Crítica: O Poderoso Chefinho (2017) | As aparências enganam, mas às vezes surpreendem!

A Dream Works está à frente do seu tempo. Após lançar sucessos como Shrek, Kung Fu Panda e Trolls, chega às telas a sua mais nova produção: O Poderoso Chefinho. Com um nome que apesar de lembrar o Cult O Poderoso Chefão, este foi mais uma estratégia da tradução brasileira. Devido ao título original ser “The Boss Baby”, então “O Bebê Chefe”, ficaria menos viável, convenhamos. Abordando temas importantes como família, confiança e especialmente amizade entre irmãos, o longa é sem dúvidas uma ótima pedida para quem estiver procurando por um desenho que encante tanto crianças quanto adultos. Clique e venha conferir!

A história acompanha Tim, um garoto que tem tudo de bom: um doce lar, um pai e uma mãe que o amam, enfim, a vida perfeita. Ou seja: pra que um irmão? De repente, um bebê falante que usa terno e carrega uma maleta misteriosa rouba a cena e vira a rotina da família de cabeça para baixo. Não demora muito até que Tim suspeite que ele não é quem diz ser, o que o leva a tentar colher provas de que tem alguma coisa errada. Enquanto isso, o bebê se depara com uma situação inesperada: será necessário unir forças com seu irmão mais velho invejoso, para impedir que um inescrupuloso CEO acabe com o amor no mundo. A missão é salvar os pais, impedir a catástrofe e provar que o mais intenso dos sentimentos é uma poderosa força. Pra começar, enfatizo que esta é uma animação das boas, não somente por agradar ambos o público infantil e adulto (difícil não possuir um carinho especial por tais longas), mas porque a mensagem transmitida por ele é deveras excepcional. Não obstante, em meio a tantos momentos engraçados, o lado emocional da trama invade a cena simultaneamente e contamos com um desfecho satisfatório.

Em seguida, uma das sacadas que o espectador nota é a disputa entre os protagonistas. Existe de certa forma um tom de ironia voltado àqueles que possuírem irmãos caçulas, pois uma vez que durante suas infâncias estes tenham brigado, encarado ciúmes ou lutado por atenção, no fim das contas passaram por poucas e boas, sabendo que conforme o tempo passava, um amadurecimento brotara em ambos os indivíduos e de nada adiantou tanta indiferença na construção do amor fraternal. Dessa forma, a guerrinha que está em jogo aqui tem suas vantagens e desvantagens. Afinal, ao mesmo tempo em que há uma rivalidade sem limites no ar, o bebê se dá conta de que precisa formar uma aliança com seu irmão de um jeito ou de outro. Caso contrário, terá que viver ali para sempre (e isso inclui o elemento-surpresa, que não convém citar aqui, no entanto, é divertido pacas). Vamos ao elenco de vozes: temos Alec Baldwin (Um Homem Entre Gigantes), Jimmy Kimmel (Garfield – O Filme), Lisa Kudrow (Friends) e Steve Buscemi (The Sopranos), atores conhecidos a fundo por nós. Inclusive, outro detalhe curioso é com relação ao realismo que a animação trouxe. Felizmente não houve nenhuma enrolação tediosa, do tipo que não te convence de jeito maneira, não. O resultado prestigiado por Tom McGrath, do ótimo Megamente, é leve e agradável, carregando ainda consigo referências à Missão: Impossível, Mary Poppins e até Elvis Presley.

Outrossim, vale ressaltar um ponto positivo (e cômico) da fita, que foi a tal “reunião” dos bebês espiões. Sério, os mesmos não tramam nenhum plano contra crianças, e sim contra cachorros, pobres criaturas que segundo o “chefinho”, são seus inimigos mortais e o motivo pelo qual estão enfrentando uma crise. É óbvio que quando os pais não estão olhando, eles mostram suas verdadeiras identidades, agora quando menos esperam, os responsáveis observam e chega a hora do improviso, de agirem feito santos, como quaisquer outros bebês normais. Em outras palavras, enquanto travessuras rolam soltas, do ponto de vista do pai e mãe, não há nada de mais. Já pela óptica do espectador, é justamente o oposto. Aliás, é uma estratégia esperta esta de utilizar duas perspectivas distintas. Lembram-se do estouro da bomba dinamite em Lucas – Um Intruso no Formigueiro? São coisas como essas que só acontecem em desenho mesmo. Ademais, contamos com uma cativante trilha sonora, em particular num instante que remete ao momento em que o bebê solta pum com talco, inspirado no vídeo que viralizou na internet há alguns anos. Hilário!

Portanto, com base nos aspectos mencionados acima, independente do que boa parte da crítica anda dizendo, o filme, por incrível que pareça, superou as minhas expectativas e se encontra no patamar de Zootopia – Essa Cidade é o Bicho (eleita a melhor animação no Oscar do mês passado). Se não, até superior. É uma obra envolvente e instrutiva; um entretenimento que não contém aquelas mensagens subliminares, cheias de elementos ocultos que têm o poder de virar polêmica no Brasil em um piscar de olhos (vide as últimas animações da Disney, Procurando Dory e Moana – Um Mar de Aventuras). Recomendado!

Título Original: The Boss Baby
Direção: Tom McGrath
Duração: 97 minutos
Nota:

Confira o trailer abaixo:

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1 Comment

  • Graças, uma crítica decente. Eu não sei como tem gente que diz que esse filme é absolutamente infantil e tedioso para adultos. Para alguns, tudo bem, como tudo na vida, mas dizer que o filme é ruim… Enfim, também me surpreendeu. É tocante se você tem o mínimo de sensibilidade e as referências cinematográficas são ótimas. A propósito, gostei muito do seu estilo de escrita, Eduardo, correto, polido. Parabéns.

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