar enxuto, o espectador não sai insatisfeito da sessão; as pessoas podem até não ver sentido ou concordar com certas atitudes dos personagens desde a cena inicial; contudo, isso não significará tempo perdido. Vai por mim, tem filme de comédia pastelão muito mais tosco por aí. Um bom exemplo é Vestido pra Casar, esse sim, foi lixo. Voltando ao enredo, não deixem de notar o seguinte detalhe: a abertura contém um flashback relevante, que se repete em determinado momento relevante na trama, justamente com uma música de fundo bacana e aquele cenário de estrada de terra perfeito para um rally radical realizado pelo protagonista.

Inclusive, outro ponto que vale ressaltar é que ele não se limitará apenas ao interesse dos mais jovens, que pagam pra ver Porta dos Fundos ou Internet – O Filme no cinema, mas a públicos mais diversificados, que reconhecem que embora talvez contenha falhas e clichês sem sentido envoltos na receita pastelão, a obra cumpre bem o seu papel no quesito diversão. Em contrapartida, o desenvolvimento de grande parte dos personagens deixou um pouco a desejar (não que os atores sejam o problema, porque o elenco escalado é bem conhecido e está na média), mas a questão é que a química entre o Murilo e a Camila ficou devendo; a maioria das ações e reações que Júlio ou Noeli tomam são simplesmente desleixadas ou não tem a menor motivação racional de acontecer. Lógico, devido a isto convém enfatizar: tivemos atores bons em personagens deveras caricatos. Logo, os atores coadjuvantes (tais como Thelmo Fernandes, Luciana Paes, Ângela Dip, Paulo Serra, André Mattos, até a Sabrina Sato) não ficam de fora, uma vez que possuem devida importância na história, mas não se sobressaem tanto, com performances que marquem à sua presença.

Em síntese dos fatos mencionados acima, penso que, de mesmo modo, Divórcio talvez cause um estranhamento com relação ao estereótipo do sotaque de interior utilizado (vide as piadas tongas), porém pra mim, tais cenas não interferem no resultado final dele. Reforço: seu defeito está justamente no desenvolvimento adequado de seus rasos personagens. De qualquer maneira, valeu pela bela qualidade da fotografia, cujas tomadas em slow motion são bem coordenadas, assim como pelo esforço tanto dos atores – procurando carregar o filme nas costas – quanto da equipe em si, que se preocupou em trazer ao povo brasileiro uma comédia diferente das outras. É um filme que conta com atores talentosos na pele de personagens sem sal, numa produção cujo desempenho em um apanhado geral é, na melhor das hipóteses, aceitável; daqueles que a gente assiste uma vez e pouco depois esquece, sabe? Eu até curti e achei bom. Entretanto, não posso dizer o mesmo do restante do público; o jeito agora é esperar pra ver o quanto as bilheterias arrecadarão nas próximas semanas. Vai que cola?

Título Original: Divórcio – Até que o Amor Exploda
Direção: Pedro Amorim
Duração: 110 minutos
Nota: 

Assista o trailer:

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4 Comments

  • Vai que cola, achei engraçado o trailer, quero ver, valeu a dica!!!!

    • De nada, amigo. É, foi tanto uma expressão popular quanto o nome de uma comédia nacional controversa. Mas se fizer o seu gosto e o gênero lhe agradar, pode valer a pena, e ver sem medo…heheh

  • […] Crítica: https://noset.com.br/critica-divorcio-2017-casados-ate-que-insanidade-os-separe-literalmente/ […]

  • […] A trama abre quando Júlio (Benício) invade o casamento arranjado de Noeli (Morgado), impedindo o término da cerimônia. Ela decide fugir com ele e juntos, eles constroem um lar e uma grande empresa de molho de tomates, a Juno. Com a receita de Noeli e a administração de Júlio, a empresa faz com que eles se tornem um dos casais mais ricos de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Mas… Continua a leitura […]

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