Crítica: Atômica (2017) | Esqueça tudo o que você acha que sabe sobre espiões!

Há tempos o tema da espionagem tem ganhado espaço dentro da sétima arte. Desde os primeiros 007 até o mais recente Jason Bourne, temos visto de tudo, partindo daqueles longas que despertam a curiosidade do espectador por conta dos atores até chegar àqueles que impressionam tanto pela história como pelo elenco escalado. No caso de Atômica, filme que estreia amanhã nos cinemas de todo o Brasil, ele por incrível que pareça se encaixa em ambas as alternativas, pois o próprio trailer (que é animal) por si só já explicita que a fita haveria de ser “tiro, porrada e bomba”; e não é que o resultado rendeu? Baseado no graphic novel The Coldest City, assinado por Antony Johnston e ilustrado por Sam Hart, a película conta com distribuição da Universal Pictures e traz Charlize Theron, James McAvoy, John Goodman, Til Schweiger, Eddie Marsan, Sofia Boutella e Toby Jones no elenco. Com uma combinação de ação e suspense, Atomic Blonde apresenta uma trama repleta de sensualidade, brutalidade e revertérios. Bateu uma curiosidade? Pois então continue comigo e saiba o que esperar do que talvez se torne a “sensação” do ano!

Na história, após a queda do muro de Berlim, a agente Lorraine Broughton (Theron) – a mais assassina e brutal agente disfarçada do MI6 – é enviada à cidade para investigar o assassinato de um oficial e recuperar um dossiê de valor inestimável, cujo conteúdo inclui uma lista perdida de agentes duplos. Ela se une ao chefe da estação local, David Percival (McAvoy) e se envolve em um jogo letal de espiões, onde usará todas as suas habilidades para cumprir a missão.

Bom, inicialmente, a trama pode parecer meio confusa – principalmente o interrogatório com Toby Jones (O Nevoeiro) e John Goodman (O Voo). Contudo, no fim das contas tudo se interliga e o público compreende o propósito do enredo. Engraçado que a todo o momento a gente se pergunta: “quem é quem? quem tá traindo quem?”, mas apesar disso, ele tem tudo que um bom thriller de espiões deve ter, e Charlize Theron (Velozes e Furiosos 8) arrebenta, literalmente. Com uma performance poderosa, a protagonista de primeira parece ser reservada, porém na verdade, todo mundo sabe que ser sério nunca foi sinônimo de pacificidade. Lorraine é furiosa, impositiva e justamente por conta dessa personalidade forte que ela impõe sua execução, defrontando os inimigos sem só nem piedade. Aliás, houve horas em que ela não era honesta com ela mesma em prol do outro, mas não se engane, a proporção tomada não a faz de vilã. Só que o indivíduo maquiavélico está sempre à espreita, então se prepare. Óbvio que eu nunca contaria e estragaria a surpresa para vocês, queridos leitores do NoSet; não se preocupe que, quando necessário, evito ao máximo ser “spoilerento” (ouvintes do SetCast entenderão).

Destaque ainda para Delphine Lasalle na pele da bela Sofia Boutella (A Múmia), que não só faz parte de uma cena gráfica desnecessária, mas também para o desenvolvimento de uma relação construtiva, formada pelo favorecimento de autocontrole e segurança para com Lorraine, sabendo diferenciar o âmbito pessoal do profissional. Afinal, todos sabemos que não se deve misturar negócios e prazer. Todavia, digamos que embora agentes não brinquem em serviço, o conceito não funciona dessa forma. Além disso, a personagem de Delphine ganha uma relevância maior na metade da obra, pois a personagem de Boutella manifesta claramente suas emoções, e desde a primeira aparição – onde mantinha contato visual e demonstrava interesse – Delphine se vê envolvida demais, sabia que suas ações seriam, a partir de então, irreversíveis. Da mesma forma, depois de arrasar em Fragmentado, o astro James McAvoy retorna às telas com uma performance excepcional, provando como tem talento para o ofício!

Por isto, um dos pontos altos do filme é a sua trilha sonora, que envolve praticamente todos as cenas de ação intensa entre Charlize Theron, James McAvoy e Sofia Boutella. Totalmente voltada aos anos 80, a trilha traz sucessos como ‘Father Figure’, de George Michael; ‘London Calling’, de The Clash, ‘I Ran’, de A Flock of Seagulls, ‘Under Pressure’, parceria entre Queen e David Bowie; ‘Stigmata’, de Marilyn Manson; ‘Fight the Power’, do Public Enemy, além de ‘Blue Monday’, do New Order e ‘Major Tom’, de Peter Schilling. Logo, não esqueçamos de mencionar ‘Cat People (Putting Out Fire), do David Bowie (a minha favorita), faixa cativante que toca nos créditos iniciais, onde Charlize surge em tela como veio ao mundo em uma banheira de gelo como veio. Coisa de espião, certo?

À medida que os eventos vão se sucedendo, o ritmo só vai melhorando, pois o clima se intensifica e reviravoltas mirabolantes começam a acontecer. Um exemplo disso se deu também porque o último filme de Leitch (John Wick) também tinha todo esse ritmo frenético, com horas de perseguição, takes de câmera surreais (sim, me faltam palavras pra descrever o tamanho cuidado dos produtores ao movimentá-las) e aquilo que o diretor oferece de bandeja: uma violência gratuita que não atrapalha muito. Meus parabéns para o cineasta, que proporciona ao espectador uma experiência sem igual nos cinemas, com um desenrolar que funciona corretamente e mostra ao que veio, sem enrolação maçante.

Em contrapartida, houve pequenos declines no roteiro (como qualquer outro filme), mas nada é tão grave a ponto de rebaixá-lo completamente. Ademais, um acerto e tanto em minha opinião foi a fotografia, fantástica! Temos ótimos planos-sequência ao longo de suas quase 2 horas (principalmente durante as lutas sangrentas), caracterizados pela retirada de cortes da câmera, com takes estão incríveis. Sem mencionar ainda que o cenário está sempre nublado, cinzento e fechado, assim como a política da época, por assim dizer. Em suma, Atômica é aquele entretenimento de qualidade, inteligente, cuja história mesmo sendo um pouco monótona, ainda assim prenderá a atenção dos cinéfilos mais exigentes. Por mais filmes assim, dignos de serem vistos na telonas e que não deixam de enaltecer o mundo do cinema com tamanha qualidade, prestigiada pela transição de nossos tempos modernos para a época da Guerra Fria. Vale muito a pena conferi-lo e, de preferência, em IMAX. Recomendado, filmaço!

Título Original: Atomic Blonde
Direção: David Leitch
Duração: 115 minutos

Nota:

Confira o trailer:

http://www.youtube.com/watch?v=2HA1NgqISTY

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6 Comments

  • Legal, deu vontade de ver, linda critica!!!!

    • Muito obrigado, amigo! É tão bom ouvir isso, sério mesmo…heheh
      Abraços, e bom filme!! 😀

  • […] Na história, após a queda do muro de Berlim, a agente Lorraine Broughton (Theron) – a mais assassina e brutal agente disfarçada do MI6 – é enviada à cidade para investigar o assassinato de um oficial e recuperar um dossiê de valor inestimável, cujo conteúdo inclui uma lista perdida de agentes duplos. Ela se une ao chefe da estação local, David Percival (McAvoy) e se envolve em um jogo letal de espiões, onde usará todas as suas habilidades para cumprir a missão… Continua a leitura […]

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