Por que gostamos tanto de séries?

Esta semana, depois de quase um ano, estou terminando de assistir à série “Glee”, pelo Netflix. E com isso percebi que os apaixonados por séries e por filmes tem perfis diferentes. Ou, como eu, tem momentos diferentes. A série tem algo mais duradouro. Você pode se apegar mais ao personagem, pois irá vê-lo muitas vezes ainda. Irá acompanhar sua trajetória. Desenvolvemos uma relação pessoal com aquela série, principalmente quando ela condiz com nossos interesses pessoais. No meu caso, Glee, me toca totalmente, pois sou musicista. A série me envolve, me faz querer ver mais e ao mesmo tempo não querer que ela acabe. Mal eu terminei essa última temporada e já estou vendo a primeira de novo. Até porque a Netflix decidiu que vai retirar a mesma de seu catálogo em 01 de julho desse ano.

 

Mas o que diferencia o apreciador de séries e o de filmes? Ou, pelo menos nossos “momentos de vida Séries” e nosso “Momento Filmes”?

Tem dias que não quero ver uma série. Quero simplesmente ver um filme e resolver o assunto. Ou vários. Dias em que não quero me envolver ou apegar. Quero ver várias histórias que se resolvem em no máximo duas horas. Parece -me que nesses dias estamos precisando de algo que se resolva rápido, que nos dê o entretenimento necessário e nos satisfaça imediatamente. Queremos a sensação agradável e imediata. Percebo também que são dias mais acelerados e que estou aberta ao novo.

 

Mas tem os dias da série. Percebo nesses dias que quero algo familiar. Não quero conhecer novos personagens. Quero ver meus velhos conhecidos, acompanhar sua história, ver seus altos e baixos. saber o que vem a seguir, como vão lidar com isso. Me emocionar com suas conquistas, chorar com suas perdas, me irritar com seus erros. Percebo que são dias que estou mais paciente, disposta a ouvir os problemas dos “meus” personagens.

Esses dois momentos são distintos, mas não se excluem. Já aconteceu comigo de começar um filme e ter uma nostalgia, pelo filme ter acabado. Ficar com vontade de mais. Um vazio de “o que acontece depois”? Então corri para minha série. E agora, com o fim de Glee, procuro desesperadamente um outra que possa me envolver tanto como ela fez. Uma exceção é a trilogia de “Senhor dos Anéis”. Me satisfez completamente, teve uma resolução, mostrou o que aconteceu depois da vitória, com cada personagem. Não vi novamente, pois ficou tudo certo pra mim. Resolvido, acabado.

Enquanto acompanhava Glee, passei também por outras séries. Séries que vão continuar. Que aguardo a segunda temporada. “3%”, “Girlboss”, “Once Upon a Time” (esta última aguardo pelo Netflix pois não consigo ver pela TV, quase nunca consigo estar em casa no horário marcado que ela passa).

E o Netflix e outros serviços de Streaming de Videos, nos proporcionam esta personalização, esse sentimento de posse com a série. “Ela é minha, posso ver a hora que quiser e onde quiser. Ela estará lá para mim”. O filme, mesmo os que mais gostamos, são efêmeros. Eu assisto e passou. Ele cumpre sua função. Mesmo que possamos vê-lo outras trinta vezes, não dá aquele sentimento de perda porque ele sairá do catálogo. Ele ainda pode ser encontrado.

 

Fiquei contente essa semana porque um dos meus filmes “água com açúcar” prediletos entrou no catálogo da Netflix. “Enquanto Você Dormia”, com Sandra Bullock e Bill Pullman. Mesmo já tendo visto umas vinte vezes, fiquei feliz pois procuro este filme há tempo para rever. E poder ver “Star Wars” no Net Now? Quando eu quiser? Mas, mesmo assim, sei que posso encontrá-los de alguma maneira por aí.

Já com as séries é um sentimento de orfandade quando retiram do catálogo. Já não terei mais a segurança de ver Glee novamente. Ela não estará mais lá. E será que poderei encontrá-la em outro lugar? É como se meus amigos, que convivi por um ano, fossem embora. E já não pudesse mais me comunicar com eles.

O final de uma série nos traz uma satisfação, pois fecha um ciclo. Mas nos deixa nostálgicos. Parece o mesmo sentimento de quando terminamos uma faculdade. Alívio e tristeza. E que alegria é quando sabemos que aquela temporada não será a última! É como voltar à faculdade para uma pós-graduação, com vários amigos que estudaram conosco. É saber o que houve depois, como ficaram. É como rever nossos queridos depois de uma longa separação.

 

Depois do final, nos resta encontrar uma outra série que nos encante. E que nos faça esperar pela próxima temporada. Mas “caçar” essa série é que é a parte difícil. Já comecei várias, mas nenhuma mexeu com aquela “coisinha diferente” lá dentro. Nem por isso deixarei de procurar pelos meus próximos amigos e inimigos que passarão um bom tempo comigo. Enquanto não os encontro, vou conhecendo amigos de uma noite, nos filmes.

Ps: Após terminar este artigo, ainda com essa insatisfação por perder Glee, comecei a procurar pela internet a série. E, procurando em minha TV, no Net Now, descobri que esta série faz parte do catálogo da “Claro Vídeos” até Agosto de 2019. Fiquei muito feliz. Mas o sentimento que descrevi acima foi muito verdadeiro e não mudo em nada o que disse. Ficar sem nossa série favorita traz mesmo o sentimento de “orfandade”. 

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