Crítica: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017) | Um filme híbrido, mas que sobretudo, dividirá opiniões.

O gênero de ficção científica não para! Desde que dirigiu O Quinto Elemento, o cineasta Luc Besson tem escrito, produzido e dirigido filmes e séries bem conhecidos por nós e, preferencialmente, aqueles de ação e suspense, como Busca Implacável, 13º Distrito, Nikita – Criada Para Matar, Colombiana – Em Busca de Vingança, entre outros. Depois de prestigiar o público com o controverso Lucy, Besson volta às origens do que tem a oferecer no campo do sci-fi e entrega aos espectadores Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. A fita, distribuída aqui no Brasil pela Diamond Films, acabou de chegar às telonas, causando a seguinte impressão: após anos se esquivando de lançar uma nova superprodução tão pedida pelos seus fãs, será que o visionário diretor nos brinda com algo totalmente novo? Claro, a proposta cria um novo conceito de super-herói, com um desenrolar que possui ação, aventura e leves toques de comédia, mas seria tudo isso o suficiente para torná-lo um filme que vale a pena ser visto na tela grande? Continue comigo e saiba mais!

Na história, que se passa no Século XXVIII, mais precisamente 2550, Valerian (Dane DeHaan) é um agente viajante do tempo e do espaço que luta ao lado da parceira Laureline (Cara Delevingne), por quem é apaixonado, em defesa da Terra e seus planetas aliados, continuamente atacados por bandidos intergalácticos. Quando chegam ao planeta Alpha, eles precisarão acabar com uma operação comandada por grandes forças que deseja destruir os sonhos e as vidas dos dezessete milhões de habitantes do planeta.

A princípio, o trailer gera bastante entusiasmo nos cinéfilos, principalmente por se tratar de um blockbuster fictício, então os aficionados estão com as expectativas lá em cima. Convenhamos, o filme pode até ser uma superprodução (ainda que não prometa nada de extraordinário). Contudo, isso não é desculpa pra que ele deixe ser considerado um lixo por vários internautas, e do mesmo jeito que John Carter – Entre Dois Mundos foi um fracasso pra Disney, não duvido que este aqui também deixe de ser bem recebido pelo público e acabe afundando de bilheteria. Se pararmos pra pensar, no final das contas é tudo uma questão de gosto. Afinal, se você, querido leitor, é apaixonado por Sci-Fi, com certeza vai acabar assistindo, pra tirar suas próprias conclusões. E essa é a maneira correta de julgar se uma obra vale a pena ou dá pena; quando alguém te diz que tal filme é bom ou ruim, só ouvir não é o suficiente, e é preciso conferir, nem que seja pra passar o tempo, avaliando através de sua concepção, a visão individual de diversos longas hollywoodianos.

O 1º ato da película começa bem, apresentando uma trama cujos conhecimentos acerca daquele universo se desenvolvem de maneira cativante, e atraem o espectador a adentrar em um mundo onde o contato com o ser humano e criaturas de espécies deveras exóticas foi se tornando cada vez mais harmonioso. Além disso, compreende-se que tramas irão se conectar e vidas serão cruzadas, aparentando, até então, um bom entretenimento. Entretanto, é importante salientar que a partir da 2º parte, o que parecia ser um enredo interessante, decai aos poucos durante o seu comprimento, que dura pouco mais de 2 horas e 10 minutos. Pra falar a verdade, o tédio foi tanto que dei umas piscadas longas na metade dele, e não simplesmente por razão de ele baixa o nível, como também o restante dos elementos inseridos ali vão se perdendo em meio aos furos do roteiro, no que diz respeito à lógica da condução dos fatos.

Em outras palavras, é puro entretenimento pipoca, mas que não obstante, deve atingir o público que não se importa com filmes que merecem ser mais conferidos por seus efeitos especiais do que pela história em si. Um aspecto que ainda me chamou a atenção sobre os figurantes foi o fato de eles não serem tratados como entes isolados, mas como membros da equipe que se une em prol de um bem comum (salvar o planeta de ameaças malignas) – por isso se vê como o companheirismo e o respeito impacta a criação de vínculos entre as raças distintas. Nesse mesmo cenário, analisa-se o conceito de dupla identidade, onde o traidor sempre busca uma solução pra salvar a própria pele, enquanto tenta se justificar.

Por outro lado, o CGI é fantástico e beira ao realismo, proporcionando quase a mesma sensação que muitos sentiram ao assistir Avatar. Logo, acompanhar aqueles incríveis movimentos feitos com muito esforço por James Cameron e sua equipe de efeitos visuais é um dos pontos positivos do filme. Falando um pouco das atuações, gosto do ator Dane Dehaan (desde Poder Sem Limites), e aqui o ator tem uma performance plausível, com um papel cheio de altos e baixos – uma vez que ele descobre ser sido o famoso “escolhido” da trama, mas que, no geral, está na média.

Já Cara Delevingne (Esquadrão Suicida), dona de uma beldade de lábios, diria que é uma atriz à la Kristen Stewart, cujas expressões faciais são sempre as mesmas, em inúmeros momentos; em minha opinião, tal detalhe fez com que a sua performance deixasse a desejar na maioria das cenas, exceto quando se trata do humor, já que a leve comédia adicionada rende algumas breves risadas (vide a piada de levar o bichinho que multiplica as pérolas junto com ela). Com relação à Clive Owen, ele até que atua de forma segura, carregando sempre o carisma e segurança já vistos em Rei Arthur e Filhos da Esperança. E não poderia deixar de citar a participação da cantora Rihanna, não é? A atriz – que há pouco tempo deu um show interpretando Marion Crane na 5ª Temporada de Bates Motel, não teve um desempenho marcante; apenas uma ponta com uma trilha sonora convidativa e ponto de fotografia exuberante, cujas cores contrastam entre tons frios (preto, branco e azul) e quentes (amarelo, laranja e vermelho).

Por fim, sabe aquele filme bonitinho, mas ordinário? Pois bem, como mencionei há pouco, caso você seja fã do gênero, é bem provável que curta conferi-lo cinema, e talvez até ache excelente a ponto de considerar um dos melhores do ano. Agora, ressalto que se não for, vai por mim, você não perde por esperar o lançamento em plataforma digital. Por fim, concluo que, sob a minha perspectiva, Valerian and the City of a Thousand Planets é um longa híbrido assumido, uma baita mescla genérica que vai dividir a opinião dos telespectadores nas próximas semanas, pois teoricamente falando, quando Ender’s Game – O Jogo do Exterminador encontra John Carter e Avatar no universo de Star Trek, o desencadeamento é, no mínimo, imprevisível.

Título Original: Valerian and the City of a Thousand Planets
Direção: Luc Besson
Duração: 137 minutos
Nota:

Confira o trailer:

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