Limite do sensacionalismo – “Esta é a Sua Morte – O Show”

A televisão, seja em qual país for, tronou-se uma faca de dois gumes, pode-se ter conteúdos muito bons, mas também pode-se explorar assuntos sem a preocupação com os limites do sensacionalismo.

O filme “Esta é a Sua Morte – O Show” (2017) tem o objetivo de chocar o público e nos fazer pensar se consumidos conteúdos necessários ou se nutrimos futilidades.

Adam Rogers é um famoso apresentador de um reality show que procura uma esposa para um “bonitão riquíssimo”. No episódio final o galã lá tem que escolher entre duas noivas (já vestidas à caráter), ele escolhe, mas a outra se revolta, pega uma arma e atira no ricaço, ela ainda tenta matar a concorrente, mas Adam se atira na frente, depois ela atira na própria boca.

Isso tudo sendo transmitido ao vivo pelo canal!

O canal tenta se proteger de todas as formas, começando por “manipular” as respostas de Adam em entrevistas para outros programas deles, mas ele está em choque e não quer mais saber desse tipo de programa, revolta-se contra o formato e a afirma que não há verdade na televisão.

De outro lado a diretora do canal ver que a audiência deles só cresceu depois do incidente, porque o público gosta de polêmica, e fica sabendo que eles podem transmitir este tipo de conteúdo sem complicações legais, desde que fique claro que o canal tentou evitar o suicídio (com acompanhamento médico, por exemplo).

Adam primeiro acha doentio, ideia corroborada pela nova produtora contratada, Sylvia, acostumada com o glamour das produções da Broadway. Mas depois Adam pensa numa forma de unir sua vontade de deixar as pessoas tão em choque como ele, mas que não seja fútil.

A ideia dele é mostrar suicídios sendo realizados ao vivo, as pessoas “classificadas” para aparecer seriam aquelas que sofrem com a falta de dinheiro para sustentar a família ou bancar tratamentos médicos, entre outras coisas.

O programa se inicia quase de surpresa, sem chamadas de divulgação, mas passa a ser um sucesso. O discurso exagerado e o charme de Adam convence as pessoas de que era exatamente aquilo que a televisão precisava. Os números de audiência só subiam, mas passou a ter efeitos negativos para o público e para Adam.

Ele se transforma completamente, o que começou tentando fazer as pessoas pensarem agora era a fonte de sua renda, tornando-se seu principal objetivo. Ele até “acelera” um suicídio, porque a pessoa não morreu no palco (morte lenta com gás), mas ele precisava que ela estivesse morta.

Quem sente isso é a irmã de Adam, Karina, que tenta se estabelecer na vida depois de ter largado o vício em drogas e hoje trabalha como enfermeira em um hospital de câncer infantil. Um dos pacientes que ela mais gostava assistia todos os programas do canal de Adam e, uma vez que assistiu esses suicídios assistidos, passou a pensar mais ainda na morte. Ele acabou morrendo e a família culpou Karina, por deixar menino assistir aquilo.

Ela fica devastada e tem uma recaída, procura com Adam, que é a única família que lhe restou, mas ele a ignora porque tem reunião com produtores (algo para aumentar anda a audiência). Ela procura Sylvia e, secretamente, se inscreve para o último episódio da temporada. Adam fica devastada com quando a ver no palco, mas numa sala isolada, injetando algo na veia para cometer o suicídio.

Além disso, conhecemos Mason, um senhor de meia idade que luta para manter o nível de vida que um dia conseguiu atingir, mas, por ter sido demitido do bom emprego, tem que trabalhar em vários turnos (no canal, inclusive) e fazer várias concessões.

Essa produção não perdoa, você vai ver sangue sim, vai ver suicídios das mas diversas formas, mas isso só choca os olhos, são as atitudes e pensamentos de quem põe o dinheiro acima de tudo que faz nossos estômagos revirarem.

No começo você pode criar uma empatia com Adam, finalmente alguém da indústria se revolta contra a indústria, mas depois começa a ver os sinais quase monstruosos da personalidade dele, que no fundo também ver a audiência e o dinheiro como prioridade, inclusive sobre o bem estar da sua única irmã.

O filme tem a assinatura de Giancarlo Esposito na direção (ele também atua, como Mason), no roteiro estão Noah Pink e Kenny Yakkel. O elenco conta com algumas estrelas.

Adam é vivido por Josh Duhamel, conhecido por filmes de comédia e ação, sabendo fazer a transição perfeita da imagem caricata de um apresentador de reality shows para um insano em busca de algo para se importar.

Mason pode parecer secundário, mas Giancarlo Esposito faz com que ele não passe despercebido. O olhar triste e o sorriso de quem tenta ver a luz no fim do túnel fazem toda diferença na trama. Bem diferente do olhar misterioso que ele fazia sendo o espelho mágico em “Once Upon a Time”.

Precisamos falar sobre o suicídio e o que acontece para que alguém se recorra a ele, mas essa, com certeza, não é a maneira certa de o fazer. Infelizmente muitos canais podem ter essa infeliz ideia, pelo o andar da carruagem atual.

 

Beijinhos e até mais!

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