Death Note – O Caderno da Morte (2017). ‘Uma aula de como escolher adaptação’

Bom, a maioria das pessoas, se não assistiram o anime de Death Note, tem uma noção básica do que é a história. E esse parece o caso do diretor Adam Wingard (que, como se não bastasse, é o responsável pelo Bruxa de Blair de 2016).

Assim como em seu trabalho anterior, Adam mostra que não tem a mínima sensibilidade em respeitar as histórias anteriores que carregavam o mesmo título. E depois de transformar a Bruxa de Blair numa espécie de “monstro na floresta”, vai até a Netflix mostrar como nem se deu o serviço de acessar a rede streaming para dar aquela maratonada boa de fim de semana no anime antes de decidir dirigir o filme.

A impressão que fica, é que algum amigo dele, ao assistir o anime, disse o seguinte: “Hey, Adam, eu tô assistindo um desenho japonês muito bom! Um nerd acha um livro que, quando você escreve um nome nele, a pessoa morre, e o dono do livro, é um deus da morte que fica incitando o cara ir sempre além, ao mesmo tempo que um detetive viciado em doce tenta descobrir a causa dessas mortes!” E aí o cara pensou “Nossa, gostei muito dessa ideia, mas não tenho saco pra assistir animes…. de qualquer forma, esse vai ser o meu próximo filme!”.

É claro que, ele não é o único culpado pela adaptação catastrófica da história para o cinema americano, já que o roteirista é ninguém mais ninguém menos que Jeremy Slater. O responsável por roteiros como o de Renascida do Inferno, e a sua obra-prima é definitivamente a última adaptação do Quarteto Fantástico para o cinema….

É, esse é o currículo do cara e ele continua na indústria.

Eu, sinceramente, não via uma dupla tão carismática para protagonizar um projeto o Batman de George Clooney e o Robin de Chris O’Donnell. E depois dos trailers e teasers que foram saindo da produção, não restava dúvida: A adaptação americana de Death Note seria muito ruim.

Calma, jovens, este não é o Alex Turner

Então, quando finalmente tive a oportunidade de assistir o filme, assisti procurando ver o que existe de bom nele. O que essa dupla dinâmica conseguiria fazer em 100 minutos para desarmar a bomba anunciada.

Apesar de procurar ser condolente com o filme, ele já apresenta de uma maneira muito apressada e descaracterizada o casal protagonista do filme. Se ainda restava alguma dúvida, o que dizer então, do pastelão que é a cena onde Light vê  Ryuk pela primeira vez. Citando outro filme dos anos 90, me lembrou muito Simão, o Fantasma Trapalhão (1998), só que sem a intenção de fazer uma cena tão ruim. E quando digo ruim, quero dizer que é ruim mesmo.

É… pois bem.” Pensei: “pelo menos o Death Note é muito bonito e caprichado. Ao contrário de tudo que foi apresentado até aqui.” 

Passando o pano pro filme mais um pouco, já não esperava um envolvimento complexo entre os personagens, mas a descaracterização quase que completa do protagonista, arruinou todas as relações do filme. O pai, por mais que seja fácil achar referências para fazer um policial símbolo de integridade, acaba tendo um deslize na sua personalidade logo no início da história, que não serve de gancho em nenhum momento do filme. Ryuk, e a cara de alien que fizeram descaradamente no computador, é exatamente o que todo fã espera do personagem… se nele não houvesse nenhuma camada.  L, que, apesar da boa atuação de Lakeith Stanfield, é um personagem completamente diferente do L tão bem construído, e que conquistou nossos corações no anime.

Que isso? L, larga essa arma, cara! Não é do seu feitio.

 

No entanto, a pior personagem foi a interpretada por Margaret Qualley (atriz conhecida pela série The Leftovers), Mia, a namorada cheerleader de Light, com uma inconstância absurda de personalidade, em uma cena ela é uma bad girl manipuladora, na outra faz tudo em nome do amor da forma mais piegas possível como a personagem equivalente dela no anime. E como o filme é movimentado principalmente por suas atitudes, fica difícil dar qualquer valor positivo a narrativa construída em “O Caderno da Morte” .

A fotografia e a direção de arte do filme até que são bem executadas, e a trilha sonora tenta trazer um aspecto puxado para Donnie Darko que realmente não funciona, mas também não incomoda tanto. Só que tem um roteiro tão inconsistente e atores agindo de formas tão desleixadas, que não dá para admirar uma cena sequer durante a 1h40 de filme.

A obra ainda conta com deslizes corriqueiros em produções preguiçosas, como explicar demais algo que já está explicado, ou até mesmo a de colocar agentes bobalhões na cola de Light. Hora um personagem é inteligente, hora ele não é tanto assim; em uma cena o personagem é íntegro e defensor da lei e da justiça, na outra, considera que alguém mal morrer, talvez não seja ruim.  E é nesse ritmo que Adam Wingard entrega um dos piores filmes do ano, e uma das piores produções da história da Netflix, cujo a aula de como escolher uma adaptação, vem por negação.

NÃO escolha uma obra tão complexa pra ser explorada num filme curto

NÃO escolha um diretor e um roteirista com currículos tão ruins

NÃO fique no meio do caminho entre parecer demais, ou parecer de menos a obra original.

NÃO comece a filmar um filme sem ter a certeza do que você quer com ele.

Por fim, Death Note – O Caderno da Morte, é uma obra que falha tanto em comparação, quanto como filme isolado e não empolga em nenhum aspecto apesar da boa premissa que tem em mãos.

Nota 2 de 10

É tanta coisa pra falar mal desse filme que eu nem sobrou espaço para falar sobre o desperdício de personagem do Watari. E vocês? Já assistiram? Conseguiram chegar até o fim e ver aquele absurdo de “cenas” à la American Pie nos créditos do filme? Faça seu ode nos comentários.

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1 Comment

  • Realmente um dos piores filmes do ano

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