Crítica: Rogue One: Uma História Star Wars

Rogue One é um bom adendo à franquia, que consegue se encaixar no enredo principal, mas mantendo sua própria história, com início, meio e fim bem definidos. Para os que estavam por dentro do projeto desde o início, já sabiam que o filme é um “spin-off”, ou seja, um derivado da franquia original dos filmes (o “cânone”), nomeados como episódios. Tanto que o filme possui um subtítulo denominado “uma história Star Wars”.

Para ficar ainda mais claro, o filme não começa com o famoso letreiro e as letrinhas subindo, uma das características principais da saga (informação veiculada pela produção com antecedência, não é spoiler), nem possui a famosa trilha sonora de John Williams. Mas, se por um lado não é um episódio “oficial” de Star Wars, por outro podem ter a certeza que é uma história DE Star Wars, com vários elementos que os fãs estão acostumados, e com direito a alguns agrados adicionais, homenagens e easter-eggs.

O filme começa morno, contextualizando o momento político atual na galáxia, com o império sendo a força dominante, a queda da república e a aliança se tornando uma força rebelde com focos espalhados por alguns planetas. Um momento conturbado, cheio de espiões, assassinos, fanáticos, líderes idealistas e aproveitadores. Cientistas estão sendo recrutados para construir um arsenal bélico capaz de manter a ordem e a soberania no universo (mais ou menos o que o arsenal nuclear faz com as potências da Terra nas últimas décadas).

Entre os cientistas está Galen Erso (Mads Mikkelsen), ponto de partida para esta história. Galen se separa de sua filha Jyn Erso (Felicity Jones) ao ser levado pelo diretor Orson Krennic (Ben Mendelsohn). Jyn é resgatada pelo líder radical Saw Guerrera (Forest Whitaker). Alguns anos depois, ela se torna peça-chave nos planos da aliança para roubar os planos da construção da estrela da morte e impedir o império de destruir toda a galáxia. A equipe batizada de Rogue One conta com Cassian Andor (Diego Luna), Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e Baze Malbus (Wen Jiang), Bodhi Rook (Riz Ahmed) e o dróide K-2SO (voz de Alan Tudyk). Quem são estes e quais suas funções no esquadrão só assistindo ao filme…

O que acontece quando a Aliança consegue os planos da estrela da morte muito provavelmente você já viu no Episódio IV: Uma nova esperança. Mas ninguém sabia COMO eles conseguiram isso e o que foi preciso fazer para que tal façanha fosse realizada. Até agora… Esse é um momento de guerra, e tempos de conflitos são tomados por decisões difíceis, onde nem sempre as atitudes tomadas são uma unanimidade ou ainda aceitas facilmente. “Star Wars” foi criada como um faroeste espacial, com mocinhos e bandidos. Rogue One mostra um lado mais oculto e sombrio dessa guerra, um “cinza” entre o lado negro e o lado da luz. Os Jedi estão praticamente extintos, como o final do Episódio 3 te deixa claro. Ou seja, é muito importante assistir pelo menos os episódios 3 e 4 para compreender mais profundamente a história. Mas você como bom padawan cinéfilo e apreciador da cultura pop, vai (re)ver todos os episódios, certo? Inclusive o 7, porque tem a Rey e o BB-8 e porque no final de 2017 teremos o episódio 8. Até o final do filme ainda são mesclados momentos mais mornos com outros de pura adrenalina! Temos a tal Guerra nas Estrelas em sua forma mais concreta e literal, rendendo ótimos momentos.

Algumas considerações sinceras. Vendo os trailers, parece que alteraram um pouco os rumos da história. Principalmente o papel de Jyn e sua função no esquadrão. Ou então quiseram esconder o jogo. O fato é que infelizmente a mocinha da história (na minha opinião) não deve figurar no Hall da Fama no coração dos fãs onde estão a princesa Leia e, mais recentemente, a Rey. Parte em culpa do próprio roteiro, parte por sua intérprete. Não foi o ano da Felicity, que também foi mal em “Inferno”, da franquia do “Código da Vinci”. Nem mesmo numa ceninha à lá Watchmen ela despertou a força alguma consideração maior.  Mas sua falta de empatia é compensada por outros personagens, principalmente nos alívios cômicos. Principalmente o K-2, um dróide imperial reprogramado. Mas não se enganem, esse é um filme de guerra. E filmes de guerra são complexos e com uma aura pesada.

Estou me segurando durante todo esse texto para não entregar spoilers. Mas não posso deixar de citar o meu principal motivo para assistir ao filme, que atende pelo nome Darth Vader. Rever o maior vilão DO cinema NO cinema seria uma das maiores emoções do ano pra mim. E foi! Mas quase não foi! O que eu quero dizer é que ele não é bem o vilão do filmee eu gostaria demais de tê-lo visto mais em cena. Entretanto, seja ou não sua presença um fan-service, só peço que aguardem com toda a ansiedade possível a parte final do filme. Mesmo para os que estavam achando a história meio fraca, os acontecimentos finais não apenas salvam o filme completamente, como o isentam de qualquer erro ou problema encontrado durante sua duração e, de quebra, vai te entregar um dos momentos mais memoráveis de toda a saga.

Última coisa antes de encerrar. Também foi dito com antecedência que Rogue One não teria continuação. Ao término do filme, você tem certeza absoluta disso. E essa é uma ótima notícia, pois conseguiram contar uma história completa, fazer ligações com a saga principal, encaixar uma peça do quebra-cabeças, mas te lembrar que ainda falta muito para terminar de montar esse mosaico.

Finalizando, consigo escapar com classe da pergunta: “é melhor que o episódio X?” com a resposta simples: não posso comparar, já que não é um episódio oficial (apesar de se encaixar perfeitamente como um “Episódio 3.5”). Talvez daqui a alguns anos possamos fazer comparações dentre os filmes derivados, para saber qual a melhor história paralela. É possível que Rogue One seja um bom candidato, mas prefiro torcer para que não esteja no ranking dos melhores, pois isso significa que assim teríamos filmes ainda melhores. Tudo que os fãs exigentes mais querem. Afinal, ainda tem MUITA história pra contar.

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