Crítica: Amityville – O Despertar (2017) | O terrorzinho básico em uma sequência mais do mesmo.

Hollywood não tem limites quando se trata de sequências/refilmagens, especialmente no campo do terror. Até onde se sabe, o gênero passa por uma fase decadente (salvo alguns feitos de terror psicológico, como A Bruxa e Corra!, por exemplo), com projetos cujo teor subestima a paciência dos fãs, bem como contrapõe a opinião dos demais. É o que se pode dizer de Amityville: O Despertar. O longa, dirigido por Franck Khalfoun, é a sequência do macabro filme de 2005 e tem no elenco estrelas como Bella Thorne, Jennifer Jason Leigh e Cameron Monaghan. Após inúmeros adiamentos e quase que um suposto lançamento direto em Home Video – sem mencionar o seu possível cancelamento –, a película finalmente chega hoje aos cinemas brasileiros, fazendo com que muitos telespectadores, sem sombra de dúvidas, pensem duas vezes antes de conferi-lo, por motivos óbvios: já que a obra em si já conta com um clássico intocável de 1979 + a continuação de 1982 e o remake de 2005 e no que diz respeito a questão da necessidade, se era mesmo preciso ter investido na franquia X. Logo, a menos que você faça parte do público-alvo (formado por pessoas que não se incomodam com temidos clichês e furos), creio que a fita a seguir pode não ser a dica mais viável para o seu fim de semana. Curioso? Então fique comigo e entenda o porquê!

Na história, a jovem Belle, sua irmã mais nova e seu irmão gêmeo em coma se mudam para uma nova casa com sua mãe solteira, Joan, para guardar dinheiro para pagar pelo caro tratamento do jovem. Porém, quando estranhos fenômenos começam a acontecer na casa, incluindo a milagrosa recuperação de seu irmão, Belle começa a suspeitar que sua mãe não está dizendo toda a verdade e logo percebe que eles se mudaram para a infame casa Amityville, cenário que foi palco de um terrível assassinato há muito tempo atrás.

Primeiro de tudo, tenhamos em mente que não estamos falando de um filme de terror qualquer, visto que o mesmo é inspirado em acontecimentos reais. Então, convenhamos, tal detalhe muda completamente a visão de quem assiste, não acham? Em tempos onde Invocação do Mal, Annabelle e O Exorcista parecem ter assumido o posto de obras baseadas em histórias verídicas, eis que um novato surge em cena, e com um enredo pra lá de mórbido. Apesar dos visíveis furos aqui e outros chavões ali, o roteiro demonstra saber disso, porque ao longo da projeção – que gira em torno de 1 hora e meia – ele nem se importa em ir declinando aos poucos. Admito, houve certas horas onde as piscadas longas pareciam falar mais alto do que as vozes que gritam “kill them all”, mesmo que o silêncio mortal que pairava indicasse justamente o contrário. Inclusive, todos sabemos como é ruim quando ocorre a ausência da trilha sonora dentro de um filme de terror (o mesmo se aplica ao foco da câmera em lugares escuros), porque isso só aumenta a apreensão da plateia, alertando a mesma de que o pior está por vir.

Falando um pouco das atuações, temos a linda Bella Thorne (Juntos e Misturados) como protagonista, interpretando típica jovem rebelde que se muda com a família para uma casa nova em outra cidade e logo vê a sua vida virar do avesso, seja por influências sobrenaturais ou não. Confesso que gosto da Thorne, acho seus papéis um tanto seguros e creio que a atriz tem grandes chances de crescer no cinema, contanto que se arrisque em produções maiores e não se limite apenas a séries teens (vide ScreamFamous in Love) ou suspenses/horrores de segunda (Fica Comigo e, no caso, este aqui).

Sobre as atuações, contamos ainda com a presença de Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados), como a mãe de família neurótica, que zela ainda mais pelo tratamento do filho, James (cuja performance de Cameron Monaghan nos dá cada calafrio, afinal, não é à toa que ele vem surpreendendo a todos com seu desempenho monstruoso em Gotham). Não obstante, a atriz mirim Mckenna Grace (Um Laço de Amor) rende um dos instantes mais sinistros do filme, composto por uma cena que se passa de madrugada (aliás, fiquem atentos às referências de 03:15 da manhã), onde a câmera se estende num ponto de visão que começa em cima da cama da menina e vai se aproximando aos poucos pra dentro do closet. Tem cabimento?

Agora, se tem uma coisa que me deixou mais pasmo (e ao mesmo tempo irritado) do que a cena do armário foi o segredo por trás da motivação que Joan na verdade teve. Tudo bem, ela pode até ter mencionado o fato de eles estarem morando perto da tia Candice – incorporada pela linda Jennifer Morrison (Once Upon a Time) para ajudar a tratar o garoto enfermo. Contudo, existe um detalhe sombrio (e meio tosco) nessa história, e mesmo que não convenha mencioná-lo aqui, a reação do telespectador diante de tal revelação será na pior das hipóteses, inusitada. Além disso, interessante que Belle não deixa de estar envolvida na trama com detalhes sórdidos que o trailer felizmente soube esconder. Ela é a raiz do problema e razão pela qual a situação chegou ao ponto que se encontra. Garanto que quando ela conta tudo que seus amigos precisam saber, o público irá adquirir interesse pra saber como aquilo há de acabar!

Ademais, o filme termina por ser um terror “água com açúcar”, que não assusta na mesma proporção que seu antecessor e, ainda que esteja repleto de cenas que se alternam entre ficção e realidade (sim, haja sangue quente pra aguentar o clima de tensão criado pela atmosfera), ele realmente ficou devendo. Quem acompanha as minhas críticas sabe que, como sendo um cinéfilo generoso, minhas avaliações são quase sempre positivas, mas sinceras. Em outras palavras, é a 1ª vez que classifico um filme com uma nota abaixo de 6 (até hoje essa média pertencia a A Torre Negra e, antes dele, Monster Trucks). Portanto, se me permite te dar um valioso conselho, caro leitor, só o confira nas telonas se lhe convier. Do contrário, economize seu dinheiro para estreias de terrores posteriores, como Mãe! ou A Morte te dá Parabéns!, pois Amityville: O Despertar não contém nada que você já não tenha visto antes. Esquecível!

Título Original: Amityville: The Awakening
Direção: Franck Khalfoun
Duração: 85 minutos
Nota: 

Assista ao trailer:

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