Goosebumps 2: Halloween Assombrado. Potencial desperdiçado.

As histórias de terror (na verdade, um terror bemmm juvenil) de R. L. Stine são sucesso absoluto pelo mundo. Seus livros ganharam versões em diversas línguas e foram adaptadas para o cinema em 2015 com Goosebumps – Monstros e Arrepios, filme que contou com o sempre carismático e divertido Jack Black no papel principal. O primeiro Goosebumps foi engraçado, fluiu bem e fez jus às histórias originais do autor.

Então recebemos há algum tempo a notícia de que Jack Black novamente viveria R. L. Stine nos cinemas. Anunciada a sequência (?) e divulgado o título (Goosebumps 2: Halloween Assombrado), fãs no mundo todo começaram a fazer suas apostas sobre como seria essa nova obra, principalmente por conta da boa atuação de Jack em Jumanji: Bem vindo à selva. e também por ser um lançamento próximo de seu mais recente filme, O Mistério do Relógio na Parede. Tinha tudo para ser um enorme sucesso de bilheteria e, sobretudo, um sucesso entre os fãs do primeiro filme e das histórias dos livros de Stine.

Tinha…

Goosebumps 2: Halloween Assombrado é um filme tecnicamente muito bem feito. Efeitos especiais de qualidade, boa fotografia, cores vibrantes e algumas passagens engraçadas… mas não consegue sair disso. Há um enorme potencial para termos uma aventura à altura do primeiro longa-metragem, o elenco é dedicado e é possível perceber que investiram uma considerável quantia em dinheiro para produzir o filme. Porém ainda permanece a sensação de que algo faltou.

Para começar, o roteiro não segue a premissa de seu antecessor, já que uma nova justificativa para o surgimento dos monstros é criada. Inicialmente, a fórmula funciona por causa dos efeitos especiais. As atuações medianas (talvez justificadas por se tratar de uma obra voltada para o público infantil) não dão a base para aumentar a credibilidade da história, o que dá ao público a sensação de assistir a uma animação simples, cuja preocupação com a trama perde espaço para o que é belo graficamente.

Mesmo ao trazer elementos dos livros de R. L. Stine é possível perceber que algo está desconexo. A fórmula de garotos perseguidos + Perigo + herói improvável não tem a força de filmes como Goonies ou uma série no padrão Stranger Things. Claro que eu não esperava isso tudo, mas faltou coerência para que a dupla de estranhos e a irmã de um deles realmente fossem carismáticos a ponto de simpatizarmos com eles.

E o que sustenta esse longa-metragem é a presença de Jack Black? Infelizmente não.

Ao final de Goosebumps 2 temos a nítida impressão de que a “marca” Jack Black só foi inserida para criar a falsa impressão de uma sequência. Isso não é uma sequência, apenas um filme que quer o “gancho” de um filme relativamente bem sucedido, porém com limitações que não existiam no primeiro longa.

Um dos pontos mais fracos está na solução encontrada para mandar os monstros de volta. A partir do momento em que isso surge, fica bem fácil deduzir qual será o fim. O segundo ponto de fragilidade no roteiro é o vilão, cujo potencial foi descartado para dar lugar às aparições de outras criaturas que justificariam o uso de efeitos especiais mais grandiosos. Mesmo com o já citado belo apelo visual do filme, sem uma trama atraente ficou difícil assistir ao filme com a empolgação de outras produções no padrão de Hotel Transilvânia 3 – Férias Monstruosas, também da Sony Animation.

O que eu concluo é que crianças irão adorar Goosebumps 2 por ter piadas constantes, um trio de jovens em perigo e criaturas que sairam, literalmente, das histórias. Quanto aos adultos, onde me incluo, a projeção se torna maçante em alguns pontos que, felizmente, são rapidamente suplantados pelas criaturas digitais e efeitos de primeira linha. A balança poderia até estar equilibrada para que o filme fosse mediano, não fosse a utilização de um final cuja promessa de outra produção da série comprova que a obra foi feita para pegar o embalo dessa festa tão interessante que é o Halloween.

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