Projeto Gemini: visual arrebatador em uma trama de pouca complexidade.

O que dizer sobre Projeto Gemini? O filme é o primeiro a usar da tecnologia batizada como 3D+ (60 frames por segundo), uma bela aquisição para a Nona Arte que, definitivamente, dá imersão e visão maiores ao espectador. Mas nem só de tecnologia vive um longa-metragem…

Projeto Gemini é o mais recente filme do astro Will Smith (Aladdin) e conta ainda com um elenco competente, cujo entrosamento dá dinâmica à obra. Entretanto, alguns pontos diminuíram o brilho de um filme com um potencial imenso, mesmo se tratando de um longa voltado basicamente para a ação (a melhor parte da trama).

Reflexos.

Projeto Gemini conta a história de Henry Brogen (Will Smith), um assassino a serviço de seu país que deseja a aposentadoria e a teórica calma que viria com ela. As qualidades de Brogen são assustadoras e mostram uma perícia inigualável, mesmo entre os mais renomados assassinos.

Após executar o seu (teoricamente) último trabalho, o profissional recebe um informe sobre uma provável mentira envolvendo a vítima recém-assassinada. Com a semente da dúvida plantada, os superiores dele optam por matá-lo, o que evitaria uma deserção ou algo próximo a isso.

Mas matar o melhor do mundo é uma tarefa difícil e perigosa. Para evitar falhas, os agentes enviam o que há de mais avançado em tecnologia e técnicas de combate, um soldado do Projeto Gemini.

O que Brogen não esperava era envolver nessa caçada uma agente infiltrada chamada Danny (Mary Elizabeth Winstead, a Caçadora de Aves de Rapina) e um amigo de combates, o piloto Baron (Benedict Wong, de Dr. Estranho). Unidos, eles vão para vários lugares do mundo em busca de uma resposta sobre os motivos para a tentativa de homicídio sobre Baron e quem está por trás dessa traição.

Gerações em conflito.

O trailer deixa claro que Brogen terá que confrontar sua versão mais nova. O que o trailer não transparece para o espectador é o nível desse efeito visual. Apurei que o Will Smith mais novo foi praticamente feito todo através da técnica de captura de movimento e, claro, com um CGI impressionante que ganha em qualidade com o 3D+. O efeito de ver os dois Brogen é impressionante, porém por um breve momento – no final do filme – a equipe de CGI deixa a qualidade cair. É breve, mas incomoda o público.

Algumas das melhores cenas envolvem o confronto entre essas duas versões de Henry Brogen e garantem momentos de tensão  e ação absolutas. Cabe destacar também a atuação convincente da bela Mary Elizabeth Winstead, inclusive em cenas de ação.

Mas o conflito entre a versão nova e a mais velha de Brogen não se resume ao campo do combate físico. Gradualmente é criado um clima de admiração e tensão entre os inimigos que culminará em ótimas cenas de ação. O que destoa um pouco no longa é a participação de Clive Owen (o agente Clay Verris) que não mantém o nível de interpretação de Will e Mary. Clay Verris é um burocrata em boa parte da trama e só aparece nos minutos finais para mostrar uma breve habilidade em combate. Porém o que incomoda é mesmo a interpretação (o roteiro, sejamos honestos, dá pouco tempo de tela para a personagem) que fica muito abaixo de vilões como Owen Davian (interpretado pelo magnífico Philip Seymour Hoffman em Missão: Impossível 3), entre outros.

Claro que Will Smith tem muito tempo no longa, mas ele usa essa exposição sempre de forma correta e com extremo profissionalismo. Mesmo tendo que fazer dois papéis, o ator mantém o ritmo e a credibilidade durante o filme.

Mary Elizabeth Winstead, Will Smith, and Benedict Wong in Gemini Man from Paramount Pictures, Skydance and Jerry Bruckheimer Films.

Um visual arrebatador.

Mesmo diante de uma trama relativamente simples, Projeto Gemini é grandioso quando o assunto é seu visual. Fotografia perfeita, 3D realmente plus, locações maravilhosas, efeitos visuais que impressionam demais, além de um apuro incomum para produzir a ação que o espectador realmente quer.

A aparição breve do que seria o Projeto Gemini em si ficou muito boa, apenas faltando incluir mais minúcias sobre a iniciativa em si.  Nesta parte do filme podemos ter uma pálida ideia do potencial do projeto que se vale de um campo de treino magnífico que, infelizmente, não ganha destaque.

Director Ang Lee and Will Smith on the set of Gemini Man from Paramount Pictures, Skydance and Jerry Bruckheimer Films.

Atuações.

Como já dito, todo o elenco mostra competência. Clive Owen sustenta uma atuação burocrática e pouco convincente e, nesse ínterim, encontramos um Will Smith que leva o filme ao lado de Mary Elizabeth. Claro que novamente Will rouba a maior parte das cenas, principalmente as de ação quando as versões nova e antiga de Brogen entram em combate.

O elenco tem força para dar vida às personagens, mas o roteiro (três roteiristas) não ousa, não busca ampliar essa provável franquia e, repito, ficamos restritos a um filme de ação que não investe no suspense ou em uma trama mais adulta.

Não consegui ver, dentro da trama, uma história mais convincente e corajosa, capaz de aproveitar o potencial máximo da tecnoliga 3D+ que trouxe imagens e perspectivas novas ao cinema, mas que ainda não se sustenta sozinha. Uma boa história contada ainda tem muito mais validade que efeitos visuais ou tecnologia, ainda que a convivência entre elas seja harmônica.

De qualquer forma, Will e Mary são os pilares do longa-metragem. Com muita força em seus papéis e uma química boa, eles evitaram que o longa-metragem dirigido por Ang Lee não caísse no rancor do público mais exigente e conhecedor do cinema em sua essência.

Vale ir ao cinema para ver Projeto Gemini, principalmente se você gosta de entretenimento no sentido puro da palavra e quer conhecer mais sobre essa linda tecnologia que em breve se espalhará no cinema mundial.

 

 

 

 

 

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