Crítica: Ao Cair da Noite (2017) | O desconhecido é só uma questão de opinião.

Evolução. É disso que Hollywood é feita. Assim como a lua, o cinema também é resumido em fases, e é justamente no campo do horror psicológico que ‘Ao Cair da Noite’ se posiciona. O longa, dirigido por Trey Edward Shults (‘Krisha’) e estrelado por Joel Edgerton (‘Êxodo – Deuses e Reis’), chega aos cinemas nesta semana e sem dúvidas dividirá a opinião do público. Afinal, sabe aquele filme diferente, que você se sente incomodado só assistindo o trailer? Pois bem, é este o caso. De fato, o clima de tensão criado pode até ser sido muito bem construído em cima da história. Contudo, ele peca em detalhes tão cruciais que, em minha opinião, o impedem de ser eleito o melhor terror do ano. Curioso? Vem comigo e saiba mais!

Na trama, Paul (Edgerton) mora com sua esposa Sarah (Carmen Ejogo) e o filho Travis (Kelvin Harrison Jr.) numa casa solitária e misteriosa, mas segura, até que chega uma família desesperada procurando refúgio. Aos poucos a paranoia e desconfiança vão aumentando e Paul vai fazer de tudo para proteger seu lar contra algo que vem aterrorizando todos. Realmente, a obra carrega consigo uma história nebulosa, cuja essência da atmosfera consegue a todo o momento te deixar grudado na poltrona e te fazer formular muita teoria sobre o que está acontecendo naquele ambiente. Entretanto, ela comete o seguinte erro no final: deixar muita coisa para que o espectador tire as suas próprias conclusões. Afirmo que eu particularmente não gosto muito quando assim acontece, porque quando a mesma assim o faz, fico pasmo. Então diria que ao contrário de ‘A Bruxa’ (que também tive minhas desavenças), este não teve o fim que merecia, ou pelo menos o que eu bem esperava.

Só pra constar, a despeito do simbolismo ser algo preservado pela A24 Films, a ideia até deu certo em ‘Sala Verde’, mas falhou em ‘The Blackcoat’s Daughter’. Sendo assim, fica até difícil definir em qual das 2 opções ‘It Comes at Night’ se enquadra. A única coisa que posso dizer com relação ao seu horror psicológico é que ele não atendeu à todas as minhas expectativas – uma vez que se trata de um thriller inteligente, diferente dos outros – no entanto isso não significa que tenha tenha decepcionado do começo ao fim. Do meu ponto de vista, a atuação de Travis (o filho), por exemplo, foi um ponto positivo no que diz respeito à parte dramática, fazendo-nos refletir sobre o seu comportamento e a sua reação para com os temores da dita “presença maligna” que assombra a casa. Já as demais performances estão na média, vide Joel Edgerton, cuja condução sob seu papel é incrível e ele interpreta um pai zeloso, que não mede esforços para garantir a segurança do seu bem mais precioso: a família. Além disso, não nego que as atitudes de Sarah (a mãe) às vezes me causavam revolta, só que isto acaba sendo compreensível, visto um aspecto macabro que não me atrevo a mencionar aqui de jeito nenhum.

Falando sobre a fotografia, a iluminação foi um forte contribuinte para o suspense psicológico, pairando tanto em cenas mais escuras quanto nas da luz do dia. Destaque ainda para a arrepiante trilha sonora. O compositor Brian Mcomber (‘Krisha’) está de parabéns, com faixas tensas que recordam inclusive as sombrias sinfonias de ‘The Witch’ e aos poucos vão nos deixando mais e mais enervados. Por outro lado, senti falta de uma conclusão lógica ao longo de sua duração, que gira em torno de 1 hora e meia. Logo, embora muito do que aconteça ali não é devidamente explicado ao telespectador, há cenas que, ao mesclarem ficção e realidade, felizmente se mostram imprevisíveis diante do rumo tomado pelo roteiro. Ressalto novamente: ele começa muito bem, e até a metade o ritmo lento não será problema nenhum; no meu caso, só havia levado um único (e caprichado) susto tramado pelo diretor. Todavia, a adversidade está nos último minutos.

Ademais, é provável que assim como ‘A Bruxa’, muita gente vai detestar o fato de ‘Ao Cair da Noite’ ter deixado em aberto respostas essenciais para um gran finale excepcional. Apesar disso, enfatizo que ao menos o que vale é a adrenalina provocada pela nefasta atmosfera, porque uma boa estratégia dos produtores inclusive foi evitar o chavão sobrenatural, focando inteiramente na árdua tensão. Portanto, ao contrário da inutilidade em tentar desvendar um mistério insolucionável, não hesito em aconselhar a você, querido leitor, que o confira estando ciente de que a medonha conclusão do filme, pode não ser das melhores, posto que a mesma lança inúmeras incertezas nas entrelinhas. Em suma, fica a nosso critério amar ou odiar, mas sobretudo, deduzir o que se sucede após os créditos finais. Acredite, real é tudo o que você não vê!

Título Original: It Comes at Night
Direção: Trey Edward Shults
Duração: 91 minutos
Nota:

Assista ao tenso trailer:

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