Rosamund Pike (Ruth) and David Oyelowo (Seretse) in A UNITED KINGDOM

Como reunir um povo – “Um Reino Unido”

O significado de nobreza, família real, hierarquia e tradição modifica muito de continente para continente, deixando aqueles membros mais sensíveis sempre à beira da terrível pergunta: “Coroa ou coração?”

O filme “Um Reino Unido” (“A United Kingdom” – 2017) conta uma história real, a do rei Seretse Khama, de Bechuanaland, hoje chamada de Botswana.

Quando ainda era uma criança, Seretse perdeu seu pai, que era o rei, deixando a coroa para seu filho, como ele ainda não podia reinar sozinha, deixou o irmão como o regente. O tio de Seretse o criou como um filho, mas o mandou para Londres, por lá ele teria uma educação melhor, voltando para o seu país quando fosse capaz de assumir sua função como rei.

Em Londres Seretse era muito popular entre os seus, mas eles viviam nos anos de 1940, onde o racismo reinava mais do que qualquer coroa. Isso não havia o atingido até o momento que conheceu Ruth Williams, uma datilógrafa de família simples, mas tipicamente inglesa.

Ruth e Seretse se apaixonaram imediatamente e, talvez pela primeira vez, ele pensou primeiro no futuro dele e não da sua nação, pedindo-a em casamento sem nem ter falado com seu tio (sim, ele tinha que ter pedido permissão).

Vendo que seria quase impossível ganhar a permissão do tio, Seretse e Ruth se casam secretamente em Londres e depois vão para Bechuanaland, confrontando as consequências negativas do casamento.

Before Botswana: Ruth (Rosamund Pike) and Seretse (David Oyelowo) present a united front in A United Kingdom

Para começo de conversa, o pai de Ruth a renega, ela nem poderia voltar para casa caso o casamento não desse certo, depois o povo do país de Seretse a recebeu com muita hostilidade por muitas razões, mas em especial por ser branca.

Falando politicamente, o casamento também não era desejado, Seretse deveria ter se casado com alguém que representasse a força da nação para o mundo, vinda de algum país aliado.

A união deste casal foi pretexto para incidentes políticos, a Inglaterra, com toda a influência que tinha sobre a região, conseguiu que Seretse fosse exilado de sua própria terra. Ruth decidiu ficar em Bechuanaland, provando que se importava com aquela terra e com aquele povo.

Aos poucos Ruth, a rainha branca de Bechuanaland, conseguiu ganhar a confiança das mulheres do país, assim como Seretse ganhou a simpatia de muitos homens importantes da coroa inglesa, chegando mais próximo do fim de seu exílio. Ruth só foi para Londres quando Seretse pediu, porque não conseguiria enfrentar tudo sozinho.

Não foi fácil, mas eles conseguiram voltar para Bechuanaland, governaram com humildade, conquistando a democracia e a prosperidade, transformando na Botswana conhecida atualmente.

Além de toda a questão social sobre o racismo, o filme traz alguns pontos muito interessantes, alguns que podem passar despercebidos quando não analisados.

Mais uma vez, vemos que nem mesmo os mais altos cargos se conservam sozinhos. Seretse se tornou rei por sangue, era de uma linhagem de grandes reis, mas a política quase o impedia de reinar.

Outra coisa interessante é ver que em todo rei tem um castelo. Bechuanaland é um reino pobre, no meio do deserto, carente de tudo, seus governantes (os de verdade, não os implantados pela Inglaterra) viviam em casas simples, com poucos luxos.

Também é mostrado que a humildade é tudo. Ruth era a rainha, mas nunca se impôs, sabia que não seria assim iria ganhar o coração do povo, decidiu se juntar a elas nos trabalhos corriqueiros da vila.

Para os que gostam de intrigas políticas, “Um Reino Unido” também é uma ótima recomendação. Ver de tão perto como a Inglaterra era poderosa e suas estratégias eram inteligentes, passando por cima de quem fosse, não é surpresa que tinha tanta influência dentro da África.

O rei Seretse é vivido pelo ator David Oyelowo, a rainha Ruth por Rosemund Pike. Ele é conhecido por filmes neste estilo, como “Selma” (2014), ela por filmes de época, como “Orgulho e Preconceito” (2005).

Um destaque é a participação de Tom Felton, um dos vilões da saga de Harry Potter (meus queridos Potterheads, nunca esqueço de vocês). Esqueça qualquer atuação adolescente, Felton faz um diplomata jovem e ambicioso, uma atuação adulta.

Obs.: O único filme do bruxinho que eu assisti (o último, porque sou diferentona) eu gostei mais de Draco do que de Harry… Podem me julgar!!!

Se querem um filme sobre amor, poder e humildade, “Um Reino Unido” é a sua pedida.

Beijinhos e até mais.

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