Crítica: Soundtrack | Uma pequena ou grande obra de arte depende da sua percepção

Soundtrack que estreou na ultima quinta-feira (7), com Selton Mello e Seu Jorge no elenco de um filme que tem tudo pra ser grandioso e bem lembrado. Cris (Selton Mello) é um fotografo que viaja para uma estação de estudos na neve, completamente isolada, com o intuito de fazer autorretratos em que ele se fotografa sempre ao som de alguma musica, uma playlist que seria a trilha sonora de sua futura exposição.  Na estação Cris conhece quatro cientistas: Cao (Seu Jorge), botânico brasileiro que investiga a flora em situações extremas; o britânico Mark (Ralph Inenson), especializado em aquecimento global; o biólogo chinês Huang (Thomas Chaanhing) e o pesquisador dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran).

Diante da convivência, a rotina na estação, os trabalhos grandiosos desenvolvidos pelos cientistas, tudo isso põe em questionamento a arte de Cris. Pois, ele vê o quão é difícil o dia-a-dia deles, cada um com suas questões pessoais que poderiam fazer com que eles desistissem daquilo tudo a qualquer momento e isso sem contar que eles não recebem incentivo financeiro, fazem tudo realmente em nome da ciência e de um bem maior que é buscar respostas e soluções para o homem, os problemas climáticos e naturais.

Com estreantes diretores da 300ml em longas-metragens e produção de Julio Uchôa, Isabelle Tanugi, Carlos Paiva, Selton Mello e Seu Jorge, nos prestigiam com um filme que tem um cenário que apesar de singular é simplesmente lindo.  O cenário é num lugar isolado na neve, muito gelo e vira e mexe algumas tempestades com mais gelo. Os quatro cientistas já estão acostumados aquele estilo de vida, sabem o que podem e não podem fazer ali, levando um estilo de vida monótono, mas ao mesmo tempo arriscado.

Quando Cris entra nesse contexto, o expectador acaba descobrindo com ele como é essa vida, as dificuldades, limitações, os perigos, a relação entre aqueles homens, com um toque bem abrasileirado (provavelmente por ter esses dois grandes nomes brasileiros na produção e no elenco Selton e Seu Jorge) e o fato do filme ser assim focado na convivência deles, a relação, rotina, o desenrolar é muito mais direcionado a troca e principalmente aos diálogos entre eles (aliás um ponto alto do filme). Os diálogos são tão bons que chegam a ser poéticos levando o filme a ser uma reflexão sobre a vida.

O mais interessante é que o filme se chama ‘soundtrack’ então temos (pelos menos eu tive) a sensação de que vai ter um destaque para a trilha sonora, porem isso não acontece, pois a percepção que tive é que as músicas que Cris ouve para se inspirar e embalar seus autorretratos são sempre sons mais ambientes, só melodias o que retorna ao ponto de que esse é o foco do filme, o momento, o ambiente, o que se passa ali entre ele e os demais envolvidos e provavelmente esse é o intuito de Cris e todo o filme.

Soundtrack é um filme que vai da sensibilidade de cada um, pode agradar muito quem tiver essa sensibilidade de perceber as questões sociais envolvidas com aquele grupo e de cada um na sua particularidade, assim como na relação entre eles, com os diálogos e cenas que nos levam a refletir sobre: qual o nosso papel no mundo. Mas, para quem não tem tanta paciência pode ser um filme lento e até chato, então só assita se estiver com disposição sentimental.

Nota:7,5/10

Trailler

Título Original: Soundtrack

Direção e Roteiro: 300ml

Elenco: Selton Mello, Seu Jorge, Ralp Inenson, Thomas Chaanhing, Lukas Loughran.

Sinopse: O fotógrafo Cris (Selton Mello) viaja para uma estação de pesquisa polar, onde pretende realizar selfies para uma exposição de arte. Sua ideia é reproduzir em imagens as sensações causadas pelas músicas de uma playlist selecionada para a experiência.  Lá ele se surpreenderá com visões de mundo completamente diferentes, na companhia de quatro cientistas que se dedicam a projetos grandiosos: Cao (Seu Jorge), botânico brasileiro que investiga a flora em situações extremas; o britânico Mark (Ralph Ineson), especializado em aquecimento global; o biólogo chinês Huang (Thomas Chaanhing) e o pesquisador dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran). Juntos, eles descobrirão novos pontos de vista a respeito da vida e da arte.

Produzido por Julio Uchôa, Isabelle Tanugi, Carlos Paiva, Selton Mello, Seu Jorge e 300ml, o filme tem coprodução da Orion, Globo Filmes, OM.art, Clan, FM Produções, Naymar/Cia Rio. A distribuição é da Imagem Filmes no Brasil e da MGM/Orion no mercado internacional.

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