Deadpool 2 – Filme heróico de família para adultos (Agora, maiores de 16 anos)

A nova safra do cinema denominada de filmes de heróis, marcados por orçamentos altos em efeitos visuais, cenários digitais, atores em início de carreira ou veteranos em queda de popularidade e, claro, um roteiro baseado no mito do herói. Isso se ele não surgir de uma adaptação de uma revista em quadrinhos ou de um livro. Essa é a fórmula muito seguida na rica e nada criativa indústria cinematográfica americana e pouco sucessiva comercialmente no país e ao redor do mundo quando não agrada os fãs. Então vez ou outra, aparece uma obra com a façanha de agradar novatos e veteranos de determinado personagem. Aparentemente, o 11º longa-metragem da safra X-Men e sequência de Deadpool (2016) dirigido por David Leitch e escrito por Rhett Reese, Paul Wernick e Ryan Reynolds é unanime entre o público.


Começamos com o filme com um clima deprê, o mercenário com câncer terminal Wade Wilson (Ryan Reynolds) melancolicamente coloca uma caixinha de música com o cadáver do Wolverine para tocar, solta o gás de cozinha, acende um cigarro, se deita em galões de gasolina, se explode e dá spoiler ao público sobre sua morte em voz in off.
Em sua nova fase de vida, ele continua seu trabalho de limpar o mundo do crime de meios inusitados enquanto lida com o taxista Dopinder (Karan Soni) cujo sonho é ser herói tendo o desbocado como tutor e seu namoro sob o mesmo teto com sua amada Vanessa Carlyle (Morena Baccarin). Ambos tem o sonho de uma família e planejavam uma criança.
Então Colossus (Stefan Kapičić) pede seu auxilio e oferece o cargo de membro estagiário dos X-Men. Não demora muito para o primeiro trabalho, num orfanato para mutantes. O obeso e mutante piromaníaco Russel Collins (Julian Dennison) surta e ameaça queimar o diretor (Eddie Marsan) antes de ser preso. Do futuro, Cable (Josh Brolin) perdeu a família devido um mutante com poder de fogo, então volta no tempo para impedir esse evento.
Percebendo a ineficiência dos X-Men, Deadpool com ajuda de Weasel (T. J. Miller) decide montar sua própria equipe de heróis chamada X-Force. Sendo formada por outros mutantes: Bedlam (Terry Crews), Shatterstar (Lewis Tan), Zeitgeist (Bill Skarsgård), Vanisher (Brad Pitt), Domino (Zazie Beetz ) e o desempregado Peter (Rob Delaney). Assim, o tagarela politicamente incorreto volta a ativa.
A base do roteiro é a sátira aos filmes das produtoras rivais Marvel e DC assim como suas estruturas. A previsibilidade e ausência de sentido do roteiro e sua adaptação sem fidelidade ao original ou sem ajustes narrativos, exagero de orçamento, produção e pós-produção, atores conhecidos pelo público sem talento para o papel e, é claro, o impacto do produto nos fãs e no elenco. Portanto, não somente satiriza os heróis, como também há muita referencia ao cinema em si. Filmes como Yentl, Entrevista com o Vampiro, Os Vingadores: Guerra Infinita e Frozen. Anti-heróis como Logan e cantoras como a Beyoncé.


A direção de David Leitch, tendo em vista sua trajetória como dublê de ação e coordenador deles, foi muito essencial ao filme visto as longas e exageradas sequências de ação devido a subversão do tema. Não à toa uma tragédia aconteceu durante as filmagens: a dublê da Dinamo, Joi “SJ” Harris morreu durante as tomadas de pilotagem de moto e se chocou na Shaw Tower, em Vancouver. Nenhuma piada foi feita e sim um luto de dois a três dias da filmagem. Além disso, as alegações de má conduta em contexto sexual contra T.J. Miller paralisaram sua participação no filme, mas não sua exclusão dos créditos. E sim de futuros trabalhos do estúdio Marvel/Fox.

Reynolds como o protagonista entrega uma performance totalmente fiel ao personagem em quadrinhos. A aderência ao cinismo e o sarcasmo aliado a seriedade e a melancolia dá o tom de comédia nas situações exigidas. Logo, os diálogos e as performance podem variar num esquema tragicômico da narrativa satírica. Não significando ausência de humor nos momentos sérios. Ainda mais nas interações com Colossus e FireFist. O senso de equilíbrio das cenas permite grandes gargalhadas entre poucas tristezas. Além de ser a voz do público reagindo ao cinema atual. Brolin, é perceptível a ausência do ator por conciliar suas filmagens com o filme Vingadores Guerra Infinita, ainda assim, transmite seriedade como o vingador de um futuro trágico sem compromisso com o comico tal qual outros personagens. Contribuindo para o desenvolvimento do filme conforme a evolução do protagonista.

Os coadjuvantes assumem também facetas de elementos narrativos. Vanessa, o par romântico do protagonista mesmo sendo boca suja. Domino como uma crítica ao clichê da sorte notada pelo público sobre a facilidade do herói em alcançar seus objetivos. Colossus como o típico herói altruísta e educado crente na capacidade da ordem em meio ao caos universal. Russel uma espécie de pequeno indefeso prestes a ser digerido pelo mal inevitável da vida fazendo assim este um filme sobre família sem vínculo de sangue.

A trilha sonora é composta em 12 faixas por Tyler Bates em sua longa experiência no gênero herói que compartilha créditos com Ashes da Celine Dion e “Welcome to the Party” de Diplo, French Montana and Lil Pump além de temas de outros longa-metragens: Papa, Can You Hear me? da Barbra Streisand e Do you wanna build a snowman? de Robert e Kristen Anderson-Lopez.

Assim, o filme não é somente para os fãs do herói como também para todas as famílias. Pois possui muita semelhança com Rei Leão e Frozen. Possui morte, manipulação psicológica de crianças, trilha sonora lírica, personagens marcantes e a mensagem sobre a importância dos outros em nossa vida e fazer o bem sem olhar aquém. Pena que é somente para adultos.

Bem, na verdade eles recuaram e permitiram o acesso a partir dos 16 anos.

 

 

 

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