Crítica: De Volta ao Jogo (2014) | O que a palavra “ação” significa!

De Volta ao Jogo foi um filme lançado no Brasil em Novembro 2014 e que marcou o retorno do astro Keanu Reeves com o diretor Chad Stahelski, o próprio dublê do mesmo em Matrix, Constantine e o clássico Caçadores de Emoção de 1991. Ao interpretar um impiedoso assassino de aluguel, o que nós, como público, poderíamos esperar é que só pelo que o trailer exibiu, o longa teria bastante adrenalina e o resultado não poderia ter dado mais certo! A tensão está presente o tempo todo e ele tem uma história que irá agradar até quem não souber que John Wick também é personagem do video game Payday 2 (2013), onde foi inclusive adicionado 2 dias antes do lançamento mundial dele. E tudo isso é devido a história bem montada, que prova não ser daquelas tiradas de um roteiro clichê. Muito pelo contrário: ela é inusitada e ao mesmo tempo em que traz belas cenas de ação à la O Protetor (2014), reserva várias surpresas ao espectador.

John Wick costumava ser um assassino de aluguel. E dos melhores. Mas deixou tudo isso para trás por conta de sua esposa, Helen (Bridget Mynahan, de Eu, Robô) e seguiu em frente. Até que um dia ele a perde para uma longa doença que enfrentava, perdendo praticamente a si mesmo também. Certa tarde, quando um filhote de Beagle chega à sua porta, cortesia de sua mulher que achava que ele ainda precisava de alguém para amar, ele fica impressionado. Não demora muito pra que em uma de suas saídas em um Mustang 69 ao lado do cão, John se desentenda e seja roubado por Iosef Tarasov, um jovem bandido que passa a ser o filho do chefe da máfia Viggo Tarasov. Em determinada noite, Iosef invade a casa de Wick e logo pretende roubar o seu carro. Mas não pode deixá-lo sair impune, então ele mata o cachorro de John e desaparece. Agora é o fim da linha para o homem, que decide voltar aos velhos hábitos e se vingar de Iosef ou qualquer um que cruze seu caminho. Bom, primeiro de tudo, confesso que não fui com tantas expectativas ao cinema. Aceitei o convite de meu pai e até pra mostrar respeito, resolvi acompanhá-lo na sessão de estreia na sexta à noite. Olha, quando a fita acabou, me deu uma vontade imensa de agradecê-lo pela indicação, porque o filme tinha sido simplesmente fantástico! Uma obra-prima de ação moderna, cuja qual eu havia amado cada segundo visto nas telonas.

O roteiro, comandado por Derek Kolstad, pode ser raso, mas é bem conduzido. Afinal, o que nos é apresentado é aquilo que Kolstad mais ama: a realização de uma película de ação na qual ele está consciente das inúmeras metáforas que talvez apareçam em um filme desse gênero e aqui ele as utiliza bastante, entregando um senso de humor que funciona. Já em contrapartida, é uma obra que inclusive não poupa esforços em mostrar a crueldade do ser humano e o que pessoas más são capazes de fazer só pra se vingar de alguém.

Mas isso não é tudo: De Volta ao Jogo tem algumas tiradas inteligentes em meio a sua trama. E tais sacadas incluem o fato de serem mostrados os “dois lados da moeda”, ou digamos dupla identidade – me atrevo até a utilizar a palavra sabotagem – que está sendo posta em jogo. O cumprimento de honra que é abordado no melhor estilo daqueles filmes de mafiosos onde basta um ato de traição que a punição pode ser tanto explícita quanto velada. No caso aqui são as suspeitas que crescem, bem como os personagens que não são quem dizem ser e aquele velho lema vindo a mente: “não confie em ninguém.” Com a fotografia constituída de cenários que tomam tons de preto e neon azul, somos também apresentados a figuras que fizeram parte do passado de John e embora a história de todos não seja aprofundada, ambos a comunidade em geral e termos usados como por exemplo, “Baba Yaga”, “Boogeyman” ou em outras palavras, o temido “Bicho-Papão”, cuja referência aponta justamente a Wick como sendo o melhor assassino do chefe da máfia, Viggo.

Ademais, não é só o roteirista que fez um ótimo trabalho no filme, pois as cenas de lutas comandadas por Stahelski e Leitch são ótimas, perfeitamente coreografadas e filmadas sem muito corte, o que nos possibilita então você realmente vê o que está acontecendo. Penso que Keanu Reeves possui uma baita vantagem de ter um dublê vindo direto de outros filmes de ação, pois a execução sai de maneira incrível. Aliás, o elenco reforçado é excelente e contamos com rostos como Alfie Allen (Game of Thrones), Michael Nyqvist (Sem Saída), Adrianne Palicki (G.I. Joe: Retaliação) e John Leguizamo (O Mistério da Rua 7). No entanto, como todos os prós de um feito hollywoodiano, o longa não deixa de possuir seus contras, que cito sem o menor problema: são 2 atuações que deixaram um pouco a desejar. São elas: Willem Dafoe (Homem-Aranha), que foi bem regular e não vou negar, chegou a me irritar, em particular no terceiro ato, e Ian McShane (Caso 39), que não obstante a curta participação, acabou sendo só mais um coadjuvante irrelevante neste primeiro filme.

Em síntese, para o meu deleite absoluto, fiquei realmente impressionado com o filme. De Volta ao Jogo tem de tudo o que o público esteja imaginando: ritmo acelerado, ação frenética, tiros, explosões, lutas, sangue, toques de comédia (que felizmente não é forçada) e a trilha sonora envolvente, composta por Tyler Bates (Suckerpunch – Mundo Surreal). Vale a pena conferir antes de o próximo estrear ainda essa semana. Fica a dica!

Título: John Wick
Direção: Chad Stahelski, David Leitch
Duração: 101 minutos
Nota:

Veja o trailer:

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