O preço da coragem (2007)

23 de janeiro de 2003. Daniel Pearl (Dan Futterman), chefe da sucursal do Wall Street Journal no sudeste asiático, está trabalhando numa matéria sobre um homem-bomba chamado Richard Reid. Sua pesquisa o levou a Karashi, onde um intermediário lhe prometeu uma boa fonte. Quando Daniel saiu para a entrevista avisou Mariane (Angelina Jolie), sua esposa, de que talvez voltasse tarde. Porém ele jamais retornou. Grávida de 6 meses, Mariane decidiu escrever um livro para apresentar a seu filho quem era seu pai, que ele não conheceria.

O preço da coragem é um filme quase documental filmado em 2007 sobre o sofrimento e angústia da jornalista Mariane Pearl à espera de notícias sobre seu marido, o também jornalista Danniel Pearl. Daniel estava cobrindo a guerra no Paquistão e negociando com um suposto líder uma entrevista, quando foi sequestrado por membros do grupo jihad e morto cinco semanas depois. O filme se baseia no romance A Mighty Heart, livro que Mariane Pearl escreveu em memória a seu marido.
O longa foi realizado de acordo com os depoimentos da própria Mariane, de seus amigos e dos policiais envolvidos durante o período do sequestro. Grávida na época da tragédia, Mariane impressionou o mundo por não se deixar abalar pelo desaparecimento de Daniel. Pelo contrário, mobilizou amigos, policiais, políticos e jornalistas e esteve sempre à frente das investigações, nunca desistindo de encontrá-lo até o momento que soube o que realmente aconteceu com seu marido (um dos momento mais emocionantes do filme).

Outro fato interessante muito bem abordado no filme é não criar um melodrama em cima dessa fato. Pelo contrário, foi realizado um trabalho muito sensato aqui. O filme toca em outras questões como a frágil relação entre a Índia e o Paquistão e também mostra o sério trabalho da polícia local, dando ênfase ao fato de que o país não é completamente habitado por terroristas, como muitas vezes somos levados a crer pela mídia (sobretudo a americana).

E como fazer então para despertar mais ainda a atenção das pessoas para assistirem a um filme desse gênero? A (melhor) solução encontrada foi escalar ninguém menos que Angelina Jolie para o papel de Mariane. Apenas dois anos antes, Jolie havia filmado um de seus maiores sucessos, “Sr. e Sra Smith”, onde estava no auge de sua beleza, além de chamar a atenção de toda a mídia devido ao romance iniciado com Brad Pitt durante as gravações. Jolie está fantástica no papel. Madura, séria, dedicada, e – se não fosse pela boca – estaria irreconhecível com os cabelos cacheados presos pra cima e lentes de contato escuras para ficar o mais parecido possível com a real Mariane (que aparece no filme). Considero um dos melhores filmes de Angelina, ao lado de “A Troca”, “Garota, interrompida” e “Gia”. Este aqui, particularmente, é um que chama bastante atenção, pois a atriz sempre sofre comentários maldosos de que sua beleza e sensualidade são seus reais talentos e que sua aparência e sua luta por causas humanitárias se sobrepõem à sua atuação. Aqui, completamente descaracterizada e entregue à personagem, podemos conferir sem nenhuma distração sua capacidade de atuação.

É um filme jornalístico, real, tenso, comovente e triste. Infelizmente, apresenta nada menos do que a realidade. Considero muito importante que todos assistam a esse filme, nem que seja apenas uma vez por questões culturais. Também é digno de nota a força e a coragem que Mariane teve, ao enfrentar a tudo e a todos para buscar a verdade. Filmes desse estilo são importantes para que crimes como esse não sejam simplesmente esquecidos pela população e para que as pessoas reflitam sobre as implicações pessoais, sociais e políticas que uma guerra pode trazer ao mundo.

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