Crítica da Broadway: Frozen

No dia 22 de março, Frozen, o mais novo musical da Disney na Broadway, entrou em cartaz em Nova York. 

Após o sucesso mundial da animação de 2013, não é nenhuma surpresa que a história tenha sido adaptada para o teatro, já que é um caminho comum nos projetos da Disney (A Bela e a FeraAladdinO Rei Leão, entre outros). As expectativas para Frozen eram altas, já que as músicas são muito conhecidas, especialmente “Let It Go”. 

O risco de a adaptação não fazer jus ao original era grande, motivo pelo qual a Disney sabiamente recrutou Jennifer Lee para o roteiro e o casal Robert Lopez e Kirsten Anderson-Lopez para a composição das músicas, já que os três estiveram envolvidos na produção do filme.

Um musical da Broadway, porém, tem um número de canções muito maior do que uma animação, o que pode causar estranhamento às crianças. Além disso, os trolls, que têm um papel considerável no filme, não aparecem no musical. Eles são substituídos por “hidden folks”, habitantes da floresta.   

O enredo é bem parecido com o do filme: no fictício reino de Arendelle, as princesas Elsa (Ayla Schwartz) e Anna (Mattea Conforti) brincam, como duas irmãs comuns, mas há uma grande diferença: Elsa tem poderes e consegue produzir neve com as mãos. Sem querer, ela acerta a cabeça de Anna. A fim de evitar uma tragédia maior, Elsa fica isolada e tudo e de todos, especialmente de Anna.

Com o passar dos anos, as duas irmãs se distanciam cada vez mais. Após um acidente fatal envolvendo seus pais, Elsa (Caissie Levy) vê-se obrigada a tornar-se rainha de Arendelle. Durante a cerimônia de coroação, Anna (Patti Murin) conhece Hans (John Riddle), um príncipe de uma ilha distante, e anuncia seu casamento. Elsa desaprova a união e acaba congelando o reino inteiro. Ela, então, foge, e sua irmã começa a jornada para encontrá-la e terminar com o inverno.

O musical tem um tom um pouco mais sério do que o filme, sendo que Elsa chega até a contemplar o suicídio em uma das canções novas (“Monster”). Também vemos um pouco mais do sofrimento de Anna ao cantar “True Love” no segundo ato.

Anna e Kristoff (Jelani Alladin) ganham um dueto (“What Do You Know About Love“), assim como Hans ganha um número solo, explicando seu passado (“Hans of the Southern Isles”). Kristoff também tem uma canção linda e introspectiva no segundo ato (“Kristoff Lullaby”).

Olaf (Greg Hildreth)

Os momentos mais divertidos continuam ocorrendo graças a Olaf (Greg Hildreth), que é representado no palco de maneira inteligente com um boneco que permite à plateia ver o ator também (o mesmo recurso foi utilizado em O Rei Leão com o Timão).

Outro momento divertidíssimo fica por conta de Oaken (Kevin Del Aguila), o dono da loja onde Anna compra as roupas de inverno. Ele dá início ao segundo ato cantando “Hygge”, provavelmente a música mais engraçada da peça.

Kristoff (Jelani Alladin) e Sven (Andrew Pirozzi)

A troca de cenários e os efeitos visuais no palco são deslumbrantes. Chama atenção, também, a rena Sven, interpretada por Andrew Pirozzi, que fica o tempo inteiro dentro da fantasia e nos deixa imaginando o quão difícil deve ser passar horas dentro daquele artefato.

Apesar do sucesso de bilheteria, Frozen foi indicado a apenas 3 categorias nos prêmios Tony (o Oscar do Teatro). Recebeu indicações de melhor musical, melhor roteiro e melhor trilha sonora feita para o teatro. Uma pena que o elenco (especialmente Patti Murin) e os responsáveis pelo cenário não tenham sido reconhecidos.

É difícil dizer se Frozen na Broadway fará com quem não viu a animação se tornar um fã, mas com certeza é uma experiência imperdível, principalmente durante “Let It Go”. Impossível não ficar arrepiado, e não é de frio.

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