Hector “Carandiru” Babenco (2003):

Salve Nosetmaníacos, eu sou o Marcelo Moura e hoje falamos um pouco do cinema nacional.

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Carandiru (2003):

Direção e produção Hector Babenco, co produção Flávio R. Tambellini, Fabiano Gullane e Daniel Filho, produção executiva Caio Gullane, roteiro Hector Babenco, Fernando Bonassi e Victor Navas, elenco Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves, Ailton Graça, Rodrigo Santoro, Maria Luisa Mendonça, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Caio Blat, Milhem Cortaz, Ivan de Almeida e Mauro Mateus dos Santos. O filme é uma superprodução baseado no livro Estação Carandiru, do médico Drauzio Varella, onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção com orçamento de apenas R$ 12 milhões.

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Sinopse: O filme aborda o cotidiano da extinta “Casa de Detenção”, mais conhecida por Carandiru, por se localizar no bairro de mesmo nome na cidade de São Paulo, antes e durante o massacre ocorrido em 2 de outubro de 1992, em que 111 presos foram mortos pela polícia.

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Héctor Babenco (1946 – 2016):

Héctor Eduardo Babenco, nascido em Mar del Plata, 7 de fevereiro de 1946, falecido em São Paulo, 13 de julho de 2016, foi um cineasta argentino naturalizado brasileiro de ascendência judaico-ucraniana. Seu maior sucesso foi o filme O Beijo da Mulher-Aranha, pelo qual recebeu a indicação ao Oscar de melhor direção em 1986. Babenco casou-se com a atriz Bárbara Paz em 2010. Foi pai de duas filhas, Janka e Mira, de casamentos anteriores, e dois netos. Morreu na noite de 13 de julho de 2016, após ser internado no dia anterior para tratar de uma sinusite no Hospital Sírio-Libanês, quando teve uma parada cardiorrespiratória, às 22h50 do dia 13. Sua filmografia é composta por 1975 – O rei da noite, 1977 – Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, 1980 – Pixote, a lei do mais fraco, 1984 – O beijo da mulher-aranha, 1987 – Ironweed, 1990 – Brincando nos campos do Senhor, 1998 – Coração iluminado, 2003 – Carandiru, 2007 – O Passado e 2016 – Meu Amigo Hindu.

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Crítica: Excelente e polêmico filme do diretor visionário Babenco, Carandiru é aquele típico filme de qualidade e conteúdo que gostamos de dizer, é cinema nacional e para ver no cinema. Filme com F maiúsculo, com roteiro, enredo, qualidade, atores e principalmente, com um senhor diretor que quer contar uma história sem ter a Globo Films por detrás com aquelas piadinhas sem sentido apenas para que um ator possa aparecer. O cinema nacional que já tinha nos dado um clássico filme Cidade de Deus (2002) do diretor Fernando Meirelles e Katia Lund, um ano depois nos trouxe este orgulho, provando que sabemos fazer cinema e temos atores para isso. Não estou desprezando as comédias rasas no pior estilo Zorra Total, mas não precisa ser só isso. Carandiru é denso, tem uma história, fala de pessoas na margem da sociedade, que ficam da janela assistindo o mundo passar, e vivem o seu tempo, trancados em um mundo que foge ao mundo real, com suas próprias regras, doenças e leis. Uma verdadeira panela de pressão como retratados em muitas séries de sucesso americanas como OZ (HBO), Orange is the New Black (Netflix) ou Prision Break (Fox) entre tantas outras que contam o dia a dia de um presídio e as condições inumanas que são tratadas as pessoas que lá estão. O elenco não podia ser melhor, a nata da tramaturgia brasileira junto com o novo cinema nacional fazem deste filme épico que nem precisam apresentação, muitos começaram aqui para o mundo como Santoro, Wagner Moura e Lázaro Ramos, outros como Milton Gonçalves estão acima de qualquer análise.

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O Massacre da Casa de Detenção de São Paulo ou Massacre do Carandiru, como foi popularizado pela imprensa brasileira, ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando a intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo para conter uma rebelião causou a morte de 111 detentos. A rebelião teve início com uma briga de presos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A intervenção da Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, tinha como justificativa acalmar a rebelião no local. Sobreviventes afirmam que o número de mortos é superior ao divulgado. A promotoria do julgamento do coronel Ubiratan classificou a intervenção como sendo “desastrosa e mal-preparada”. Um tribunal brasileiro condenou, em abril de 2013, 23 dos policiais militares a 156 anos de prisão cada um pelo seu envolvimento na morte de 12 presos durante o massacre. A sentença foi anunciada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão e corresponde apenas à primeira parte do julgamento que está dividido em quatro etapas. Outros três policiais julgados nesta primeira fase foram absolvidos a pedido do próprio Ministério Público. Em 3 de agosto de 2013, por volta das 4 horas da manhã, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo leu a sentença de 624 anos de prisão a 25 réus policiais militares que foram acusados de participação no massacre, especificamente na participação direta na morte de 52 detentos instalados no terceiro pavimento do pavilhão 9. No conjunto do processo irão ser julgados 76 agentes pelo confronto. Em junho de 2001, o coronel Ubiratan Guimarães foi inicialmente condenado a 632 anos de prisão por 102 das 111 mortes do massacre (seis anos por cada homicídio e vinte anos por cinco tentativas de homicídio). No ano seguinte, ele foi eleito deputado estadual por São Paulo após a sentença condenatória, durante o trâmite do recurso da sentença de 2001. Por este motivo, o julgamento do recurso foi realizado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, ou seja, pelos 25 desembargadores mais antigos do estado de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2006. O Órgão reconheceu, por vinte votos a dois, que a sentença condenatória, proferida em julgamento pelo Tribunal do Júri, continha um equívoco. Essa revisão acabou absolvendo o réu. A absolvição do réu causou indignação em vários grupos de direitos humanos, que acusaram o fato de ser um “passo para trás” da justiça brasileira. No dia 10 de setembro de 2006, o coronel Ubiratan foi assassinado com um tiro na região do abdômen. No muro do prédio onde morava foi pichada a frase “aqui se faz, aqui se paga”, em referência ao massacre do Carandiru.

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